Alguém pode achar que estamos falando demais sobre o Renault Mégane R.S.. Mas tenho dois pontos com relação a isso. Primeiro, tivemos a chance de ficar um tempo mais prolongado com esse carro especial. E segundo, essa matéria acabou usando o Mégane como pretexto para falar da essência do AUTOentusiastas, o entusiasmo.
Para aqueles que estão chegando agora, essa matéria começou aqui: R.S Entusiasmo. O AUTOentusiastas tem aproximadamente 100.000 leitores, que também podemos chamar de amigos, que nos seguem com regularidade. No entanto, apenas 4% nos acompanha no Instagram, 7% no Facebook e 5% no YouTube. E agora, nessa parte final da matéria, a idéia é registrar os momentos que foram compartilhados em tempo real pelo Instagram do Ae durante a viagem de São Paulo a Joanópolis feita para recarregar o meu autoentusiasmo, de maneira começar 2015 com mais disposição para os desafios a serem enfrentados.
Durante essa viagem compartilhei alguns de nossos “segredos” revelando lugares onde avaliamos os carros, onde costumamos nos encontrar e também falando sobre sensações que dificilmente conseguimos dividir. A idéia original não era bem fazer muitos registros em vídeo. Mas no final achei que o o material ficou legal para mostrar um pouco mais a nossa “intimidade”. E escolhemos um domingo para colocar a matéria na rede justamente para sua leitura poder ser aproveitada com tranqüilidade e assim carregar ainda mais o entusiasmo de cada leitor.
Do meu lado foi uma experiência muito gratificante, pois tive a chance de passar bons momentos com o MAO e também ter a companhia de alguns leitores que seguiram a viagem. Agora inicia-se a seqüência de fotos que foram postadas no Instagram em tempo real durante o passeio. Depois das fotos eu volto com mais alguns comentários, uma participação muito especial do amigo MAO, e finalmente os vídeos.
Aqui vale uma pausa.
No vídeo mais abaixo falamos do GT86 em dois momentos e a comparação é inevitável. Ambos os carros são feitos para que realmente faz questão do prazer de dirigir. E o prazer de dirigir vai além de ter um carro bacana. Claro que podemos sentir prazer ao dirigir praticamente qualquer carro dependendo das condições. Mas alguns carros são desenvolvidos e projetados com o foco no prazer. O Mégane R.S. é visceral! Ele se transforma em um monstro assustador muito facilmente. Seu motor 2-litros turbo é o principal culpado disso.
E falar apenas da potência máxima de 265 cv não revela toda a verdade sobre ele. Muito mais importante do que a potência é como ela se inicia a partir do momento em que o ar é soprado para os cilindros, a gasolina é injetada nessa torrente de ar pressurizado, misturam-se, a mistura é comprimida pelos pistões, uma centelha a faz se inflamar gerando a alta expansão e pressão que empurra os pistões e estes, através das bielas, movimentam o virabrequim para gerar a potência que chegará às as rodas motrizes dianteiras via transmissão.
E no Mégane isso acontece de um jeito extremamente sensorial. O som, o ar sendo soprado sob pressão, a resposta imediata do pedal do acelerador (zero lag), a suavidade dando lugar à aspereza, a pressão do encosto do banco nas costas, o volante ficando um pouco mais leve, o som do escapamento aumentando e a paisagem se desfazendo na visão periférica, são elementos que compõem isso que chamo de essência do prazer. O GT86 também apresenta tudo isso, e com um diferenciador importante, a tração traseira, que altera a nossa percepção de como o carro está em contato com o solo.
Não vou perder tempo tentando traduzir isso. Nós simplesmente sentimos que estamos sendo empurrados! Mas os 65 cv que separam o R.S. do GT86 fazem muita diferença. E é claro que o GT86 é um carro fantástico, é um carro esporte na essência, baixo, com uma posição de pilotagem bem mais adequada, com a alavanca do câmbio bem próxima e respostas muito rápidas também. Não é muito uma questão de falar qual dos dois é melhor. Ambos são fontes de prazer, na essência. O MAO também vai falar sobre eles em algum momento, em outra matéria.
Antes de prosseguir faço mais uma pausa. Alguns leitores me perguntaram pelas redes sociais sobre como o R.S. se compara com o GTI. Primeiramente, acho que não fui completamente entendido na minha avaliação do GTI. Ele é um carro fantástico, feito para entusiastas. Mas é feito também para não entusiastas. O GTI é um tecno boy. O R.S. é um bad boy. A escolha depende um pouco do seu estilo.
O leitor Davi Reis tentou explicar de um jeito que eu gostei: “Acho que o GTI é precisão e o R.S. é emoção. Não que o GTI não emocione e o R.S. não seja preciso, mas a idéia é mais ou menos essa”. Apesar do GTI ter um status de mito. acho o R.S. mais verdadeiro em relação ao autoentusiasmo. Qualquer pessoa facilmente teria um GTI se possível. Mas só os autoentusiastas natos (de coração) teriam um R.S..
Depois de pousar na casa do MAO, acordei cedo no dia seguinte e voltei para São Paulo totalizando 690 km com o R.S.. Essa volta também foi bastante divertida e pude curtir vários momentos de entusiasmo na essência que se misturavam com lembranças de 2014 e do dia anterior. Acho que muitos sabem o tipo de sensação positiva da qual estou me referindo. É um espécie de estado de plenitude que só se alcança em poucas ocasiões. E também, nesse estado mais tranqüilo, pude fazer fotos adicionais.
Como o MAO foi um companheiro na viagem e alguém que realmente sente o autoentusiasmo como eu, e que também achou o R.S. sensacional ao dirigi-lo, pedi para ele escrever algo sobre entusiasmo certo de que o resultado seria algo tocante. Aí está! Eu não tenho vergonha alguma de dizer que me arrepiei quando li.
ENTUSIASMO
Por Marco Antônio Oliveira
en.tu.si.as.mo
1 Excitação da alma quando admira excessivamente. 2 Arrebatamento. 3 Paixão viva; dedicação. 4 Alegria ruidosa. 5 Exaltação criadora que torna sublimes os poetas, os artistas e os oradores. 6 Inspiração.
Praticamente toda definição que se faz da palavra “Entusiasmo” remete a algo divino.
Trata-se de um conceito realmente difícil de se explicar em termos lógicos, uma característica realmente sobrenatural, e portanto, profundamente humana.
A vida, afinal de contas, não pode ser explicada pela lógica. A lógica apenas explica o porquê das coisas, nunca seu significado. O homem precisa acreditar que sua vida faz algum sentido, que existe para algum propósito, ou o existir se torna vazio e deprimente como uma reunião de viciados em crack. O poeta americano Oliver Wendell Holmes certa vez disse que “É apenas fé em algo, e entusiasmo em algo, que faz a vida valer a pena”.
Por isso agradeço todos os dias ao Senhor por ter me abençoado com ambos. A fé nos faz ter a certeza de que tudo acabará bem, nos conforta e nos dá a coragem para continuar. E o entusiasmo nos move para frente, nos faz melhores, mais felizes, mais sábios, mais úteis.
E não há explicação lógica para o aparecimento do entusiasmo; eu nasci com uma paixão incrível por automóveis, tenho certeza. Não é algo que aprendi, não é algo que escolhi: alguém me abençoou com um propósito na vida, um norte. Não é algo que posso escolher deixar de lado, é algo que vem de algum lugar sem possibilidade alguma de ser impedido.
E que alegria é ter nascido assim! Me deu vontade de aprender, me fez ler muito, criando um hábito saudável que fez muito para meu crescimento, e que ainda me proporciona prazer fácil, profundo, e acessível. Me fez escolher facilmente uma profissão, a de engenheiro automobilístico, e viver com minha escolha mais tranquilamente, atento a um propósito maior, que é fazer automóveis. Mesmo quando tudo parece nublado e o trabalho parece apenas produzir papel.
Me deu amigos com interesse mútuo, gente com que conversar todo dia, conversa de verdade com profundidade e detalhe, que faz a gente pensar, aprender, e de novo melhorar como pessoa. Me faz sair de casa, fazer coisas que outros não fariam, viver aventuras como comprar carros a 700 quilômetros de casa e voltar rodando, a coragem de deixar coisas acontecerem comigo, sem medo. Me dá ocupação fazendo manutenção de meus carros, com a clareza de propósito e a felicidade simples que só o trabalho manual feito com carinho pode dar. Me dá campo vasto e infindável para estudo.
E foi esse entusiasmo, essa força estranha, tão potente como a que leva Roberto a cantar, que me forçou a começar a escrever para dar vazão ao que aprendi. Comecei porque, de novo, algo me impelia a isso, sem pretensão de nada, somente porque precisava fazê-lo de alguma forma, se tornava impossível impedir. Escrevia para mim mesmo, feito maluco.
Logo, conheci mais amigos, via internet, mais variados e de mais longe, e com ajuda deles comecei a publicar o que escrevia. Quinze anos depois, ainda estou para ver um centavo de retorno por todo esse trabalho, mas sem arrependimentos: de novo, é maior que a minha vontade. É simplesmente algo que preciso fazer. Fazer isso de graça me deu uma felicidade que dinheiro nenhum pagaria.
E me levou a conhecer, ainda que virtualmente, você, leitor. Você, que com seus comentários, me mostra que há mais gente como eu, e que gosta do que faço, me dando a certeza que não sou maluco (ou pelo menos, que tenho companhia). Que acompanha, incentiva, elogia. Que me deixa feliz e com um propósito na vida.
Foi o entusiasmo que trouxe, numa manhã de dezembro sem nada especial, o Paulo Keller à minha porta, montado em seu amarelíssimo Renault, um carro feito por gente entusiasmada para gente entusiasmada. Gente iluminada, inspirada por Deus.
O seu objetivo? Reacender o entusiasmo nosso e dos leitores. PK, meu velho amigo… quem o tem, nunca perde. Nem fagulha precisa para reacender essa chama, só um soprinho já faz um fogaréu.
Vida longa Ae!
MAO
Obrigado, MAO!
E como é domingo, se ainda tiver com tempo, aí estão os vídeos. Os dois primeiros já estavam lá no YouTube. Quem já se inscreveu no nosso canal ou nos segue no Facebook pôde assisti-los antecipadamente. Eles mostram um bom resumo da atmosfera dessa viagem e a rigor seriam suficientes para essa matéria. No entanto recebi manifestações de alguns leitores que até solicitaram que a viagem inteira fosse filmada. Então surgiu a ideia de fazer uma versão completa que tem “apenas” 47 minutos de duração. A participação do MAO também está quase que inteira nessa versão. Duvido que alguém, além da minha mãe, a querida e entusiasmada dona Arlete, agüente tanto de falatório meu.
Bom domingo e que 2015 seja de muito entusiasmo.
Abraço, PK
Nota: todas as fotos desse post são mobgrafias, fotos feitas com aparelhos móveis, captadas com o Samsung Galaxy S5 diretamente pelo Instagram. Para saber mais sobre mobgrafias acompanhe www.mobgraphia.com.