ANDANDO COM O NOVO POLO (COM VÍDEO)

O novo  Polo chegou finalmente. Depois de uma campanha pré-lançamento poucas vezes vista — só me lembro de algo nesses moldes quase 50 anos atrás, para o Chevrolet Opala, no ano de 1968 — a grande expectativa era mais do que natural. Especialmente por ser lançamento defasado apenas um mês do ocorrido na Europa, o que faz bem ao nosso ego de brasileiros, já que a prática da indústria local é bem diferente.

Trata-se projeto totalmente novo, embora conserve as (boas) características do anterior, como suspensões e comportamento dinâmico primoroso. Nesta terça-feira saiu o resultado dos testes do Latin NCAP: o veículo obteve 5 estrelas em proteção dos ocupantes adultos, crianças e pedestre em caso de atropelamento.

O que é o novo Polo, afinal? O Polo é um Volkswagen hatchback compacto em sua estrita essência, surgido na Alemanha em 1975, em seguida ao Golf (1974) e ao Passat (1973). A quarta geração é de 2002 e foi a produzida aqui até 2014 (não chegamos a ter aqui a 5ª geração, de 2009), inclusive em versão sedã. Não chegou a ser grande sucesso, mas ficou conhecido no mercado pela sua aprimorada construção, especialmente na armação da carroceria que empregava solda a laser, e características de rodagem muito apreciadas. Agora chega à sua sexta geração.

Foi o primeiro carro fabricado no Brasil, que eliminou a injeção de gasolina para partida em baixas temperaturas por meio do sistema Flex Start desenvolvido pela Bosch. Chamava-se E-Flex e isso foi em 2009.

A chegada do novo Polo, que como vimos na notícia de anteontem é maior que o anterior, deverá atrair bastante os clientes da marca (e de outras). Atributos para isso tem.

São quatro versões, três motores e dois câmbios. Começa pelo Polo 1,0,  com o já bem conhecido e comprovado motor tricilindro que estreou em junho de 2013 no Fox BlueMotion, e sete meses depois aparecia no up! Um ano e pouco mais tarde o mercado era surpreendido com o up! TSI, turbo, e seu exuberante desempenho com baixo consumo. No começo de 2016, de aspiração atmosférica, passou ao cofre do motor do Gol e do Voyage, em seguida ao do Fox Trendline 1,0. E há um ano exato o motor 1,0 TSI passava a movimentar também o Golf em sua segunda fase nacional.

Assim, o novo Polo 1,0 começa com bom pedigree.  O motor de aspiração natural (MPI) passou por retoques e ganhou 2 cv com álcool, para 84 cv às mesmas 6.250 rpm, permanecendo com 75 cv com gasolina à mesma rotação; o torque não mudou, 9,7/10,4 m·kgf a 3.000 rpm. O câmbio é manual de cinco marchas e essa versão custa R$ 49.990. Vem com ar-condicionado, direção eletroassistida, engates Isofix, computador de bordo, entre outros itens (na lista de itens de série e opcionais no final encontra-se toda a informação). Infelizmente não havia esta versão para experimentá-la anteontem, eu gostaria muito.

O próximo da lista, Polo MSI 1,6, varia basicamente o motor em relação ao Polo 1,0. Nele está o 4-cilindros EA211, da nova família de motores do Grupo Volkswagen. É de aspiração atmosférica, duplo comando e quatro válvulas por cilindro, bloco de alumínio. Entrega 110/117 cv a 5.750 rpm (perdeu 3 cv com gasolina por razões técnicas, filtro de ar, segundo a VW) e o bom torque de 15,8/16,5 m·kgf a 4.000 rpm, bem mais elástico do que a rotação-pico de torque sugere. É o motor do Fox Highline e do Golf Comfortline 1,6.

Andei bastante com ele anteontem e pelo que oferece tem preço conveniente, R$ 54.990. O câmbio é  manual de cinco marchas e se mostrou bem casado com o motor e com o carro. Acelera bem (0-100 km/h em 9,9/9,6 s) e tem boa retomada, como 80 a 120 km/h em 5ª em 14,9/14,6 s. Rápido, pode chegar 189/193 km/h. A 120 km/h (GPS) o motor está a 3.400 rpm.

Um belo carro que estaria perfeito não fosse os espelhos externos de ajuste manual — esquerdo tudo bem, mas o direito… — e no meu caso e de outros autoentusiastas, punta-tacco praticamente impossível, pior que no up! Uma lástima. Outra grande falta é a luz traseira de neblina, nenhuma versão traz esse importante item de sinalização para a segurança..

Tanto ele quanto o 1,0 vêm com rodas de aço e pneus 185/65R15; podem receber rodas de alumínio, como veremos depois.

A versão do foco

Sem nenhum dúvida, o foco da VW para o novo Polo está nas versões Comfortline (R$ 65.190) e Highline (R$ 69.190). A elas foi agregado o número 200, que representa o torque em newtons·metro do único motor das duas versões, o tricilindro 1,0 TSI. Então, Comfortline 200 TSI e Highline 200 TSI.

O motor ganhou 3 cv e agora desenvolve 128 cv às mesmas 5.500 rpm anteriores à mudança, mas o torque continua 20,4 m·kgf (200 N·m), só que de 2.000 a 3.500 rpm, enquanto antes tinha só um pico a 1.500 rpm. Informou a VW que a pressão de superalimentação subiu 0,1 bar para 1,3 bar.

A outra novidade é o motor acoplar-se unicamente a um câmbio automático epicíclico de seis marchas (Aisin AQ250-6F), deixando os apreciadores de câmbios manuais desapontados. Se existe câmbio manual para esse motor no Golf…

São versões mecanicamente idênticas exceto na medida dos pneus 185/65R15 e 195/55R16, na ordem, rodas de alumínio em ambos. A Highline pode ter rodas de 17 pol. com pneus 205/50R17 de dentro de um pacote (Technology Pack).

Dirigi o Highline com rodas de 16 pol. e gostei bastante. Percebe-se nitidamente o DNA de Wolfsburg qualquer que seja o aspecto, mesmo que a calibração da suspensão se destine a angariar novos clientes ao sentirem conforto de rodagem do qual a marca não tem fama (não atrapalha em nada absolutamente o dirigir rápido), e que a brasilidade obrigasse a elevar em 20 mm a altura de rodagem na comparação com o original.

O câmbio automático é bom, as trocas são rápidas e com boa dose de suavidade, tem modo S permite trocas manuais pela alavanca seletora ou pelas borboletas. Preciso andar mais com o 200 TSI, mas me pareceu haver bloqueio do conversor de torque da terceira em diante. As trocas ascendentes em aceleração máxima ocorrem a 6.000 rpm, 500 rpm acima da rotação de potência máxima. E mesmo em manual há a troca para cima.

Mas uma coisa achei notável, a ponto de eu considerar este câmbio automático o mais “manual” que já dirigi: em D retoma em 6ª a partir de 1.500 rpm como se fosse um manual. Claro, há o “chute pra baixo” (kickdown) já bem perto do fim de curso quando se deseja maior aumento de velocidade. Foi uma maneira inteligente de aproveitar a enorme potência em baixa rotação do motor turbo.

Seu desempenho, como a ficha técnica mostra, é marginalmente menor que o do 1,6 MSI. Em contrapartida, é muito agradável na autoestrada, com o motor girando praticamente 1.000 rpm menos que naquele — de 2.420 a 2.490 rpm dependendo da medida dos pneus.

Quando falei sobre o foco da fábrica na versão 200 TSI, ele é mais forte na Highline. A lista de equipamentos mostra itens exclusivos dela, como a hoje essencial luz de rodagem diurna, as borboletas no volante, sensores de chuva e crepuscular, os freios traseiros também a disco, e as citadas rodas de 17 pol.

As maiores dimensões do novo Polo, especialmente a largura com mais 100 mm, deram-lhe maior amplidão interna, o que faltava no anterior, que para muitos, eu inclusive, tinha um visual de carro estreito. Haveria “colegas” dessa impressão visual, o “Astra sedã” (novo Vectra, de 2005) e o Fiat Linea. Dimensionalmente o novo VW é bastante próximo do Golf IV.

Repetindo o informado na notícia prévia de anteontem, ele tem 4.057 mm de comprimento com entre-eixos de 2.565 mm, 1.751 mm de largura (sem espelhos) e 1.468 mm de altura. Significa que está 167 mm mais comprido, 100 mm mais largo e 21 mm mais baixo; o entre-eixos aumentou 100 mm. Tudo isso o deixou com um visual  bem maior e agradável que o anterior.

O espaço no banco traseiro é bom e nele três adultos e acomodam bem lateralmente. As fotos abaixo foram feitas durante uma das apresentações prévias e aproveitei um chassi rolante com bancos para mostrar o espaço interno.

Se visto de fora o novo VW agrada, tem “carronalidade”, a palavra cunhada pelo nosso editor associado Juvenal Jorge para exprimir a personalidade de  um automóvel, é no interior, especialmente o que se encontra imediatamente diante do ou da motorista e passageiro dianteiro, painel e quadro de instrumentos, que o Polo se destaca. É no 200 TSI Highline que pode vir o espetacular quadro de instrumentos digital e configurável já visto em outros modelos do Grupo Volkswagen, especialmente os Audi, como também no Passat TSI 2,0 que testamos recentemente.

O vídeo a seguir  foi feito na apresentação prévia na Fazenda Capuava. Na parte em que fomos, o Juvenal e eu, à estrada, o carro estava camuflado, ainda não estava lançado.

Assista ao vídeo:

Este é o novo Volkswagen, um produto que certamente balançará o mercado, tem atributos de sobra, como eu disse. Agora é aguardar as versões para o  nosso “no uso”, ocasião em que se descobre tudo o que um carro tem — principalmente na “oficina mecânica” do Juvenal, que até roda ele tira! E o leitor ou leitora sabe do que senti falta no novo Polo, desnecessário dizer…

BS