E havia chegado a hora da premiação. Para uma prova de regularidade como a deste sábado (23) estávamos com um bom resultado com apenas 8 pontos perdidos na nossa categoria. Aos poucos, foram declarando o resultado do pior para o melhor. E chamaram o quinto lugar com pontuação pior que a nossa. Chamaram o quarto lugar. E o terceiro lugar. E, finalmente, o segundo lugar. E não nos chamaram até então. Então, a dedução óbvia: fomos campeões, subimos ao lugar mais alto do pódio e levamos um bonito troféu para casa. Essa será a sequência de cenas que ficará na minha memória para essa história, que começa alguns dias atrás.
Aqui no AE os leitores me conhecem pelas minhas andanças e histórias no mundo do veículos 4×4, do Off-Road. Mas há alguns meses eu estava com muita vontade de comprar um carro “comum”. Aliás, comum não — cismei que queria experimentar um conversível. E acabei optando por um MINI Cooper S Cabrio ano 2011, que achei com apenas 7.200 km rodados. Com certeza uma raridade.
Mal peguei o carro e vi aqui no AE notícia sobre uma prova de Rali de Regularidade no Autódromo de Interlagos, organizado pelo Jan Balder e com uma justa homenagem ao Bird Clemente, ambos lendas vivas do automobilismo brasileiro. E basicamente na mesma hora veio a ideia e a vontade: por que não participar? Que bela oportunidade de “estrear” o MINI numa brincadeira apropriada para ele e eu, pela primeira vez, participar de uma prova de regularidade em autódromo, com carro 4×2 e sem qualquer equipamento de navegação. Ótimas estreias.
Mas — sempre há um “mas” — nem tudo estava fácil. O primeiro empecilho apareceu na quarta-feira que antecedeu a prova. Ao chegar de viagem já de noite, fui sair com o MINI e, infelizmente, ele não pegou. E lá se foi o carrinho na manhã de quinta-feira para que o problema fosse investigado. Ainda bem, problema simples e resolvido e no final da sexta-feira já estava com o carro novamente.
Certo de ir, era hora de pensar na estratégia da prova, fazer alguns cálculos e separar cronômetros, pranchetas, imprimir regulamento, separar documentos, filmadoras on-board etc.
Com o carro em ordem e a estratégia definida, partimos eu e o amigo Poka (seu nome é Cláudio, mas no mundo Off-Road todos o conhecem pelo apelido) hoje pela manhã para o Autódromo de Interlagos. Inscrição e vistoria realizadas, era hora de aguardar o briefing e entrar na pista.
E lá fomos nós para a largada. Capacetes colocados, cintos atados, câmeras ligadas e saímos em “comboio” para a pista. A largada seria com Safety Car (norma do regulamento) e depois de duas voltas pela pista, o Safety Car recolhe e competição propriamente dita começa. A regularidade seria medida, para a nossa categoria, contando as sete melhores voltas e descartando as demais.
Seguindo o regulamento, teríamos que definir nosso tempo de volta entre o intervalo de 02m25s mínimo (velocidade média de 107 km/h) e 02m55s máximo (velocidade média de 89 km/h). Nossa estratégia foi definir a velocidade média de 100 km/h, que daria um tempo de volta entre 02m37s e 02m38s e “dividir” a pista de Interlagos em pequenos trechos, escolhendo a velocidade mais apropriada para cada trecho e ir acompanhando (apenas pelo cronômetro) se estávamos atrasados ou adiantados. E, claro, corrigir a velocidade para manter a regularidade.
Mas — olha aí o “mas” de novo — nem tudo saiu como planejado. Logo no final da segunda volta, ou seja, no início da prova, o Poka começou a passar mal. Certamente, a tarefa de olhar cronômetro e nossas anotações com o carro em alta velocidade (mesmo sendo regularidade, em alguns momentos chegamos a andar a 170 km/h para acertar o tempo) o fez passar mal. Bem mal. Ele foi guerreiro e aguentou até a 12ª volta, quando, repentinamente, tive que sair com o carro da pista e seguir para uma área de escape e, assim, lá se foi o café da manhã dele (rsrs)…
Depois de alguns minutos, retomamos para a pista para tentar mais algumas voltas, pois, para efeito de regularidade, quantas mais voltas fosse possível andar, mais fácil de estatisticamente termos boas sete voltas para disputar com nossos oponentes. Mas não foi possível. Fizemos apenas mais duas voltas e tivemos que recolher aos boxes, pois, de fato, ele estava mal. Poderia ter optado em voltar sozinho para a pista, mas, achei melhor ficar junto do amigo. Nosso sentimento era que, infelizmente, tínhamos uma amostragem muito pequena.
Esperamos a divulgação dos resultados. Confesso que não tinha esperança de troféu, mas estava ansioso para ver nossa pontuação, pois, em algumas voltas cravamos o tempo. Depois de algum tempo, chegaram os relatórios com os resultados parciais, quando é possível você analisar os tempos que fez em cada um dos PCs (Postos de Cronometragem) virtuais da prova, já que a apuração se faz por tecnologia GPS, que rastreia e coleta todos os tempos.
E com o relatório em mãos, vi que havíamos feito apenas 8 pontos (cada segundo adiantado ou atrasado soma 1 ponto, ou seja, durante toda a prova havíamos errado apenas 8 segundos nas nossas sete melhores voltas). Me parecia um bom resultado. Mas, como éramos estreantes, não fazia nem ideia de como era a pontuação dos oponentes.
Para ficar claro, para obter classificação o carro não precisa rodar os todos os 45 minutos da prova, daí nossas nove voltas no total nos habilitarem a ter direito à classificação.
E, para nossa surpresa e felicidade, como relato no começo do texto, fomos chamados para o lugar mais alto do pódio, nos sagramos campeões da Etapa Bird Clemente do Torneio Interlagos de Regularidade. Felicidade e euforia, fotos e um troféu para chamar de meu.
Para quem quiser experimentar, recomendo — e muito. Prova divertida, carros bacanas, gente de bem e a chance de pilotar em Interlagos. Aproveite a próxima. E quem sabe a gente não se encontra por lá.
Abraços 4×4 – ops, 4×2 e acelerado, mas na regularidade.
LFC