Entrar em um BMW, seja sedã, hatch ou suve é certeza de encontrar uma ótima posição de dirigir, potência adequada e principalmente a característica “Fun to Drive” (divertido de dirigir) que os carros da marca sempre oferecem. E com os elétricos parece que a saga continua, o que é muito bom para quem é entusiasta do prazer ao dirigir, independente de se a propulsão é movida a gasolina, álcool, hidrogênio, carvão, eletricidade ou qualquer outra forma que venham a inventar no futuro.

O novo iX3 M Sport foi apresentado no Brasil em novembro de 2011 e chega com a prerrogativa de ser um suve com tração traseira. O que já vem se tornando mosca branca, pois parece que o gosto dos fabricantes está sendo tração dianteira ou integral para esse tipo de carroceria, como bem notado pelo Bob Sharp em sua coluna dominical.

Se preferir assista primeiramente ao vídeo gravado na região de Alphaville em São Paulo:

No uso

A apresentação do carro já foi relatada aqui no AE quando do lançamento oficial do veículo, portanto, como não precisamos ser repetitivos, vou apresentar as principais características de uso que identifiquei durante os 1.065 km rodados em cinco dias com esse bonito suve.

O motor elétrico instalado transversalmente no eixo traseiro entrega 286 cv e 40,5 m·kgf às rodas para permitir aceleração de 0-100 km/h em apenas 6,8 segundos. Um resultado animador para um veículo com 2.185 kg de peso em ordem de marcha. Mas se buscar essa aceleração a cada saída de semáforo ou pedágio, certamente a carga da bateria de 80 kW·h irá se esgotar muito antes da chegada ao destino.

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O mesmo acontece com um esportivo com motorzão a combustão, com a diferença que o abastecimento líquido ainda é muito mais rápido que o elétrico. Mesmo com possibilidade de carregamento em corrente contínua de até 150 kW, o que permite atingir 80% de carga em menos de 30 minutos, os carregadores com essa potência ainda não são encontrados em cada esquina. Mas apesar dessa limitação, viagens de até 350 km podem ser realizado sem a menor preocupação com o iX3 M Sport, e até abusando um pouco nas acelerações.

Durante a semana de testes fui por três vezes a São Paulo (250 km ida e volta), em dias consecutivos, sem sustos ou ansiedade pelo alcance da carga da bateria. Ao chegar em casa gastei certa de 30 segundos para conectar a tomada Tipo 2 do carregador de 7 kW e no dia seguinte pela manhã mais 30 segundos para desconectar, e a bateria já estava novamente com 100% de carga, pronta para uma nova jornada.

Sim, é uma mudança de paradigma, e uma sensível economia financeira pois o custo do quilômetro rodado é inferior a R$ 0,15, cerca de 1/3 do de um motor a combustão. No caso das viagens (de Campinas) a São Paulo, o custo total é inferior ao valor pago nas quatro praças de pedágio, e essa ainda não tem placa fotovoltaica que ajude a reduzir o valor.

Os haters de carro elétrico farão a conta e dirão que o custo adicional do veículo não justifica tal economia. Realmente, na ponta do lápis ainda está difícil precisar a vantagem ou desvantagem, afinal não sabemos qual será o valor de um carro elétrico depois de 3~5 anos de uso. E se a desvalorização for menor que um carro equivalente a combustão? Como ficarão os haters?

Conforto

Além da excelente posição de dirigir proporcionado pelo perfeito estudo ergonômico dos engenheiros da BWM, os ajustes elétricos nos bancos dianteiros, com memória no do motorista, permite deixar salvo aquela posição perfeita que ao longo dos dias de uso vamos acertando e encontrando. Depois de algumas horas ao volante, parece que o carro foi ajustado ao nosso corpo pelo melhor alfaiate da face da Terra.

Os ocupantes do banco traseiro tem o recurso de reclinar o encosto e ajustar a própria temperatura de cabine pelo sistema de ar-condicionado com três zonas. O espaço para as pernas e cabeça é suficiente para adultos de grande estatura.

A ausência de ruídos e vibrações de um motor a combustão é reclamada pelos haters dos carros elétricos, mas esses mesmos hater” reclamam quando um motor a combustão passa muita aspereza à cabine. No caso do iX3 M Sport o silêncio a bordo é bem recebido e nas medições de ruído nota-se que o principal contribuidor é a aspereza de rodagem dos pneus 245/50R19.

Medições de ruído interno – Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

A quietude a bordo é complementada por visual discreto e bem acabado do revestimento interno, o que passa também a sensação de calma e tranquilidade, principalmente ao escolher cores mais suaves e neutras na iluminação ambiente dos painéis. As linhas do painel de instrumento se conectam com as linhas dos painéis de portas, dando a impressão de continuidade e boa harmonia visual.

Os porta-objetos distribuídos pelo interior permitem acomodar os principais itens de uso diário e o celular tem o alojamento com carregador por indução no console central. O pareamento de Apple CarPlay e Android Auto é feito sem necessidade de cabo USB na central multimídia MMI Touch da BMW com GPS e mapas integrados. O sistema de som é da Harman Kardon com ótima resposta acústica.

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Dinâmica esperada

O ajuste dinâmico da suspensão e direção do iX3 M Sport é feito para proporcionar segurança e conforto, sem perder o toque esportivo que é natural da marca. Entrar em curvas em velocidade acima do recomendado não é um problema, pois os sistema de controle de estabilidade estão sempre de prontidão para ajudar na correção da trajetória. As reações do carro são previsíveis e mesmo a aplicação brusca do freio durante uma curva, não provoca reações adversas.

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A suspensão dianteira do tipo McPherson utiliza duplo braço inferior com dois articuladores junto à manga de eixo, permitindo melhor contado do pneu com solo ao esterçar. Na traseira o sistema multibraço é ótimo para obter melhor tração e proporciona conforto pelo generoso curso de trabalho da suspensão. Os amortecedores são do tipo hidráulico e pressurizado sem ajuste dinâmico de cargas, as molas helicoidais têm constante elástica fixa e há barra antirrolagem nos dois eixos.

O sistema de direção possui assistência elétrica através de pinhão secundário que está conectado ao motor de passo. Há possibilidade de selecionar duas curvas pré-programadas de carga do sistema, e apenas duas voltas são suficientes para ir de batente a batente, graças à relação variável da caixa de direção. Com esse recurso nota-se uma perfeita conexão entre o volante e as rodas, facilitando manobras de baixa velocidade, permitindo contornar curvas com suavidade e boa firmeza de direção em alta velocidade.

A integração do sistema de freio regenerativo com o freio de serviço é muito bem calibrada e difícil de notar o acionamento individual de cada um. Ao posicionar a alavanca de câmbio na posição “B” (brake = freio) aumenta substancialmente a ação de “freio-motor” produzido pela regeneração de energia, um ótimo recurso para descida de serra ou uso em trânsito urbano intenso.

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Tecnologia que ajuda

Os sistemas de auxílio ao motorista utilizam a tecnologia do BMW Live Cockpit com quadro de instrumentos digital e configurável. A integração com Amazon Alexa é aquele tipo de funcionalidade que precisa ser muito fã para sair utilizando. Não é o meu caso. Já a ótima resolução da câmera de ré e os sensores de estacionamento traseiro e dianteiro auxiliam nas manobras, afinal são 4.734 mm de comprimento total e entre-eixos de 2.864 mm.

O controle de velocidade de cruzeiro é adaptativo com ativação no volante, juntamente com o comando do sistema de permanência em faixa, facilitando a operação de ambos. Os faróis tem ótimo desempenho e a disponibilidade do alto automático facilita muito a condução noturna.

Conclusão

Como dito antes, ao entrar em um BMW espera-se o desempenho, conforto e esportividade de um BMW, e o iX3 M Sport entrega justamente o que se espera. A propulsão elétrica acaba sendo um item a mais no conjunto de atributos disponível nesse veículo que está com preço público anunciado no site da marca a partir de R$ 485.950, para alcance de até 460 km (WLTP) que na vida real mostrou ser em torno de 380-400 km.

GB