Foi em 3 de janeiro de 1959 que o primeiro Fusca brasileiro deixou a linha de montagem em São Bernardo do Campo iniciando a sua caminhada, agora como veículo nacional, pelas estradas do Brasil; juntando-se à Kombi, que já era produzida como veículo nacional, desde 2 de setembro de 1957.
Sim, no dia 3 de janeiro de 2019 o início da fabricação do Fusca no Brasil irá completar sessenta anos — Parabéns ao Fusca!
Em meus guardados estava uma mensagem que eu havia recebido de um grande amigo, o Flávio Evangelista, de Campina Grande, importante cidade da Paraíba. Com esta mensagem eu faço uma primeira homenagem aos 60 anos do Fusca no Brasil, “começando pelo fim”, ou seja, com a sua primeira despedida em 1986:
EU FIZ PARTE
Flávio Evangelista
Posso dizer que participei indiretamente dessa história. Em agosto de 1986 eu tinha 7 anos e meio e, ao contrário da maioria das crianças da minha idade, me senti comovido pelo encerramento da produção de um carro que esteve presente desde os meus primeiros meses de vida até então. Uma matéria intitulada ” Memórias de um vencedor” escrita por Júlio Bartolo na Revista Quatro Rodas reforçou a minha teoria de que aquele carro representava mais do que um simples automóvel para mim. A partir daí me aprofundei mais e mais nessa história afim de saciar minha fome de informação a respeito desse carrinho que tanto me encanta.
Hoje, mesmo à parte desse movimento que chamam de “fuscatemático” (e não tiro as razões do “temático” justamente por ser um movimento meramente alusivo e não denotativo) continuo um defensor do veículo Volkswagen no seu contexto técnico, histórico e cultural. Dedico esse texto a Alexander Gromow, que é minha fonte de inspiração para continuar lutando pela causa arrefecida a ar, mesmo envolto num ambiente tão hostil e hipócrita que é a sociedade moderna, que se apega a modismo e status, tendências essas que nada condizem com a proposta de um carro popular voltado para as massas.
Algumas fotos que testemunham a convivência do Flávio com Fusca desde pequeno:
11 de agosto de 1986 – O Fusca sai de linha no Brasil
Um dos carros mais queridos pelos brasileiros saiu de linha no país após mais de 3 milhões de unidades vendidas e mais de 30 anos de sucesso no Brasil. A Volkswagen anunciou oficialmente o fim da produção do Fusca, cuja montagem foi desativada gradualmente até o mês de novembro do mesmo ano.
De acordo com o fabricante, a decisão foi atribuída à fase de sofisticação que a indústria automobilística brasileira alcançou durante a década de 80, “caracterizada pela crescente exigência do consumidor por automóveis mais completos e equipados com itens de maior conforto”. A Volkswagen do Brasil também atribuiu o fim do Fusca ao acirramento da competição nos mercados doméstico e de exportação e ao fato do modelo possuir um processo de montagem ultrapassado, à margem dos métodos mais flexíveis e informatizados adotados pela fábrica na época.
Acho que não há brasileiro que não se tenha envolvido um dia com o Fusca, que está ligado às nossas tradições automobilísticas e se enraizou na consciência do povo. Para um carro que já vendeu 19 mil unidades por mês em 1972 e caiu para 3 mil já não havia espaço mesmo. “Se a fábrica não tomasse a decisão, ele iria morrer naturalmente” — comentou o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores Volkswagen (Assobrav) daquela época, Sérgio Reze, que ainda disse que o Fusca começou a perder cada vez mais espaço no Brasil a partir da campanha do Gol Táxi, em 1982.
Sucesso no Brasil
O Fusca foi criado a pedido de Hitler a Ferdinand Porshe, para cumprir sua promessa de que todo operário alemão teria um automóvel em seu Reich de Mil Anos. O veículo foi batizado de “Volkswagen”, que significa “carro do povo”, e, após uma série de dificuldades e protótipos, o primeiro modelo saiu oficialmente da linha de produção em agosto de 1940.
No Brasil, o primeiro Fusca nacional surgiu em 3 de janeiro de 1959, adquirido por Eduardo Andreas Matarazzo. O sucesso foi crescente e, em 1984, quando o modelo fez 25 anos no país, havia mais de 3 milhões de Fuscas rodando nas estradas do Brasil, ou 40% dos milhões de veículos produzidos pela Volkswagen por aqui. Em 1994, por sugestão do então presidente Itamar Franco, que queria a fabricação de carros populares, a empresa voltou a produzir o modelo, mas não encontrando sucesso nas vendas, interrompeu a produção em 1996. Atualmente, o Fusca permanece um dos carros usados mais vendidos no mercado nacional.
Vamos conhecer o Flávio Evangelista:
Flávio Evangelista — Jornalista formado pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB. Amante da fotografia e das artes audiovisuais. Um entusiasta e estudioso do automóvel Volkswagen “a ar” em todo o seu contexto técnico, histórico e cultural. É paraibano, nascido e criado em Campina Grande, onde mora. Atualmente é apresentador na TV Auto Shopping.
AG
Agradeço ao Flavio Evangelista por sua participação na minha coluna.
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