![Autobahn 1](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2014/09/Autobahn-1-540x366.jpg)
O assunto velocidade, limite, radar, “pardal”, multa está mesmo na ordem do dia. Limites impostos pela autoridade sobre a via raramente sobem, praticamente sempre descem. Sempre me pergunto se essa prática de impor limites, com penalização pesada, aqui e no mundo todo, faz sentido.
A Alemanha — sempre ela! — nos dá um bom exemplo, que é o tráfego nas suas fantásticas autoestradas que têm o nome quase mágico para nós, na língua de Goethe: Autobahn e seu plural Autobahnen.
Nelas a velocidade é ilimitada, isso querendo dizer que se anda a quanto se quiser, no sentido estrito da palavra. O alemão ou quem visite o país pode pegar seu carro veloz e viajar à velocidade que desejar. Simples, não? Mas há um detalhe: existe velocidade máxima recomendada, que é de 130 km/h. Ai do motorista se provocar um acidente (ficando provado, naturalmente) em velocidade superior à recomendada. Por aí se vê a seriedade com que os alemães tratam o assunto trânsito — e outros também, a última Copa do Mundo de Futebol está aí como exemplo, inclusive o festival de gols contra a seleção brasileira.
Tenho visto, e o leitor possivelmente também, nas estradas brasileiras placa de limite de velocidade combinada com mensagem abaixo delas dizendo “Velocidade de segurança”. Já andei estudando a sinalização de trânsito e nunca vi menção ou explicação desse aviso. Imagino que seja algo parecido com a velocidade recomendada das Autobahnen e que por isso mesmo não pode, ou não poderia, ensejar autuação. Mas vou continuar procurando, pois é no mínimo curiosa tal informação abaixo da placa de velocidade máxima permitida.
Por outro lado, é inegável que o sistema de limite de velocidade e seu controle, hoje muito facilitado pelos recursos da eletrônica, constitui um grande “reforço de caixa” de governos de todos os níveis de administração, não só aqui, mas no mundo todo.
![Cop antigo](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2014/09/Cop-antigo.jpg)
Acredito que essa “perseguição à velocidade” seja um atavismo, gerado lá atrás, no início do século 19, com a popularização crescente e incessante do veículo automotor, mais o automóvel. veículo que trafegava bem mais rápido que os de tração animal. Para muitos era assustador, ameaçador, daí gerando limites de velocidade e fiscalização.
Sempre imagino um cenário em que todas as ruas, avenidas e estradas tivessem limite de velocidade recomendado e que motoristas os observassem, podendo entretanto excedê-lo sabendo das conseqüências se viesse a provocar um acidente ou atropelar alguém, tal como nas Autobahnen. Creio não haver melhor educação, por condicionamento, do que isso.
Hoje o controle está tão desenvolvido que os mapas dos navegadores GPS incluem o limite da via onde o carro está trafegando. Virou uma espécie de “guerra” entre motoristas e autoridade de trânsito sobre a via. Uma guerra travestida de indústria da multa e que tira a atenção do que realmente deve ser observado por quem dirige, que é o tráfego no qual o carro está inserido, a tal visão de conjunto, pois hoje todos hão de concordar que se passa muito tempo consultando o velocímetro para evitar uma multa.
É mais do que sabido por quem estuda trânsito que vias têm sua velocidade natural, aquela em que se imprime velocidade que pareça adequada para a situação sem necessidade de consultar o velocímetro. Inclusive, em países de trânsito levado a sério, usa-se o método 85 percêntil. pelo qual motoristas voluntários trafegam com o velocímetro tapado e se medem as velocidades que imprimem, achando-se como velocidade adequada a que 85% emprega, assim determinando o limite da via. Tanto que quando se dirige nesses países, ao trafegar normalmente e dar uma espiada no velocímetro, está-se exatamente no limite.
Estudo numa Autobahn mostrou que a velocidade média num determinado trecho era de 142 km/h, prova da tal velocidade natural da via. Aqui, na maioria das autoestradas de 120 km/h, 130 km/h é perfeitamente natural.
Tudo isso leva a uma conclusão, a de que é possível chegar a uma real (e duradoura) educação do motorista, o caminho lógico e certeiro para a erradicação desse grande mal do trânsito brasileiro que é o dejeto viário chamado lombada.
BS