Novamente a Volkswagen ultrapassa a barreira do bom senso e do respeito à sua própria história, desta vez com a informação de que o nome “Käfer” e todas suas variações locais deixarão de ser usadas para sempre.
Atrás de um vídeo muito bem feito esconde-se o banimento do uso da denominação “Käfer”. O nome, que significa besouro em alemão, passou a ser nome de modelo por ocasião da apresentação do sucessor do New Beetle no Salão de Xangai em abril de 2011.
Banir o nome Käfer, por conseguinte Fusca, é algo que não devia ser colocado em respeito a este carismático e importante nome e aos seus milhões de admiradores em todo o mundo.
Esta empresa foi criada em função deste carro; logo carro e empresa passaram a ter o mesmo nome. O sucesso desta empresa, após a Segunda Guerra mundial, foi calcado no VW Käfer (Fusca) e em sua confiabilidade e carisma. Aqui no Brasil o bom renome do Fusca continua a dar uma boa base de confiabilidade aos produtos Volkswagen de fabricação nacional.
O Fusca já teve muitas despedidas, algumas dela registradas em minha matéria “MACH’S GUT, GROßER! (VALEU, GRANDE)”. Nesta matéria eu falo das despedidas do VW Fusca original, aquele que, em linhas gerais, seguiu o projeto de Ferdinand Porsche.
Esta série de Fuscas “reais” se despediu por último no México, no dia 30 de julho de 2003. Uma das peças de propaganda feitas em relação à esta despedida foi o vídeo abaixo, que reaparece, agora em desenho animado, em algumas cenas deste vídeo de 31 de dezembro de 2019:
Em outubro de 1997 surgiu o “New Beetle”, uma versão retrô do “VW Beetle” que foi a resposta aos clamores pela volta do VW Beetle para o mercado americano. Tinha um motivo de aparecer, mas não era um “VW Beetle” em sua essência, só o lembrava por sua aparência estilizada sob a qual estava um Golf 4..
Seguiram se outras versões cada vez mais sofisticadas, cuja trajetória se encerrou em 10 de julho de 2019. Detalhes podem ser vistas na matéria “POR QUE PAROU? PAROU POR QUÊ?”. Esta, agora última versão, utilizando a plataforma do Golf 6, recebeu o nome “ Fusca” (Käfer na Alemanha) e suas versões de nomes do “VW Beetle” de cada um dos países onde este sofisticado carro foi vendido. Aquil o nome de modelo escolhido pela VW do Brasil foi Fusca.
Recentemente foi divulgado pelas redes sociais o vídeo “The Last Mile” que foi apresentado nos Estados Unidos no programa da rede ABC: “Dick Clark’s New Year’s Rockin’ Eve with Ryan Seacrest 2020” – O Ano Novo 2020 “de arromba” de Dick Clark com Ryan Seacrest.
Pelo que as informações indicam este vídeo foi encomendado por Scott Keogh, presidente e CEO do Volkswagen Group of America, que disse: “Embora tenha chegado a sua hora, o papel que tem desempenhado na evolução da nossa marca será para sempre estimado.”
O filme “The Last Mile” foi produzido pela agência de propaganda Johannes Leonardo. Ele mostra a trajetória do Fusca vista por uma pessoa que desde pequeno cresceu acompanhado por um VW Fusca, até a sua despedida final do carro; que, na simbologia criada pelo diretor, se transforma num besouro que sai voando.
Dirigido por Fx Goby e animado pela Nexus Studios, o vídeo é definido como uma versão de “Let It Be” dos Beatles cantada pelo Pro Music Youth Chorus.
Este vídeo traz referências a momentos culturais que se tornaram icônicos, como a cena que se refere a Kevin Bacon, que dirigiu um Fusca amarelo como Ren McCormack no filme Footloose:
Noutra parte do vídeo aparece Andy Warhol, que transformou o VW Fusca em obras de arte, e também é visto tirando uma foto rápida do carro enquanto ele passa:
No fotograma abaixo uma das cenas que foi calcada no vídeo de despedida do Vocho no México:
Este vídeo faz parte da campanha que prepara o terreno para “a próxima era para a marca”, uma vez que se recupera de seu escândalo de emissões e faz um impulso para as energias renováveis, o último dos quais é sutilmente referenciado no vídeo durante uma cena com geradores eólicos. Este vídeo é chamado de anúncio pela imprensa americana:
O vídeo termina com um teaser do ID.4, um dos carros elétricos da Volkswagen.
Apresento o vídeo em questão para quem ainda não o viu, é uma oportunidade de conferir os comentários acima:
Não precisava divulgar que o uso do nome Käfer estava terminado. Seria mais que suficiente não usá-lo mais. Era desnecessário enterrá-lo.
Este libelo tem a sua razão de ser, pois não será um comercial de TV divulgado por algumas emissoras americanas, numa data festiva para todos, que foi a passagem de ano, que terá o condão de encerrar o nome “VW Beetle”. Certamente não será por aí que as coisas vão ocorrer.
AG
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