Semana passada (22/4) mostramos aqui o vídeo no qual o Honda Civic Type R S (foto de abertura) registrou um novo recorde na pista Nürburgring, percorrendo os atuais 20,8 km do Circuito Norte (Nordschleife) em 7:44,881 à média de 161,1 km/h.
Vale destacar que este recorde é referente a modelos de produção em série com tração dianteira, e o Honda superou a marca registrada pelo Renault Mégane R.S. Trophy-R que, em 2019, percorreu o mesmo circuito em 7; 45,389 milésimos. Mas tem recorde para todas as categorias de automóveis, de turismo a superesportivos.
Nürburgring é, sem nenhuma dúvida, a mais espetacular pista para pilotar automóveis. Com curvas de todos os tipos, de alta e baixa velocidade, grandes trechos de reta, além de declives e aclives espetaculares como o Flugplatz (aeródromo), onde os carros de Fórmula 1 “decolavam” com as quatro rodas no ar.
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Este trecho é seguido mais adiante pela emocionante descida de Fuchsröhre (toca da raposa), uma sequência de curvas a direita e esquerda de tirar o fôlego e que Jackie Stewart afirmou, em documentário, ser a força G tão grande que, no final do trecho, ele não conseguia levantar o pé do acelerador.
Construído na década de 1920, no meio da Floresta Negra, Alemanha, a pista de Nürburgring teve, segundo consta, dois objetivos: garantir emprego para um grande número de pessoas famintas em um país que enfrentava severa crise econômica pela derrota na Primeira Guerra Mundial e também para ser pista de testes para desenvolvimento da indústria automobilística.
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Claro que, na época, não se construiria um empreendimento de tamanha magnitude apenas para realizar corridas de automóveis. Mas logo a pista se tornou a preferida dos apaixonados pela velocidade e “templo” para destacar pilotos virtuosos espetaculares, como os italianos Alberto Ascari r Tazio Nuvolari, os alemães Rudolf Caracciola ,e Bernd Rosemeyer, o argentino Juan Manuel Fangio, os escoceses Jim Clark e Jackie Stewart e o inglês John, Surtees.
Durante várias décadas Nürburgring foi o palco do GP da Alemanha, até o acidente de Niki Lauda, em 1976. Na ocasião, já havia um movimento para eliminar o circuito no calendário da F-1. Isto porque à grande extensão da pista dificultava o atendimento rápido em caso de acidente, como ocorreu com Lauda.
Mas outro motivo foi a categoria já estar se tornando um espetáculo para a televisão e o longo traçado complicava a transmissão, principalmente numa época que os sistemas de telecomunicações ainda eram analógicos. Dá para imaginar, com os recursos atuais, de como seria espetacular uma transmissão de Grande Prêmio de F-1 em Nürburgring.
A categoria não voltou mais lá. E o recorde oficial ficou com Clay Regazzoni, que no GP da Alemanha de 1975, com Ferrari 312-T, marcou a volta em 7:06,4, média de 192,8 km/h. Mas o piloto que percorreu a pista mais rapidamente com F-1 foi Niki Lauda que, no mesmo GP e também com Ferrari 312-T, marcou a pole position com o tempo de 6:58, 6, média de 196,7 km/h.
Estes tempos só foram batidos em 1983, na prova de esporte-protótipos Mil Quilômetros de Nürburgring, última competição internacional realizada no antigo Circuito Norte que, na ocasião, tinha 22,8 km de extensão. O feito foi do alemão Stefan Bellof, que conquistou a pole-position marcando o tempo de 6:11,13 média de 201.8 km/h, com um Porsche 956 C.
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É importante destacar que o Porsche 956 C, com motor turbocarregado de 2,65 L, tinha 644 cv, enquanto os F-1 da década de 1970, como motor de 3 L aspirado, desenvolviam em torno de 450 cv. Mas, para efeito de registro, a marca de Bellof é a melhor obtida no “velho” circuito.
Com a modernização realizada para a construção da nova pista, o circuito Norte original perdeu 2 quilômetros, o que foi feito suprimindo as retas que passavam na frente e atrás dos boxes, e as curvas norte e sul, essa com desenho parecido com a curva da Ferradura, no antigo Interlagos, só que bem mais longa. Estes eram os pontos no qual os espectadores da arquibancada podiam ver os carros, que depois sumiam pela floresta.
O Circuito Norte teve a extensão total reduzida para 20,8 km, mas continua um excelente campo de provas para avaliar novos modelos. Praticamente todos os fabricantes levam seus protótipos e modelos modificados para avaliar na difícil pista. Algumas fábricas, inclusive, mantêm oficinas no circuito ou nas proximidades trabalhando em tempo integral.
Atualmente a volta mais rápida na novo circuito Norte é de 5:19,55 centésimos, com média de 234 km/h, marcada pelo piloto alemão Timo Bernhard pilotando uma versão especial do protótipo de competição Porsche 919 Hybrid Evo, com potência total de 1.176 cv na combinação do motor a gasolina V-4 de 2 litros, biturbo, com potência de 730 cv, mais 446 cv vindos dos dois sistemas de recuperação de energia, que transferem essa carga para o motor elétrico que traciona as rodas dianteiras.
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A citada versão é chamada de espacial em razão do alívio de peso resultante da eliminação dos desnecessários faróis (rodou só de dia) e dos quatro macacos pneumáticos, úteis apenas em corridas, bem como com o mínimo de combustível no tanque de 62,3 litros.
O hipercarro chegou a ser cronometrado na reta de Nürburgring a 369 km/h.
RM