A apresentação on-line do CAOA-Chery Tiggo 8 em agosto de 2020 deixou uma boa primeira impressão do veículo com o que foi mostrado, e a ansiedade por dirigir o novo suve médio da marca foi crescendo nesse período. Para não ser repetitivo com tudo que já foi relatado, o foco desta matéria é complementar com as impressões ao dirigir e no uso dia a dia.

Este vídeo e avaliação foram gravados nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio em Campinas, SP, onde foi possível observar a boa adequação para uso nas condições brasileiras. Se preferir assista primeiramente o vídeo:

Trem de força surpreende

Lendo os números de desempenho do motor já dava para ter uma ideia, mas só mesmo utilizandoos 187 cv do motor 4-cilindros 1,6-l turbo a gasolina foi possível comprovar o excelente trabalho de calibração de motor e câmbio feito pelos engenheiros brasileiros. A integração com o câmbio Magna (ex-Getrag) de 7 marchas robotizado com dupla embreagem em banho de óleo é perfeita. A resposta de aceleração é muito rápida, as trocas de marcha são sempre bem precisas e sem hesitações ou trancos.

A resposta do pedal do acelerador é bem responsiva mesmo no modo de condução ECO. Falta o modo Normal, sendo o segundo modo o Sport que deixa o suve bem mais disposto para conduzir. Em modo Manual as trocas de marcha são feitas apenas pela alavanca seletora, que parece um joystick, com subida de marcha para frente.

Na viagem de 120 quilômetros entre São Paulo e Campinas o consumo médio foi de 12,5 km/l, o que considerei muito bom, visto que saí da região do Shopping Ibirapuera com trecho inicial mais movimentado, e com o tradicional anda-para dos semáforos.

O nível de ruído interno está bem equacionado para uso geral e apenas em acelerações mais vigorosas, passando de 4.500 rpm fica mais pronunciado. O mesmo acontece com o ruído de rodagem. O veículo equipado com pneus nacionais Pirelli Scorpion 235/55R18V tem ruído de rodagem e aspereza na média da categoria. Nada incômodo ou em descompasso com o trem de força.

Interior espaçoso

A divisão do espaço interno em três fileiras de banco está muito bem resolvida para a acomodação, com conforto, de sete passageiros. O ajuste longitudinal da fileira intermediária, que é bipartida na proporção 70:30, proporciona maior espaço para os dois ocupantes da terceira fileira de bancos, e tem ajuste de inclinação do encosto em três posições. O acesso à terceira fila é facilitado pelo lado direito, onde o mecanismo de reclinação permite reclinar e empurrar o banco para frente com apenas uma mão.

Parece que o requisito de facilidade de operação fez parte do escopo deste projeto para os engenheiros da CAOA-Chery, pois outro banco que foi muito bem pensado em seu desenho e operação é a terceira fila. Novamente com apenas uma mão é possível bascular e levantar o encosto. A versatilidade e quantidade de opções de arranjo é bem grande, permitindo levar desde pequenas cargas, quando é necessário ocupar os sete assentos, até acomodação de objetos mais longos, como uma prancha de surfe quando com dois ocupantes. O volume do porta-malas varia de 193 a 1.930 litros de capacidade.

Os bancos dianteiros aparentavam ser confortáveis nas fotos, e agora já é possível afirmar que sim, são realmente. O banco do motorista tem ajuste de altura, distância e inclinação do encosto por meio de comandos elétricos, o que proporciona ótimo conforto e facilidade de encontrar a melhor posição de dirigir, complementado pelo ajuste de altura e distância do volante de direção.

A ergonomia interna é muito bem desenhada, com descansa-braço central e na lateral de porta bem posicionados. Os principais comandos estão ao alcance das mãos, assim como sua visualização. O quadro de instrumentos requer um tempo a mais para se acostumar com o visual e grafismo, e o computador de bordo ao centro tem as funções básicas, com o inconveniente já visto na avaliação do Arrizo 6, onde não permite fazer zeragem dos parâmetros com o veículo em movimento. O pessoal da CAOA-Chery poderia rever esse conceito, pois essa operação é menos perigosa do que sintonizar o rádio.

Central multimídia tem grafismo menos futurista que o quadro de instrumentos e a operação tem algumas particularidades que requerem costume de uso. O espelhamento de celulares IOs é através do Apple CarPlay, porém para Android requer a instalação de App específico no celular. O carregador de celular por indução (sem fio) traz praticidade, porém o alojamento tem pouco profundidade, permitindo que o celular escorregue e caia no piso do carro ao fazer curvas. E a necessidade de cabo para o espelhamento é uma incongruência que já vimos em outros veículos.

Os sistemas de auxilio ao motorista são os tradicionais controles de velocidade de cruzeiro convencional, auxilio de partida em aclive, alerta de ponto cego no retrovisor e alerta de limite de velocidade ajustável, não oferecendo os sistemas semiautônomos de frenagem, permanência em faixa ou leitor de indicação de velocidade, como visto em outros veículos dessa categoria.

Suspensão bem ajustada

Na análise técnica no elevador não foi notado nenhuma grande novidade na construção das suspensões que pudéssemos destacar, mas fica claro que o projeto de suspensão dianteira McPherson e traseira multibraço foi elaborado com objetivo de associar baixo custo de peças à eficácia de operação. Todos os braços de controle, dianteiros e traseiros são em aço estampado, o mesmo acontece com os subchassis dianteiro e traseiro.

Na dianteira nota-se a extensão do subchassi dianteiro para melhorar o resultado no teste de impacto frontal, o que certamente ajudou a obter a classificação 5 estrelas junto ao C-NCAP, entidade similar ao Latin NCAP. Na traseira há preparação para uma versão 4×4. O subchassi tem espaço para um diferencial e as mangas de eixo em alumínio têm um inserto de fechamento onde poderiam conectar-se as semiárvores.

Apesar de não possuir a tração nas quatro rodas, o novo Tiggo 8 está apto a enfrentar pisos de terra com erosões sem muita dificuldade. Os ângulos de entrada e saída, 20 e 23 graus respectivamente, o credenciam para tal. A possibilidade de enfrentar alagamentos de até 450 mm de profundidade e inclinação lateral de até 35 graus denunciam que uma versão off-road poderá aparecer a qualquer momento.

A calibração da suspensão está longe de ser daqueles carros chineses que chegaram por aqui anos atrás. O Tiggo 8 foi muito bem ajustado para os nossos padrões de piso e de requisito de consumidor. Com o veículo vazio é possível sentir uma movimentação mais contida, o que certamente irá ajudar a não deixar o carro excessivamente solto quando estiver na carga máxima de 670 kg (7 ocupantes de 70 kg mais 180 kg no porta-malas). Uma boa capacidade de carga, porém com a limitação de não ser homologado para reboque.

O sistema de direção com assistência elétrica é muito bem calibrado para esforço nas diversas condições de velocidade e a sensação de centro do volante é muito positiva, transmitindo segurança, precisão e conforto ao dirigir.

No sistema de freio a disco nas quatro rodas, com discos ventilados na dianteira, novamente foi adotado o básico com pinças deslizantes, com freio de estacionamento de acionamento eletromecânico. A modulação do pedal de freio é perfeita tanto em esforço quanto em curso. O apoio do pé esquerdo no pé da coluna é muito bom, principalmente para quem não tem o costume de frear com o pé esquerdo em carros com câmbio automático.

Exterior imponente

É no exterior que os designers alemães da CAOA-Chery gastaram a criatividade para dar brilho ao carro. Os frisos cromados estão por todas as partes, e a grande grade dianteira em preto brilhante tem elementos cromados que conjuntamente brilham ao sol, chegando a dar a impressão que é inteira cromada. Como já foi comentado em outras avaliações de carros desenhados na China, esse exagero de jewell effect (efeito joia) é uma grande atração daquele mercado que acaba vindo para cá.

A chave com sensor de aproximação é outro requinte para o uso no dia a dia, exigindo a utilização da chave apenas quando se deseja dar partida remota no veículo para climatização da cabine. Solução muito boa para os dias quentes em um país tropical como o nosso, principalmente porque o sistema de ar-condicionado automático, com duas zonas de conforto na dianteira e saídas de ar climatizado para o banco traseiro é ineficiente para fazer o resfriamento rápido da grande cabine. Portanto, essa opção de pré-climatizar ajuda muito.

A iluminação é toda em LED, incluindo a DRL, mas com a inexistência de faróis de neblina, porém com a vantagem de regulagem de altura do facho pelo comando elétrico na cabine. As lanternas traseiras formam um bonito desenho iluminado que se estende pela tampa do porta malas.

Ainda na traseira a adoção de escapamento com saída dupla funcional no para-choque oculta a solução adotada de dois silenciadores traseiros de volumes medianos. Entre os silenciadores encontra-se o estepe do tipo mini na medida T125/80R17M, externamente e sob o piso do assoalho.

Mercado

O preço promocional de lançamento já ficou para trás e hoje o Tiggo 8 TXS, produzido na fabrica de Anápolis, GO em versão única está com preço público sugerido de R$ 173.950.

Dentro do segmento de suves médios com capacidade para 7 passageiros, o Tiggo 8 passa a ser uma excelente opção, deixando os executivos da VW com Tiguan Allspace, e Mitsubishi Outlander e Peugeot 5008, apreensivos da sua aceitação no mercado e consequente perdas de participação no mercado para suas marcas.

GB

Ficha técnica e lista de conteúdo após as fotos adicionais: