T80, O MAIS NOVO JAC

A evolução dos automóveis chineses em cinco ou seis anos era esperada por quem conhece um pouco da indústria automobilística e da China. O suve T80, lançado ontem para a imprensa, é a prova disso. O veículo de sete lugares, de quase 4,8 metros de comprimento, motor 2-litros turbo e câmbio de dupla embreagem, custa R$ 139.990, um custo-benefício que pode ser chamado de imbatível no segmento.

Ao entrar e andar com o T80 não se nota nenhum traço de carro chinês, qualquer que seja o aspecto.Tudo parece ter sido lembrado para que quem está acostumado com a infinidade de equipamentos dos bons carros europeus se sinta em casa no novo JAC. O T80 só não tem os auxílios ao motorista tipo controle de cruzeiro adaptativo, alerta de mudança de faixa não intencional, frenagem automática para evitar colisões, entre outros, mas conta com a função prioridade do freio sobre o acelerador (se este  prende aberto por uma razão qualquer, ao frear a borboleta de aceleração fecha-se de imediato); praticamente todos os carros têm essa função hoje.

Há monitor de pressão dos pneus do tipo que se vale do ABS para avisar que um pneu perdeu pressão por qualquer motivo, pois passa a girar mais. O controlador de velocidade de cruzeiro tem comando no raio direito do volante, fácil de localizar e usar. Vale a pena examinar a farta lista de equipamentos no final

Sobre preço acima paga-se R$ 6.000 para o sistema de áudio Infinity Premium Hi-Fi de 200 W RMS e dez alto-falantes, e o teto solar panorâmico duplo.

O T80 é um suve de porte grande com seus 4.790 mm de comprimento combinando com o entre-eixos de 2.750 mm, é largo de carroceria (1.900 mm) e alto, 1.760 mm. A parte mais baixa do carro está a 220 mm do solo. É pesado, 1.775 kg, mas dirigindo-o não se aquilata isso, resultado do chassi “na exata”, com suspensão dianteira McPherson e traseira, multibraço, rolando sobre pneus 235/50R18H, o conjunto proporcionando obediência nas curvas de alta, contrariando o que se espera.

A direção eletroassistida tem o centro definido, um pequeno toque no volante na reta e soltando-o, a direção volta para o reto à frente imediatamente. Há três ajustes de assistência ajustados por interruptor no console., a leva, a normal e a “pesada”

O T80 é propulsionado por um motor 4-cilindros turbo de 2 litros,de projeto da austríaca e parceira AVL, executado pel própria JAC. O bloco é de ferro fundido e o cabeçote, de alumínio, duplo comando para as 16 válvulas acionado por correia dentada e variador de fase para o comando de admissão; a injeção é no duto e o combustível é gasolina somente.

Desenvolve 210 cv a 5.000 rpm com torque de30,6 m·kgf de 1.800 a 4.000 rpm. Esses números denotam atenção com a missão de levar os 1.775 kg mais sete ocupantes e sua bagagem, um peso adicional estimado (não foi informada a carga útil). em 540 kg. A JAC informa aceleração 0-100 km/h em 9,2 segundos, coerente com a relação peso-potência de 8,45 kg/cv; A velocidade máxima oficial é 217 km/h.

O câmbio robotizado e automático de duas embreagens a seco leva a marca JAC; nada de Aisin, ZF, BorgWarner ou Getrag. Há os modos “D” e “S”, este um dente a mais da alavanca seletora no seu curso normal, e a possibilidade de se trocar marchas manualmente em sequência é unicamente por toques na alavanca depois de deslocá-la para a esquerda; o padrão é reduzir para trás;subir para frente (minha preferência). Mesmo em “D” a marcha em uso é indicada no quadro de instrumentos.

As trocas são suaves, sem a “secura” dos câmbios Audi/VW. Há discreta aceleração interina nas reduções. A 120 km/h “GPS” o motor segue a 2.200 rpm (observado, não foram informadas as relações das marchas e do (ou dos) diferenciais.Isso permite antever que a velocidade máxima seja atingida em quinta marcha. As trocas ascendentes são sempre feitas quando o conta-giros chega a 5.200 rpm.

É agradável de dirigir. A suspensa “alisa” bem o irregular asfalto de São Paulo, sem desconforto em nenhuma situação. Com a  grande distância solo (220 mm) os solavancos das lombadas apenas incomoda:, pode-se “voar” por cima delas sem receio..A posição de dirigir é das melhores mesmo sem haver ajuste de distância do volante. Os instrumentos virtuais têm legibilidade perfeita e são possíveis três configurações.

Um ponto que requer adaptação é com a visibilidade lateral, especialmente a esquerda, prejudicada pelas grossas colunas dianteiras e pelo enormes espelhos, o que requer atenção especial nas curvas na cidade.

A JAC não informou consumo e tampouco aparece na grande tabela do Inmetro. Mas na rodovia Castello Branco, andando em ritmo de teste — velocidade básica 120 km/h, mas acelerando forte em vários momentos —, com ar-condicionado ligado, o computador de bordo informou 10,5 km/l, o que pode ser considerado bom levando em conta peso e área frontal da ordem de 2,7 m².e também que era carro praticamente zero-km, nem licenciado estava..

É um suve espaçoso, o banco da fileira central tem ajuste de distância e os seus encostos têm ajuste de inclinação. O espaço no banco traseiro “atrás de mim” é bom, sem ser excepcional. Importante é o T80 ser bem largo, três pessoas se acomodam bem no banco traseiro e apreciarão a saída de climatização; o túnel central é algo alto..

Este quinto suve JAC — precedido do T6, T5, T40 e T50 — tem todos os ingredientes a quem já está ou que passar para o planeta suve, inclusive levado pela sempre importante questão preço. Acho que diretor-presidente da JAC Motors Brasil, Sérgio Habib, foi muito conservador ao prever a venda de 600 T80 por ano especialmente agora que a pecha de carro chinês está desvanecendo, a exemplo do que aconteceu com os carros japoneses e sul-coreanos.

BS

Fotos: autor, exceto quando indicado diferentemente