Um grande carro como o Volvo XC60 merece uma grande viagem, “esticar as pernas” de verdade, e por acreditar nisso na semana acrescentei ao hodômetro quase mil quilômetros Saí de São Paulo, fui a cidade imperial, Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, e voltei. Um prazer imenso (foto de abertura).
O percurso não foi o mais curto, busquei estradas turísticas no lugar das mais rápidas, para aproveitar melhor não apenas um curto espaço de férias, mas principalmente aumentar o conhecimento sobre o Volvo e, claro, alongar minhas horas ao volante deste suve sueco, que a cada minuto que passa me convence mais.
Horas ao volante? Nesta semana interestadual foram 20, a maior parte delas em rodovias cheias de curvas e belas paisagens, mar e montanha. Despenquei do Vale do Paraíba rumo a Angra dos Reis, e dei vazão ao lado “Recharge” do XC60, que nos declives repõe energia para gastá-la quando aparece uma rampa. Tomadas para recarga, confesso, não procurei muito.
Na verdade, a única que apareceu no período (duas, na verdade), estavam ocupadas, dando “de mamar” a um Renault Zoe e um Volvo XC40 Recharge, o elétrico puro da marca. Sim, dois elétricos 100% em um ponto de distribuição de energia de um Graal (rede de restaurantes com postos de combustíveis, para quem não sabe…) localizado na Rodovia Presidente Dutra, região de Queluz, SP, praticamente na divisa de Rio de Janeiro com São Paulo. Nas fotos abaixo, momentos — inesquecíveis — da volta turística
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Reflexão: acho que dei azar, certamente aquelas tomadas passam a maior parte de seus dias sem trabalhar, mas estou certo que tomadas deste tipo ficarão ocupadas cada vez mais. Há quem torça o nariz fortemente para veículos mistos, que usem motores a combustão interna associados a elétricos, como este XC60 ora em teste, e há os que enxergam os carros 100% elétricos como uma piada, modinha boba de ambientalista, para fazer a Greta Thunberg feliz.
Sinto dizer, mas estes se enganam. Problemas de geração de energia ou de infraestrutura para distribuí-la à parte, são nos veículos híbridos ou elétricos puros que as fichas da mobilidade mundial estão sendo colocadas. Imagino que este é um movimento sem volta, ou que perdurará até acharem solução melhor, que afete ainda menos o meio ambiente pois, sabemos, elétricos não são tão “limpos” assim. Há a questão da matriz energética (se termoelétrica, trocamos seis por meia dúzia…) e a da extração malvada dos componentes da bateria, o lítio e todo o resto.
Independentemente disto, os ICE — Internal Combustion Engines —, como os conhecemos atualmente, estão com os dias contados por mais que os adoremos. Mais do que a sujeira que sai dos escapamentos, é a crônica ineficiência de rendimento – na melhor das hipóteses de 25% a 35% na vida como ela é —, que decretará seu fim.
Tal constatação me fez lembrar um velho slogan dos anos 1980: “Carro a álcool, um dia você vai ter um!” Só que agora, troque a palavra “álcool” por elétrico, ou híbrido. Quanto menos você espera, um destes estará em sua garagem. Conforme-se, aceite, doerá menos.
Volto à minha viagem que marcou a 3ª semana com o XC60: consolidei informações, e acrescentei admiração, como explicitei linhas acima. O único problema do Volvo, de fato, é a pobreza. A minha. O preço elevado o coloca a anos-luz de minha possibilidade financeira (e da grande maioria dos brasileiros). Mas, se você que me lê pode pagar por ele, vá em frente; não tenha medinho da tecnologia, não ache que “não vai dar certo” ter um híbrido plugável (ou PHEV, Plug-in Hybrid Electric Vehicle, que dá mais status).
Ele não vai te deixar na mão e, sim, você vai perder dinheiro, mas não pela desvalorização, mas por ser um mero carro que, por melhor que seja, é um bem de consumo durável e não investimento. A depreciação faz parte do jogo. Carros são e sempre foram um sorvedouro de dinheiro que te devolve algo em forma de comodidade, imagem, autoestima. Ah, mas e o preço das revisões? E se quebrar um farol? Ora, tenha paciência… Vai gastar 400 mil em um carro e se preocupar com os 20 mil da revisão depois de um ano de uso? Ande de Uber, então.
Queimar dinheiro ninguém quer, mas os exatos 1.755 km que rodei de XC60 até agora mostram que vale investir neste Volvo, que te dará conforto, eficiência dinâmica, desempenho, segurança (muita!) e percepção de qualidade aos montes. Sou daqueles que, desde os 9, 10 anos de idade se distrai observando detalhes construtivos. De carros, motos, relógios, geladeiras, o que for. Fazer isso no XC60 diverte. É como um jogo dos sete erros ao contrário, a graça é NÃO conseguir achar o erro, o defeito ou a imperfeição. É preciso ser muito crica para criticar algo no XC60 Recharge. Mesmo assim, tentei. Querem ver?
Gostaria que a suspensão fosse algo mais firme quando em tocada rápida, e mais macia rodando devagar. Uma suspensão com ajuste eletrônico resolveria, coisa que tem nos XC60 mais caros (este de teste é a versão de entrada). Gostaria que cobertura plástica do porta-malas tivesse um sistema de retenção diferente. Gostaria de portas USB na parte frontal do painel e não enfurnadas sob o apoio de braço do console. Gostaria que a sensibilidade do pedal do freio fosse mais acentuada. Gostaria que a porta não despencasse em minha perna quando estacionei em aclives. Gostaria que o sistema que abre ou fecha o porta-malas passando o pé sob o para-choque traseiro funcionasse de primeira, e não quando ele bem entendesse.
Perceberam que são todos detalhes bobos? Pois é. O Volvo XC60 foi o World Car of the Year em 2018, Best in Class no Euro NCAP de 2017 e é, desde sempre, um dos mais vendidos de sua categoria nos EUA, Europa, China e Brasil. Meu dentista tem um XC60 desde 2014. O cara gosta de carros, mas é racional, não entusiasta. Nos seus anos na marca (foi por muitos anos dono de um Toyota Fielder e anda tem um Hyundai Vera Cruz) concluiu que não trocará seu XC60 por nada, alegando que o carro com 60 mil km ainda está novo, e por não querer completar a montanha de dinheiro necessária para comprar um XC60 atual. Compraria outro? Sim, mas só se precisasse.
Até os 50 mil usou serviços de concessionária, mas recentemente “correu” do orçamento de 22 mil para troca de quatro discos e pastilhas. Resolveu o problema na oficina da seguradora por um terço do valor. Problemas nestes mais de seis anos? Nenhum, a não ser a troca de ambos faróis, vandalizados por um flanelinha, orçamento que superaria os 40 mil reais mas que o seguro cobriu. Só teve de esperar um bom tempo até chegarem as peças. Atrasos ao quais está sujeito até o dono de um Gol em tempos de just-in-time.
Descendo a serra de Petrópolis rumo ao arco metropolitano (que medo!) e depois Dutra, lembro das palavras do dentista sobre esta e outras histórias de Volvo. Lembro também que assim que chegar à parte chata da viagem, a Dutra, o Pilot Assist e o Cruise Control adaptativo vão me dar sossego e segurança no meio daquele mar de caminhões. Lembro também que logo vai anoitecer, e que a copilota vai de novo dizer que está enxergando mais de noite do que de dia. Tudo isso em uma posição de pilotagem excelente, com 407 cv debaixo do pé direito, desfrutando o prazer que dá guiar um veículo bem projetado e bem construído. Vale sim os quase 400 mil. É potente, estável, confortável, freia de modo estupendo, encantou a família e todos os que se dignam observá-lo com atenção. Por fim, ducha fria, lembro que não é meu, e que dentro de uma semana o devolverei. Vou sentir saudade, certamente. Para a semana derradeira o programa é a visita à Suspentécnica e rodar na cidade em modo Pure, o elétrico 100%. Vou precisar de uma tomada…
RA
Leia os relatórios anteriores: 1ª semana 2ª semana
Volvo XC60 Recharge T8 Momentum
Dias: 21
Quilometragem total: 1.755 km
Distância na cidade: 316 km (18%)
Distância na estrada: 1.439 km (82%)
Média de velocidade: 48 km/h
Tempo ao volante: 38h35min
Consumo médio: 10,8 km/l
Melhor consumo: 16,0 km/l
Pior consumo: 9,2 km/l
FICHA TÉCNICA VOLVO XC60 RECHAGE T8 MOMENTUM | |
MOTOR A COMBUSTÃO | |
Designação | B4204T48 |
Tipo | 4 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas, correia dentada, variador de fase na admissão e escapamento, injeção direta, 4 válvulas por cilindro, turbocarregador e supercarregador, interresfriador, gasolina 95/98 RON |
Cilindrada (cm³) | 1.969 |
Diâmetro (mm) | 82 |
Curso (mm) | 93,2 |
Taxa de compressão (:1) | 10,3 |
Potência máxima (cv/rpm) | 320 / 5.700 |
Torque máximo (m·kgf/rpm) | 40,8/2.200~5.400 |
MOTOR DE PARTIDA/GERADOR | |
Localização | Entre o motor e o transeixo |
Potência (cv) | 45 |
Torque (m·kgf) | 16 |
MOTOR ELÉTRICO DE TRAÇÃO | |
Tipo | Síncrono de ímã permanente, |
Localização | Eixo traseiro |
Potência máxima (cv) | 87 |
Torque máximo (m·kgf) | 24,5 |
TORQUE E POTÊNCIA COMBINADOS | |
Potência total combinada (cv) | 407 |
Torque total combinado (m·kgf) | 65,3 |
BATERIA DE TRAÇÃO | |
Tipo/localização | Íons de lítio / central no túnel do veículo |
Tensão (V) | 400 |
Capacidade (kW·h) | 11,6 |
Potência máxima de carga, AC (kW) | 3,6 |
TRANSMISSÃO | |
Designação | AW TG81SD |
Tipo | Transeixo dianteiro com câmbio automático epicíclico de 8 marchas, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 5,250; 2ª 3,029; 3ª 1,950; 4ª 1,457; 5ª 1,221; 6ª 1,000; 7ª 0,809; 8ª 0,673; Ré 4,015 |
Relação de diferencial (:1) | 3,329 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, triângulos superpostos, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Independente, multibraço, mola transversal de lâmina única de compósito de fibra de vidro, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Diâmetro mínimo de giro (m) | 11,4 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/345 |
Traseiros(Ø mm) | Disco/320 |
Controle | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e auxílio à frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 7,5J x 19 |
Pneus | 235/55R19H |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, suve, 4 portas, 5 lugares |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.688 |
Largura sem/com espelhos | 1.999/2117 |
Altura | 1.658 |
Distância entre eixos | 2.865 |
Bitola dianteira/traseira | 1.653/1.657 |
Distância mínima do solo (mm) | 216 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha (kg) | 2.080 |
Carga útil (kg) | 580 |
Carga máxima no teto (kg) | 100 |
Peso máximo rebocável (kg) | 2.100 |
Tanque de combustível (L) | 71 |
Porta-malas (L) | 483 a 1.410 |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,32 |
Área frontal (calculada, m²) | 2,65 |
Área frontal corrigida (m²) | 0.84 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 5,4 |
Velocidade máxima (km/h) | 180 (limitada) |
ÂNGULOS | |
Entrada/saída/rampa (º) | 23,1 / 35,5 / 20,8 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL WLTP | |
Médio (km/l) | 30,3 |
ALCANCE | |
Em modo elétrico (km) | 45 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
V/1000 em 8ª (km/h) | 61 |
Rotação a 120 km/h em 8ª (rpm) | 1.970 |
Rotação à vel. máxima em 8ª (rpm) | 2.950 |