No final tudo foi uma grande e feliz festa! Reta final desta cobertura da nossa — minha e do Paulo Keller— participação neste rali. Vamos ver a premiação, a qualidade da documentação com os resultados, a viagem de volta, e a devolução do carro ao Bird Clemente.
Foi uma aventura e tanto, e estar com todo aquele pessoal alegre e participativo valeu muito a pena. Sim, participar de um rali de regularidade com automóveis antigos, nesta qualidade de preparação e infraestrutura é muito bom, apesar dos receios iniciais e da “angústia germânica” durante o percurso. Valeu!
O momento da premiação
Depois do almoço começou a ser montado o cenário para a entrega dos brindes de participação e dos troféus. O Aldo alinhou os troféus sobre uma mesa, tendo como auxiliar seu netinho.
Mas havia um troféu especial para o primeiro colocado de trás para diante, ou como se pode ver na foto abaixo:
O brinde de participação foi uma linda e prática caneca esmaltada com capacidade de 370 mililitros, personalizada para o evento de 2017, como se pode ver nas fotos abaixo.
A música ao vivo, que tocava perto de onde seria a comunicação dos resultados e entrega dos brindes de participação e troféus, cessou temporariamente. Em mesas próximas, dispostas ao ar livre, o pessoal foi se reunindo, todos curiosos para saber qual foi a colocação que conseguiram.
Apesar de ser “uma brincadeira”, todos estavam ansiosos para saber o seu resultado.
O esquema de computação estabelecido pelo Paulo Animau e sua equipe é muito rápido, permite que com poucas pessoas e com um equipamento bem escolhido os resultados fiquem prontos em pouco tempo.
O percurso recebeu 30 pontos de controle que, neste caso, foram executados eletronicamente com o auxílio dos 2 aparelhos de GPS especiais que foram colados no para-brisa, como mostramos na Parte 2. Cada ponto de controle era verificado individualmente.
Cada participante recebeu a sua ficha de avaliação individual, e no nosso caso ter perdido a entrada para o condomínio industrial Mubea nos custou 600 pontos de penalidade.
Enquanto o pessoal almoçava os resultados foram sendo computados e ficaram prontos depois do cafezinho.
Abaixo segue a planilha consolidada com todos os resultados, dividida em 7 fotos para permitir sua visualização. Esta planilha apresenta somente um resumo, para cada carro foi emitida uma ficha de avaliação como a mostrada acima:
Com esta planilha é possível ver o nome do piloto e do navegador, sua posição de chegada e quantos pontos de penalidade foram aplicados, no nosso caso temos:
O vencedor foi o carro número 1, um Bianco S 1979 branco, pilotado pelo Pedro Marcos Nocetti Tonello tendo o Felipe Souza Silva como navegador.
Durante a entrega do prêmio para a dupla do carro número 13, o valente Fusca do Bird Clemente (cuja foto está na abertura desta matéria), eu tive a oportunidade de dizer algumas palavras de agradecimento ao CAAT e a seu atual presidente Aldo Fusco:
Vamos aos comentários do Paulo Keller:
Um momento nostálgico!
Já fazia algum tempo que eu observava a movimentação do Alexander Gromow junto ao CAAT com suas palestras. Eis que então chegou o convite para participarmos do rali 100 Milhas da Serra de 2017.
Eu aceitei de primeira, sem verificar a data ou pensar no carro a ser inscrito. O AG trabalhou junto com o Bob e um dia eles me disseram que o carro que usaríamos seria um Fusca 1300 1967. Mas não seria qualquer Fusca e sim o Fusca do Bird Clemente. Quanta honra! E responsabilidade!
Como eu era convidado, deixei bem aberta a minha função, piloto ou navegador, na certeza que a diversão viria de qualquer jeito. O amigo AG estava apreensivo, pois nunca havia participado de ralis de regularidade. Eu já participei de alguns e estava tranquilo. Também sabia que a função de navegador não era a minha preferida. Principalmente se a prova for disputada com a intenção da vitória, o que demanda uma atenção enorme. Ao final, em comum acordo, decidiu-se que eu seria piloto. Ufa!!!
Todas as outras vezes em que participei desse tipo de rali eu fui piloto. E nunca, até então, tive bons navegadores. Então eu sempre abandonei o tempo e apenas me concentrava no caminho e no desafio próprio de ultrapassar o máximo de carros possível. Claro que acabando com a pontuação, mas me divertindo de outra forma.
Nesse rali do CAAT, dirigindo o Fusca 67 de 38 cavalinhos (bem cansadinhos), e cercado de outros carros antigos, esse modo PK não funcionaria. E nem cairia bem. Então tentei ser o mais comportado possível, buscando um equilíbrio entre diversão e cuidado com a joia.
Eu já sou muito familiar com Fusca. Meu avô tinha um 1971 1500 desde zero (eu sou de 1970) que eu usava para ir para a faculdade no final dos anos oitenta. Já no começo dos anos 90 eu comecei a namorar minha esposa em saídas com esse Fusca 71. Tive muitos momentos divertidíssimos com ele. Curvas na chuva eram sempre um treinamento para melhorar minhas habilidades de derrapagem controlada.
Ao sentar ao volante do 67 do Bird todos esses momentos vieram à tona. E junto com eles a experiência sensorial que envolve dirigir um Fusca. O cheiro dos plásticos, o som do retorno do pedal de freio, do freio de mão, da buzina e do motor a ar. Destravar a porta com a chave, girar a chave no contato, dar aquela batidinha no mostrador de combustível, abrir o quebra-vento e abrir o capô para abastecer. O tato do volante fininho, do aro da buzina, da alavanca arredondada para destravar e travar a porta, da alavanca do câmbio. Olhar o chiqueirinho e lembrar do tempo em que eu cabia lá…. Foi pura nostalgia. Em uma área ampla e vazia eu seria capaz de entrar, ligar o carro e sair dirigindo de olhos vendados sem a menor dificuldade.
Também conheci muitas pessoas bacanas e vi muitos carros igualmente bacanas. Todos verdadeiras joias para seus donos e admiradores. Todos muito bem tratados e praticamente membros da família. O dia estava perfeito, com um céu azul maravilhoso. O percurso passando por lugares lindos. O carro especial e funcionando bem. Os novos amigos. Um cheirinho de gasolina. E também a companhia fantástica do Alexander Gromow. Desde o sábado quando cheguei na casa dele até o domingo a noite quando voltamos, esse foi um final de semana muito especial e uma injeção de autoentusiasmo na veia. Nostalgia pura.
E a posição em que chegamos? Sinceramente não faz a menor diferença. O que conta é o autoentusiasmo!
PK
Durante o rali o Paulo Keller foi filmando o nosso desempenho, pena que perdemos uma parte do material, mas, mesmo assim, ele editou uma superprodução de 27 minutos que, a meu ver, vale a pena ser vista. Detalhes como o momento no qual o suporte do celular o cospe de volta resultando a perda da marcação de tempo que ele estava fazendo e cenas incríveis do trajeto, sem esquecer de algumas discussões e ranhetices de minha parte. Mas é melhor conferir:
Voltando de Taubaté e entregando o Fusca ao Bird Clemente
Depois da entrega de prêmios e brindes de participação, fomos até o hotel e pegamos a estrada. Mas a questão do vazamento de óleo continuava a nos preocupar, o ambiente do motor estava encharcado de óleo, mas o nível ainda estava dentro do adequado e o carro continuava a desenvolver normalmente.
Decidimos abastecer no posto do Graal Market Guararema, até lá o Paulo levou o carro e eu assumi de lá até a minha casa onde o carro do Paulo estava; a entrega para o Bird Clemente seria na segunda-feira.
Chegamos ao Graal com o sol se exibindo num belíssimo ocaso. E o abastecimento teve um magnífico pano de fundo:
Do Graal até São Paulo a estrada estava bastante cheia, tardinha de domingo e muita gente voltando para casa. Mas havia mais uma surpresa a nossa espera: ao sairmos da Ponte da Casa Verde e no farol do acesso à Marginal de Pinheiros com a Av. Dr. Abrahão Ribeiro o carro apagou. Era uma leve descida, o Paulo saiu e deu um embalo e o carro pegou, mas a luz do dínamo acendeu e não apagava mais nem por decreto.
Seguimos até o meu prédio somente com as lanternas, mas o carro andava muito bem, sem engasgar nem nada…. Mas todo o cuidado era pouco para não deixar o carro morrer.
Chegando no prédio entramos e manobramos os carros. E fomos dar uma olhada no Fusca com ele ainda funcionando. Como já constatado pelo Miguel Crispim, quando fomos buscar o carro, o cabo do afogador estava “duro”. Com isto a marcha lenta estava um pouco acelerada, o que veio bem a calhar durante este problema.
Tentamos encontrar o regulador de tensão que poderia estar encantado, mas encontramos uma caixinha prateada presa à parede corta fogo no ambiente do motor, que depois soubemos ser uma ignição eletrônica. Portanto nada feito com a bateria. Depois viemos a saber que o regulador de tensão está embaixo do banco traseiro, na área da bateria.
Mas o vazamento do motor tinha deixado seus vestígios bastante claros, não havia nada evidente que indicasse onde seria o vazamento, e o nível do óleo ainda estava dentro dos limites previstos na vareta de medição. Um mistério. Surgiram várias teorias, até o fato, que vimos naquela hora, que o tubo de respiro do óleo estar desencaixado foi colocado em observação.
Mas, o carro tinha que ser devolvido, estava sem bateria, com o ambiente do motor sujo de óleo, sem esquecer do freio que continuava a puxar fortemente para a esquerda…. O Paulo tinha um compromisso naquela manhã de segunda-feira e estava sem condições de ir comigo, aí o amigo Bob Sharp se prontificou a me ajudar nessa tarefa.
O Bob veio e trouxe um cabo para fazer uma “chupeta”, o Fusca pegou na hora. O Bob foi levando o carro, e eu fui com o carro que estava com o Bob, um Honda Civic EXL de teste. O meu carro tinha ficado na casa do Bird.
No caminho íamos passar no Auto Posto São Camilo, o mesmo onde abastecemos logo ao pegar o carro, para lavar o Fusca e devolvê-lo com o tanque cheio. O seu proprietário, o gentil Marcos Morassi, abriu uma exceção para nós e se prontificou a lavar o motor e o carro na hora (já havia outros carros aguardando).
Chegamos ao posto e ficou a dúvida de como fazer o carro pegar entre as etapas da lavagem. Mas isto não foi um problema, pois o Marcos tem um “quick-starter” de bolso, do tamanho de um livro de umas 500 páginas, capaz de dar várias partidas no carro. Um belo equipamento para se ter.
A lavagem do motor demandou um bom tempo, para que tudo ficasse limpinho, seguindo-se a lavagem do carro em si. Ficou um brinco.
Algumas fotos da lavagem, mostrando o cuidado que o pessoal teve com este carro:
O Bob, eu e o Marcos ficamos acompanhando todo o serviço de perto.
Ainda do posto o Bob ligou para o Bird dizendo que estávamos quase prontos e em retorno o Bird nos convidou para o almoço, e lá fomos nós. O carro foi entregue ao Bird com um relatório das coisas que tinham que ser verificadas.
Depois do delicioso almoço, passamos para a sala de estar. A casa do Bird é um tipo de museu de sua vida como piloto de competição, com muitos troféus dispostos na sala de estar, e ele é capaz de contar a história de cada um deles.
Mas no aparador, perto da porta que dá para a sala de jantar, há uma recordação muito importante: dentro de uma caixa de acrílico está o capacete do Bird, um marco na história das corridas brasileiras:
Agora uma foto de detalhe do famoso capacete; mas, a gente encontra este tipo de lembrança em todos os cantos da casa, inclusive no escritório cujas paredes são cobertas por fotos mais do que significativas (sem esquecer do computador que tem uma supercoleção de fotos de várias épocas, um verdadeiro tesouro histórico):
Ainda tivemos tempo para um papo na agradável varanda, com direito a um recital da Nina, uma simpática Border Collie que é a mascote da casa, que “canta” incentivada pela Luiza, esposa do Bird. Basta ela cantar “Atirei o pau no gato” que a Nina se põe a uivar como se estivesse entoando a popular canção infantil.
Mas que tal ver a performance da Nina m vídeo? São momentos de descontração na incrível companhia da família do Bird Clemente, uma lembrança muito agradável. Detalhes como a blusa da Equipe Willys que o Bird estava usando, são muito interessantes.
Depois de várias horas de um papo maravilhoso foi hora de ir embora, com muita vontade de voltar para continuar com o incrível papo:
Em tempo: o vazamento de óleo foi causado pelo rompimento dos anéis de vedação do radiador de óleo do motor. Os freios estavam bons, o que faltava era uma boa regulagem, depois da qual tudo ficou muito bem. E, depois de algumas “batidas técnicas” na caixa do relé regulador de tensão do dínamo, a bateria voltou a carregar. Portanto, coisa pouca e de fácil solução. O Fusquinha do Bird é muito valente mesmo.
Terminando esta matéria que, a contar pelos comentários recebidos, fez com que vários leitores lembrassem de suas experiências em ralis, ou até motivando alguns a participar com os seus antigos.
Cabe finalizar com mais um agradecimento a todos que participaram desta aventura e aos que a fizeram ser possível. O convite do Aldo Fusco aos AUTOentusiastas, e a fidalguia com a qual fomos tratados, ao Bob Sharp que conseguiu o carro do Bird Clemente emprestado, a ao próprio por tê-lo feito. Ao grande piloto, fotógrafo, cinegrafista e produtor de vídeos “épicos” Paulo Keller, um grande amigo e excelente companheiro de aventuras.
Também cabe um agradecimento ao pessoal que gerou material que usamos neste trabalho, como os fotógrafos, e o pessoal do Paulo Animau que gerou os relatórios que usamos nesta Parte 3.
Navegador entre as partes desta matéria:
Parte 1
Parte 2
AG
NOTA: Acrescentado o vídeo da apresentação especial da Nina, atendendo a pedido de leitor.