O Ford Bronco chegou ao mercado americano em 1965, trazido pelas mãos do gênio da indústria automobilística Lee Iacocca, que na época comandava a divisão Ford A proposta do Bronco era inédita para a linha Ford: um chassi reforçado, com suspensões robustas e uma mecânica simples e confiável, além, é claro, de tração nas quatro rodas, que permitia ao valente Ford trafegar por todo e qualquer tipo de terreno.
Basicamente, o modelo (foto de abertura) era dotado inicialmente de um motor de seis cilindros em linha de 170 polegadas cúbicas/2,8 litros,105 cv. Em 1966, ganhou a opção de um V-8 289/4,7 litros de 203 cv, fato que garantiu um desempenho superior para os motoristas mais exigentes. Tanto o seis em linha quanto o V-8 eram associados a caixa manual de três marchas com alavanca na coluna, enquanto o acoplamento da tração 4×4 era feito por uma alavanca no console — todas as unidades tinham tração 4×4 temporária com reduzida para facilitar a produção.
Sua carroceria poderia ser fechada com três portas (dianteiras e porta-malas), picape de dois lugares ou ainda uma versão voltada para o uso militar, batizada de Roadster, que não contava com capota nem portas. Vale o fato de seu chassi ter sido desenvolvido especificamente para o Bronco, assim como os sistemas de freio, direção e suspensão. O seu nome, assim como de vários outros modelos da Ford, também tem origem nos animais: Bronco era o nome dado para cavalos selvagens que viviam livremente e eram difíceis de serem domados.
Inicialmente, esse utilitário Ford servia tanto para o uso do grande público quanto militar. Mas, aos poucos, o Bronco foi mostrando sua vocação civil: em 1966, a carroceria Roadster saía de linha e depois, em 1972, era a vez da despedida da versão picape. Mantinha-se somente a carroceria de três portas, que começou a ficar mais sofisticada, ganhando até a opção de um câmbio automático de três marchas em 1973.
Iniciando suas vendas no final de 1965 já como modelo 1966, o Ford Bronco de primeira geração permaneceu em linha por 12 anos consecutivos, passando a uma segunda geração em 1977 após mais de 200 mil unidades comercializadas.
Em 1978 chegava o Novo Ford Bronco, compartilhando a mesma base da sexta geração da picape Série F, de quem também herdava o visual e partes da carroceria (frente completa, capô, portas, para-brisa, entre outros). Agora, o Bronco passava a ser um suve e estava disponível somente na carroceria fechada de três portas. Ele também estava bem maior, com capacidade para mais ocupantes (seis, em vez dos três da antiga geração) e mais refinado (recebendo ar-condicionado, direção com assistência hidráulica, rádio e até controle de velocidade de cruzeiro), tudo para atender às necessidades do consumidor e, principalmente, para bater de frente com os concorrentes Chevrolet K5 Blazer e Jeep Cherokee, todos utilitários familiares com vocação off-road.
Algumas características ainda eram mantidas, como, por exemplo, o ótimo comportamento no fora-de-estrada, realçado pela tração 4×4 com reduzida que já era padrão em todas as suas configurações de versões. Agora a motorização pássava a V-8, em duas cilindradas: 5.800 cm² (351 pol³) e 6.600 cm³ (402 pol³). Ambos os motores contavam com a mesma potência (cerca de 157 cv), mas o 6,6-l oferecia mais torque. O câmbio manual ganhava uma quarta marcha, enquanto a caixa automática ainda era de três marchas. Ao todo, foram comercializadas cerca de 183 mil unidades desse Ford Bronco de segunda geração, que foi vendido somente em 1978 e 1979, sacrificado no ano seguinte ao de seu lançamento para não interromper o ciclo de gerações da picape Série F.
A terceira geração chegava no mesmo ano de 1979, já como modelo 1980. Esse Bronco de terceira geração também era baseado na Série F com um entre-eixos mais curto, mas assim como a picape, que ganhou nova geração no mesmo ano, tinha base totalmente nova. Visualmente, ele seguia a mesma linha do Bronco anterior, com desenho parrudo e imponente, também similar ao da Série F. Nessa terceira geração, as mudanças eram mais focadas na parte mecânica, incluindo um novo esquema de suspensão dianteira, composto por molas independentes em um eixo rígido (sistema batizado pela Ford de Twin Traction Beam, ou TTB). Na traseira, era mantido o sistema de feixe de molas, conhecido pela grande robustez.
A gama de motores também era praticamente inteira inédita: saía de cena o V-8 402, e agora o maior motor oferecido passava a ser o, também V-8, 351 pol³/5,8 litros, desenvolvendo cerca de 138 cv e pouco mais de 36 m·kgf de torque (comparando com a segunda geração, a potência era reduzida por conta da crise mundial do petróleo da época, que exigia motores menores, menos potentes e mais econômicos). Abaixo dele estava um outro V-8, mas de 4,9 litros (302 pol³), e, nas versões de entrada, era oferecido um seis em linha com os mesmos 4.9 litros. Esse motor de seis cilindros foi oferecido somente com caixa manual, que ainda tinha quatro marchas, até 1983, quando passou a receber também a opção do câmbio automático de três marchas.
Dois anos depois, em 1982, o Ford Bronco já recebia mais evoluções visuais e mecânicas: a frente ganhava retoques e o V-8 351 (5,8 l) oriundo da segunda geração dava lugar ao novo V-8 Windsor, que mantinha a mesma cilindrada mas tinha o bônus de ser mais potente e torcudo. Para 1985 era a estreia da injeção eletrônica na linha do utilitário da Ford, e ela chegava ao V-8 302, que também recebeu avanços e ganhou mais de 50 cv e 6 m·kgf de torque (totalizando 190 cv e 39,4 m·kgf). Comercializando mais de 320 mil unidades durante sete anos, essa terceira geração foi a primeira a ter uma linha de produção fora dos EUA: durante 1981 e 1987, o Bronco era produzido e vendido também na Austrália, mostrando que ele não era feito só para americanos.
Para o ano seguinte, 1986 como linha 1987, o Bronco chegava na sua quarta geração, que utilizava a mesma base de antes, mas com carroceria totalmente renovada, além do interior inédito, com novo painel, volante, bancos, entre outros. Debaixo do capô, se mantinham as boas opções 4,9 l seis em linha (que também ganhava injeção eletrônica), 4,9 V8 (302 cv) e 5.8 V8 (351 cv). Sempre se modernizando, ele também recebia freios ABS e as versões mais caras passavam a ter um interruptor elétrico no painel para o acionamento da tração 4×4, aposentando a tradicional alavanca. O motor maior, V-8 de 351 cv, só trocou o carburador pela injeção eletrônica em 1988, no mesmo momento que o câmbio manual passou a ter cinco marchas. Alguns meses depois, era hora de modernizar também as versões com câmbio automático: saía de cena a antiga caixa de três marchas e o Ford Bronco passava a oferecer um câmbio automático de quatro marchas, melhorando sobremaneira a dirigibilidade e o consumo. Ao todo, foram produzidos mais de 236 mil Broncos de quarta geração.
Em 1991, era apresentada a quinta geração do suve Ford. Na realidade, se tratava mais especificamente de uma evolução visual, com interior redesenhado, além da frente mais moderna e arredondada, sempre seguindo a linha de design da picape Série F. Enquanto a mecânica permanecia inalterada, o Bronco de quinta geração se tornava mais seguro e requintado: o ABS passou também para as rodas dianteiras, a bolsa inflável para o motorista passou a ser de série em 1994, as zonas de deformação da carroceria em impactos foram melhoradas, os espelhos externos passaram a ter ajuste elétrico e os bancos em couro começaram a ser oferecidos como opcional. Na linha ’94, saía de cena o motor 4,9-l de seis cilindros, restando apenas os dois V-8 (4,9 e 5,8 litros). Ao todo, cerca de 161 mil unidades do Ford Bronco de quinta geração deixaram a linha de produção.
Até então, essa geração era a última do Ford Bronco, que se despediu oficialmente em meados de 1996 com os mesmos predicados de quando chegou, em 1965: máxima robustez, excelente capacidade off-road, desenho atraente e mecânica confiável. Mas essa história mudou há alguns dias, com a chegada do Novo Ford Bronco Sport no mercado americano, um carro totalmente novo e que, quando comparado com o modelo derivado das picapes Série F, mantém apenas o nome.
Fabricado no México, esse Novo Bronco Sport 2021 está ainda mais civilizado e compete no segmento dos suves compactos nos EUA (suves médios aqui no Brasil), com carroceria monobloco de cinco portas, motorização turbo, bastante tecnologia embarcada, diversos equipamentos inéditos e desenho bastante atual. São dois motores turbocarregados, ambos da família EcoBoost: um 1,5-l de três cilindros de 184 cv e 26 m·kgf, e outro maior, de 2 litros, de ótimos 248 cv e 38 m·kgf. Ambos são acoplados a câmbio automático de oito marchas.
Para o início de 2021, deverá chegar o Ford Bronco de sexta geração, esse sim sendo uma continuação do modelo que encerrou sua produção em 1996. Ele é feito no melhor estilo dos consagrados modelos do passado: carroceria sobre chassi com capota e portas removíveis, opção de três e cinco portas, motores potentes, câmbio manual de sete marchas e foco no fora-de-estrada. As suspensões mantêm a característica robustez, independente na dianteira e eixo rígido na traseira, ambas com molas helicoidais. Mesmo sendo bruto, trará muita tecnologia e eletrônica de série, tudo para facilitar ainda mais o off-road e passeios de aventura.
O melhor de tudo isso é que o Bronco chegará ao Brasil em 2021, confirmado pelo presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters.. Ainda não se sabe se o modelo que virá ao nosso mercado será o Bronco convencional de sexta geração, ou o Bronco Sport, que chegará por aqui como um suve médio mais urbano. Mas, independentemente de qual modelo virá, ambos darão trabalho para a concorrência, principalmente considerando suas boas décadas de mercado e enorme sucesso com o público mundial, principalmente o americano.
DM