As cooperativas de “proteção automotiva” oferecem o mesmo que as seguradoras. Mas costumam sumir com o dinheiro dos “cooperados”.
O dono de um automóvel sempre protegeu seu patrimônio numa seguradora. Mas surgiu recentemente uma novidade na praça, as cooperativas que se auto-denominam “clube de proteção automotiva”…
Para contratar uma seguradora, o proprietário recebe de uma corretora credenciada alguns orçamentos para a emissão da apólice. Ele opta pela que melhor atende aos seus interesses e paga a apólice que protege o carro durante um ano.
Na “cooperativa”, o dono do carro se associa a um grupo e paga uma pequena taxa mensal. Mas, além dela, a entidade emite mensalmente um boleto de valor variável que representa o rateio, entre os cooperados, de todas as despesas efetuadas no mês anterior para reparar os automóveis acidentados ou indenizar veículos roubados, incendiados ou que tiveram “perda total”. As cooperativas oferecem, a rigor, a mesma proteção que as seguradoras, mas cobram um valor em geral inferior ao de uma seguradora, o que vem a ser o maior atrativo destas associações.
No frigir dos ovos, uma cooperativa não passa de uma seguradora disfarçada de “clube de proteção”. E, teoricamente, até poderiam proteger seus associados. Mas, na prática, existem várias irregularidades e ilegalidades na operação. Para começo de conversa, elas não são (como as seguradoras) fiscalizadas pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão do Ministério da Fazenda responsável pelas normas e legislação específica do setor. As cooperativas não possuem uma verba provisionada para fazer face às suas despesas e, sem fiscalização, seu risco de insolvência é grande.
O valor variável mensal da contribuição é calculado sobre as despesas do mês anterior, mas não há fiscalização objetiva das prestações de contas. Fosse de fato uma associação ou clube, como alegam, deveriam realizar assembleias regularmente para se tomar decisões.
Dezenas destas cooperativas sumiram com o dinheiro dos cooperados, que, ao procurá-las para solicitar a indenização a que tinham direito, bateram com o nariz na porta e não conseguiram sequer descobrir o paradeiro de seus “diretores”. Outras foram denunciadas e a polícia se encarregou de encerrar suas operações. Elas são criadas como entidades “sem finalidade lucrativa”, uma assertiva sujeita a chuvas e trovoadas.
Seu funcionamento já foi considerado ilegal pela Justiça, mas elas se defendem com algumas decisões favoráveis à operação. Muitas funcionam e são honestas, mas a imagem do sistema no mercado é a pior possível, pois existem centenas de queixas de motoristas lesados neste esquema.
Outro problema grave destas “cooperativas” é que, para pagar um mínimo pelo reparo e sobrar um máximo para o bolso de seus diretores, quando o carro de um associado é acidentado, ela o envia para oficinas de péssima qualidade. O resultado são dezenas de reclamações de serviços que não atendem a um padrão mínimo de qualidade.
Alguns destes clubes operam legalmente, prestam uma série de serviços aos associados e, adicionalmente, um seguro de proteção ao seu veículo através de uma apólice coletiva junto a uma seguradora.
Difícil é separar o joio do trigo e descobrir quem é quem neste emaranhado de associações e clubes que atuam sem fiscalização apesar de manipular o dinheiro dos associados. E são centenas deles que pipocam em todo o país por serem altamente lucrativos.
Uma das vantagens das cooperativas é atender automóveis normalmente rejeitados pelas seguradoras (mais de dez anos de fabricação) e não estabelecer perfil do segurado para estipular o valor da proteção, já que o custo do reparo, qualquer que seja, será rateado entre os associados. As companhias de seguro, preocupadas com a “concorrência” que se alastra, está criando um seguro “popular” para atender este público.
BF