Depois de uma primeira semana onde o uso do Jeep Renegade Longitude Diesel 4×4 foi preponderantemente em rodovia (a “olímpica”viagem ao Rio de Janeiro, lembra?), esta segunda semana trouxe o exato oposto, sob a forma de quilômetros rodados exclusivamente nas vias urbanas da complicada cidade de São Paulo. Este estreito convívio pode ser quantificado em números: nos últimos sete dias dirigi exatas 20h28min19s a uma média horária de miseráveis 17,8 km/h. Na hora do abastecimento, a indicação do consumo pelo computador de bordo mostrou 8,2 km/l, número praticamente idêntico ao obtido pela continha “na unha” (que sempre faço. pois creio em bruxas…), que resultou em equivalentes 8,16 km/l. Bom o consumo e preciso o computador de bordo, mas não foram apenas estas as constatações deste período com o Renegade. Então, a elas…
O primeiro modelo da lendária marca Jeep fabricado em sua nova fase no território nacional é, como comprovam os números de venda, um sucesso. Não sei como se dá a divisão entre os Renegade equipados com motor flex gasolina/áloool, o 1,8 litro batizado de E.TorQ, e aqueles com o 2,0 diesel made in Italy, mas certamente a proporção é brutalmente favorável aos 1,8-L, simplesmente por ser tal motor que está nas versões mais em conta do Renegade, as que partem de 70 mil reais. No entanto, o fato de este Teste de 30 dias estar sendo feito com uma versão mais cara e rara — custa pelo menos 30 mil reais a mais levar o motor que bebe óleo diesel, sempre associado a caixa automática de 9 marchas — não atrapalha no julgamento da essência do modelo, essência esta que, acredite, é bem adequada ao uso na cidade.
Primeiro fator favorável: o tamanho. O Renegade parece ser maior do que efetivamente é, mas no embate com as frestas da cidade entendi que ele é razoavelmente compacto. Aliás, conferindo os números de comprimento x largura x altura descobri que ele praticamente empata em dimensões com o Ford EcoSport. Se em tamanho o Renegade do teste não se diferencia dos mais baratos, em detalhes auxiliares, sim, pois há vários sistemas que ajudam muito nas tarefas urbanas e o Parksense é um deles. Por intermédio de sensores instalados nos quatro cantos fui avisado da proximidade de obstáculos a todo momento.
Legal? Mais ou menos: um senão vem do incômodo sinal sonoro que acompanha o eventual perigo. Na tela central é possível regular o volume, mas mesmo no mais baixo deles o sinal é excessivo. No Renegade de teste aboli o apito mexendo nas configurações, mas preferiria ter apenas reduzido o volume a um nível bem baixo, coisa impossível. Me restou, assim, apenas a visualização na tela de LCD no centro dos instrumentos, que por meio de cores avisa quão próximo está o obstáculo. E se ele está atrás do veículo, há a câmera (Parkview, na linguagem Jeep) cujas imagens aparecem no centro do painel para salvar a pátria. Há também o sistema que alerta a presença ou aproximação lateral de outro veículo, que acontece por meio de uma luzinha amarela no canto superior dos espelhos retrovisores externos e alerta sonoro. Neste caso é possível optar apenas pela luz, deixando o apito mudinho. No caso dos sensores de estacionamento, pode se escolher os níveis “alto”, “médio” e “baixo”. Infelizmente mesmo “baixo”, como dito, é excessivamente alto. Solução: acionar a tecla no centro do painel que desliga o sistema. Melhor seria calar só o apito.
Estes auxílios eletrônicos são opcionais, e se eu fosse comprar um Renegade os dispensaria, uma vez que a visibilidade geral não é ruim. Falei de espelhos retrovisores, dos externos, e estes são muito adequados, nem exageradamente grandes, nem modestos demais. Outra qualidade para uso na cidade é que eles rebatem eletricamente (mais um opcional), tanto para trás como usual em diversos carros, como para a frente, que para mim é uma novidade bem-vinda. Obviamente, a regulagem dos espelhos é elétrica também. Neste tema, visibilidade, qualquer Renegade caro ou nem tanto oferece algo incomum atualmente, que é a exata definição de onde a frente termina. Isso acontece graças às formas quadradas, que permitem ver onde o capô termina, e onde ele termina, o carro termina também…
Quanto ao retrovisor interno, fotocrômico (outro opcional…), a visão oferecida é correta apesar do vidro traseiro não ser exatamente amplo, tendo uma forma que lembra a viseira de um capacete, curvado para os lados. Em termos de visibilidade, portanto, o Renegade se coloca em nível adequado apesar das mencionadas (no texto anterior) colunas de dimensão robusta e isso, para uso na cidade, é especialmente bom.
Outro item que ajuda ao motorista do Renegade no vai e vem urbano é a eficácia do conjunto motor+câmbio da versão testada. “Coloque em D e relaxe” poderia ser um aviso no manual do proprietário ou no próprio painel assim que se aperta do botão de partida, já que o nosso Jeep veio com o opcional chave presencial e, portanto, a partida se dá não virando a chave, mas apertando o botão que fica na coluna e não no painel. Uma vez colocado em D o câmbio de nove (!) marchas faz seu trabalho de modo imperceptível e a única estranheza vem do já mencionado fato que ele sempre parte em 2ª marcha e que a rotação, mesmo em trechos planos e sem haver pressão no pedal de acelerador, dificilmente fica abaixo da marca das 2 mil rpm.
E não adianta tentar passar as marchas via alavanca ou borboleta, pois o câmbio não aceita. Caso você queira brincar de passá-las, basta trazer a alavanca para a esquerda que o “D” some do painel e aparece um pequeno número da marcha engatada, porém o giro jamais ficará abaixo dos 2 mil.
Nas saídas dos semáforos sente-se um ligeiro retardo na resposta do acelerador, fruto do sistema de superalimentação no qual a turbina precisa girar para oferecer volume de ar suficiente para o motor empurrar a não indiferente massa de mais de 1,6 tonelada. Felizmente esse retardo não surge nas retomadas, pois a resposta do motor (que está sempre a 2 mil rpm no mínimo) ao afundar o pé é vigorosa e imediata.
A típica rumorosidade dos motores Diesel é contida pelo bom tratamento fonobsorvente. Já quanto às vibrações, com o carro parado e câmbio em “D” a cabine é invadida por um ligeiro tremor, que incomodará aos mais sensíveis ou ignorantes sobre as características intrínsecas aos motores diesel, mesmo os de última geração como é o caso do MultiJet que equipa o Renegade. Nesse convívio urbano desta semana descobri que, passando a alavanca para “N” a vibração praticamente some.
Um detalhe a ser levado em consideração pelos candidatos a dono do Renegade Diesel é de ordem olfativa: o cheiro que sai do escapamento de veículos movidos a óleo é sempre mais incômodo que o expelido pela queima da gasolina ou álcool, e nesta semana descobrimos também que dar marcha a ré com o teto basculado não é uma boa ideia, pois a cabine é invadida pelo fedor.
O que mais mencionar sobre o Renegade nesta semana de uso citadino? Que a chave presencial é um opcional bem desejável, menos pelo aspecto bobinho que é ligar o carro apertando um botão e mais para chegar no carro estacionado e rapidamente estar dentro dele, uma vez que não é preciso apertar botão nenhum, pois basta atuar na maçaneta para o carro se destravar. Outro bom aspecto vem das portas, que são pesadas mas abrem e fecham facilmente, e se mantêm abertas mesmo com o carro estacionado em ruas íngremes e frente apontada para o topo. A abertura da tampa do porta-malas também é fácil, apesar do botão estar na borda e não na altura da iluminação da placa, onde seria mais usual. E sobre o porta-malas, o teste do supermercado o promoveu: não é amplo, mas tem formato regular e o piso está alinhado à porta, o que facilita a ação de carregá-lo.
E para a semana nº3, qual o plano? Levar o Renegade a fazer um pouco de off-road. Nada muito radical, apenas procurarei um piso suficientemente ruim para avaliar a tração 4×4 e suas diversas opções, assim como o curso das suspensões e a capacidade de superar obstáculos mais graúdos do que valetas e lombadas paulistanas, coisa que ele tirou de letra.
RA
Jeep Renegade Longitude Diesel
Dias: 14
Quilometragem total: 1.334 km
Distância na cidade: 480 km (36%)
Distância na estrada: 854 km (64%)
Consumo médio total: 11,2 km/l
Melhor média: 15,0 km/l
Pior média: 7,0 km/l
Média horária: 35,9 km/h
Tempo total ao volante: 37h08min24s
FICHA TÉCNICA JEEP RENEGADE LONGITUDE DIESEL | |
MOTOR | |
Denominação | 2.0 MultiJet II 170 cv 948TE |
Descrição | 4 cilindros em linha, diesel 4-tempos, arrefecido a líquido, superalimentado por turbocompressor com interresfriador |
Localização e posição | Dianteira, transversal |
Combustível | Diesel S-10 |
Taxa de compressão | 16,5:1 |
Diâmetro dos cilindros/curso dos pistões | 83 x 94 mm |
Cilindrada | 1.956 cm³ |
Potência máxima | 170 cv a 3.750 rpm |
Torque máximo | 35,7 a 1.750 rpm |
Material do bloco/cabeçote | Ferro fundido/alumínio |
Localização da árvore de comando de válvulas | Cabeçote |
N° de árvores de comando de válvulas / acionamento | Duas, correia dentada |
N° de válvulas por cilindro / localização / atuação | Quatro, cabeçote, indireta por alavancas-dedo |
Formação de mistura | Injeção direta common-rail Bosch, pressão de injeção 1.600 bar |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio/rodas motrizes | Automático epicíclico de 9 marchas à frente e uma à ré, 4 rodas motrizes com traseiras sob demanda, comando pela alavanca seletora e borboletas |
Relações das marchas | 1ª 4,70:1; 2ª 2,84:1; 3ª 1,91:1; 4ª 1,38:1; 5ª 1,00:1; 6ª 0,81:1; 7ª 0,70:1; 8ª 0,58:1; 9ª 0,48:1; ré 3,80:1 |
Relação dos diferenciais | 4,334:1 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Independente McPherson, braços transversais, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira eletroassistida |
Diâmetro mínimo de curva | 10,8 metros |
FREIOS | |
Servoassistência/tipo | Sim/bomba de vácuo |
Dianteiros | A disco ventilado, Ø 305 mm |
Traseiros | A disco, Ø 278 mm |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio, 7Jx17 |
Pneus | 215/60R17 |
CARROCERIA | |
Construção | Monobloco em ação, suve, 4 portas, 5 lugares |
DIMENSÕES EXTERNAS | |
Comprimento | 4.242 mm |
Largura sem/com espelho | 1.798/2.018 mm |
Altura | 1.716 mm |
Distância entre eixos | 2.570 mm |
Bitola dianteira/traseira | 1.550/1.552 mm |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h | 9,9 s |
Velocidade máxima | 190 km/h |
DADOS OFF-ROAD | |
Ângulo de entrada | 29,7º |
Ângulo de saída | 32,3º |
Ângulo de rampa | 21,5º |
Altura livre entre os eixos | 218 mm |
Distância mínima do solo | 195 mm |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (INMETRO/PBEV) | |
Cidade | 9,4 km/l |
Estrada | 11,5 km/l |
Capacidade do tanque | 60 litros |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha | 1.636 kg |
Carga útil | 400 kg |
Peso rebocável sem/com freio | 400 kg/1.500 kg |
Capacidade do porta-malas | 260 L/1.300 L com banco tras. rebatido |
Tanque de combustível | 60 litros |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 9ª | 65,4 km/h |
Rotação do motor a 120 km/h em 9ª | 1.830 rpm |
Rotação do motor à velocidade máxima em 8ª | 3.675 rpm |