Como sempre eu faço a divulgação das matérias em vários canais, um deles o Facebook, refiro-me aqui em especial à matéria “Harlequin ou Inhotim“. E desta vez recebi uma mensagem pelo Facebook que me surpreendeu. Foi de Rodrigo Bilinha Ziliani, que é o mecânico responsável por achar e reformar de uma maneira incrível os VW Fuscas ‘Cintra 959’ que agora estão numa coleção particular (veja minha matéria “VW Fusca ‘CINTRA 959’ Trinta Anos“).
E a surpresa ficou por conta das fotos que ele enviou e da história incrível que ele contou. O Rodrigo viveu no Japão por dois anoss e lá ele trabalhou ocasionalmente numa oficina de VW’s arrefecidos a ar, a MAD MAX de Toyokawa, cidade vizinha de Toyoashi:
O Rodrigo fala japonês por conta de sua ascendência japonesa por parte de mãe. E no fim da estada dele por lá, no começo de 2018, ele fez uma descoberta incrível na cidade litorânea de Toyohashi, na região de Chübu (Tokai), pertencendo à prefeitura de Aichi, a 288 km ao sul de Tóquio.
Lá ele acabou encontrando uma raridade mundial: um “VW Vocho Arlequín” original largado ao relento no estacionamento de uma loja, no caso uma ótica! Veja a foto de abertura.
Já a foto abaixo rendeu uma especulação feita com a colaboração do Rodrigo. Eu fiquei surpreso com o adesivo da ‘Benetton Fórmula 1’ nas janelas traseiras deste carro. Ao questionar o fato com o Rodrigo ele lembrou que a Benetton também faz óculos e que o dono do carro tem uma ótica. O Rodrigo mesmo comentou que tem um par de óculos Benetton.
Foi um amigo do Rodrigo que contou a ele da existência deste carro e ele foi conferir. Aí ele foi falar com o dono do carro que disse ter comprado o carro na loja Flat4, de Tóquio, conhecida como a Meca dos Volkswagens no Japão. Mas, como não tem uma garagem para o carro (aliás, é difícil se conseguir uma garagem fechada lá), ele o deixa todo o ano ao relento no estacionamento de sua loja, dando uma movimentada nele a cada seis meses!
Infelizmente, como o Rodrigo comentou, o carro já apresenta sinais de degradação pela ação do tempo e da maresia (Toyohashi é uma cidade litorânea), apesar de ter um pouco mais de 1.000 km no hodômetro. Na foto de detalhe abaixo se pode ver o adesivo em espanhol do consumo do carro; mas o detalhe é a degradação da borracha do para-brisa.
O carro veio com uma placa alemã que está agora no local da placa dianteira — HB WR 1261 (onde HB se refere à cidade portuária de Bremen, próximo a Hamburgo, no norte da Alemanha). O VW Vocho foi registrado no Japão, mas está com a licença suspensa para não ficar pagando impostos por um carro que está parado num estacionamento. Na hora que ele quiser ele pode reativar a licença.
Um outro detalhe que o Rodrigo registrou foi a inscrição “Made in Germany” na lente do farol Hella que está no carro. Ocorre que para nacionalizar o carro na Alemanha as autoridades exigem, dentre outras coisas, que faróis e lanternas sejam certificados na Alemanha, o que geralmente leva à necessidade de troca por similares alemães (o mesmo se aplica a Kombis brasileiras que foram levadas para a Alemanha).
O Rodrigo tentou por várias vezes comprar este carro, mas o dono não o quer vender, pois acha que ele é um excelente chamariz para a sua loja…
Esta história é simplesmente chocante, este deve seu um dos últimos “VW Vochos Arlequín” originais feitos em Puebla ainda existentes. Seu lugar seria num museu e não apodrecendo lentamente num estacionamento no Japão.
Fica aqui o meu agradecimento ao Rodrigo Bilinha Ziliani por ter postado fotos deste carro no meu Facebook e depois por ter complementado as informações e enviado mais fotos que permitiram a compilação desta matéria. Um registro triste, porém, necessário.
AG
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