Com certo atraso e algumas mudanças ao que foi anunciado semanas atrás, a direção da Fórmula-1 (foto de abertura) anunciou ontem que três GPs desta temporada serão disputados com o novo formato de treinos e classificação. Dois deles terão lugar em circuitos europeus e o terceiro em uma pista em outro continente; as etapas de Silverstone e Monza são favoritas para testar o novo cronograma, que terá dois treinos livres de uma hora — nas manhãs de sexta-feira e sábado —, uma prova de classificação na sexta-feira à tarde e uma corrida de uma hora no sábado à tarde.
A tomada de tempos da sexta terá o mesmo esquema da prova de classificação atual e vai definir o grid de largada para a corrida curta de 100 km; o resultado determinará as posições de largada no domingo. Para compensar possíveis danos e diminuir o desgaste dessa corrida extra será permitido substituir algumas peças danificadas (como o bico) ou gastas (pastilhas de freio, por exemplo). Entre a corrida de sábado e a de domingo serão permitidos ajustes na regulagem dos carros, sem prejuízo ou punição.
Cada equipe receberá um prêmio extra de US$ 150.000 por sprint race e um seguro para o caso de acidentes durante a prova de sábado. Ainda não está claro se os três primeiros classificados receberão 3, 2 e um ponto no campeonato, nessa ordem. A F-1 disputa a terceira etapa da temporada no próximo fim de semana: domingo será realizado o GP de Portugal no autódromo de Portimão, região do Algarve. Lewis Hamilton lidera o campeonato com 44 pontos, um a mais que Max Verstappen. Lando Norris é o terceiro com 27.
Nova Stock Car teve pontos altos e outros conturbados
A abertura da temporada 2021 da Stock Car, nome que agora leva o apêndice Pro Series, começou em grande estilo, domingo, no autódromo de Goiânia, por si só um autódromo que contribui para a beleza plástica de espetáculos desse tipo. O bom trabalho desenvolvido por Fernando Julianelli e sua equipe ficou comprovado pelo grid de 32 carros, número que há tempos não se via na categoria. Isso é consequência de oferecer transmissão ao vivo pela TV aberta e oferecer novas possibilidades a patrocinadores e apoiadores.
Na pista o que se viu foi o sucesso do preparador mais experiente da categoria, o paranaense Rosinei “Meinha” Campos e os dois pilotos da equipe Eurofarma, os tricampeões Daniel Serra e Ricardo Maurício. A capacidade de Meinha ficou clara com a vitória de Serra e Maurício nas corridas 1 e 2, respectivamente, e mostrou que novas estrelas como Felipe Massa e Tony Kanaan, terão que pagar um pedágio salgado até se juntar ao pelotão da frente. Ricardo Maurício deixou Goiânia como vice-líder do campeonato, mas quando já descansava em sua casa, em São Paulo, foi informado de ter sofrido uma punição e acabou caindo para nono.
Indiferente à causa de sua penalização, o prejuízo maior foi para o evento, cujo desfecho glorioso foi empanado por desclassificações e punições anunciadas várias horas após os pilotos terem subido ao pódio, recebido seus troféus e a imprensa divulgado o resultado que se viu na pista e em várias plataformas de comunicação em todo o mundo. Verdade que o novo formato do evento — duas provas, com a largada da segunda ocorrendo poucos minutos após o término da primeira — contribuiu para a confusão. Isso, no entanto não justifica a tardia correção do resultado, mas lembra que deveria ter havido melhor análise dos potenciais riscos de um intervalo tão pequeno.
A demora em definir punições também indica que há falta de mão de obra para controlar o que se passa na pista e que erros como esse não devem se repetir, sob risco de anular o esforço dos promotores do evento. Fernando Julianelli já se preocupa em conversar com a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) sobre o ocorrido: “Ficamos felizes com a virada que a gente deu, mas decepcionados com o a demora em sair os resultados e com a atitude de alguns pilotos, que desconsideraram o fair play que deve existir em qualquer esporte. Vamos conversar com a CBA sobre isso e tentar trazer mecanismos de tecnologia para ficar menos sujeitos a falhas humanas.”
A falta de fair play (espírito esportivo) mencionada pelo promotor e os recursos impetrados por equipes revela algo pior: a cultura que reina no ambiente. Grandes categorias raramente vivem situações análogas, algo regular entre nós. Giovani Guerra, o presidente da CBA, defendeu o trabalho dos comissários técnicos e lembrou que houve um número excessivo de incidentes: “Os comissários fizeram um esforço hercúleo para analisar todos os incidentes da prova e os vários recursos e nenhum procedimento deixou de ser aplicado. Claro que ninguém gosta da demora de um resultado, mas as circunstâncias de ontem levaram a isso.”
Alfredo Tambucci Jr, presidente da Comissão Nacional de Velocidade e responsável pelo treinamento e aperfeiçoamento dos comissários reconhecidos pela CBA, confirmou que “o trabalho pós-corrida em Goiânia levou mais tempo porque foram vários os recursos e incidentes, que precisaram ser analisados um a um. Isso significa cumprir etapas definidas no regulamento, tais como ouvir as partes, analisar câmeras onboard, reunir o grupo para deliberação etc.”
Com as alterações os dez primeiros classificados no campeonato, que prossegue dia 16 de maio, em Interlagos, são: 1) Daniel Serra, 44 pontos; 2) Gaetano di Mauro, 34; 3) César Ramos, 32; 4) Bruno Baptista, 31; 5) Denis Navarro, 30; 6) Átila Abreu, 30; 7) Thiago Camilo, 30; 8) Cacá Bueno e Ricardo Maurício, 29; 10) Gabriel Casagrande, 24.
WG