Conhecida no jargão da Fórmula 1 como silly season (temporada idiota em tradução livre) a metade do calendário da categoria é famosa por lançar factoides próximos da fantasia e raramente adiantam um fato a ser consumado no final do ano. O domínio absoluto da equipe Red Bull, que venceu as 12 provas disputadas até o recente GP da Bélgica (foto de abertura) e tem tudo para manter esse índice, é uma das maiores vítimas desta época, cortesia da defasagem de resultados entre seus dois pilotos, Max Verstappen e Sergio Pérez. A sempre traumática Ferrari aparece em segundo lugar por causa da esperada renovação de contrato com Charles Leclerc, à frente do futuro da eterna promessa Daniel Ricciardo, passando pela possível chegada de pilotos estreantes, entre eles o brasileiro Felipe Drugovich, e divórcios amargos na Alpine e na Williams.
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Há tempos deixou de ser segredo, se é que isso um dia aconteceu, que a equipe Red Bull gravita em torno de Max Verstappen. Praticamente cria da casa e dono de um estilo de pilotagem tão peculiar quanto eficiente, o holandês consegue tirar do modelo RB19-Honda o desempenho esperado pelo seu projetista, o britânico Adrian Newey. É verdade que Sergio Pérez venceu duas corridas no início da temporada e ameaçou fazer sombra ao seu companheiro de equipe, mas o seu histórico de piloto agressivo, rápido e inconstante falou mais alto. Por isso, a diferença de 125 pontos entre ambos gera comentários sobre sua permanência na equipe em 2024.
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O fato de que Pérez traz apoios financeiros e ajuda a promover a bebida energética na América Latina, pesam a seu favor e se ele terminar o ano como vice-campeão provocará um alinhamento de planetas que vai gerar chuvas e trovadas no caminho de Daniel Ricciardo. O australiano, outrora apontado como grande promessa, vive uma espiral de resultados pouco ou nada comparáveis aos tempos em que era piloto da Red Bull. Atualmente emprestado à AlphaTauri, equipe júnior da Red Bull, para ocupar a vaga do defenestrado Nick De Vries, Riciardo ainda não conseguiu se impor ao seu atual companheiro de equipe, o japonês Yuki Tsunoda. Em poucas palavras, sua carreira está mais perto do fundo do poço do que da crista da onda…
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Contratado como novo campeão mundial pela Ferrari, Charles Leclerc até agora só apresentou resultados inconstantes e acidentes relativamente frequentes. Mesmo assim ele continua prestigiado na Scuderia: fala-se da possibilidade de a Ferrari garantir sua permanência no time pela bagatela de R$ 1 bilhão em troca de um contrato que se estenderia de 2025 a 2029. Fã da marca — ele possui uma coleção de veículos fabricados em Maranello — seus agentes não evitam alimentar que Mercedes e Red Bull têm interesse em seus serviços, algo pouco ou nada provável.
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Verdade que Lewis Hamilton foi assediado pela alta direção da Ferrari, cortesia dos seus sete títulos, algo que remete a episódios passados com Sebastian Vettel, Michael Schumacher, Alain Prost e outros. Deste três apenas Schumacher correspondeu às expectativas, mas dentro de um quadro técnico altamente distinto do que atualmente reina na Scuderia. Colocar Hamilton e Leclerc juntos significaria transforma Leclerc como número 2, algo que ele não aceitaria, apesar de seu amor pelas máquinas vermelhas. Daí que, por via das dúvidas, o confiável mas não brilhante, Carlos Sainz viu seu nome ligado a outras equipes, particularmente a Audi, que estreará na F-1 em 2026.
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Com poucas vagas efetivamente disponíveis para 2024, o nome de estreantes como o brasileiro Felipe Drugovich aparece como candidato a substituir Logan Sargeant na Williams. O piloto americano, ainda não transformou o seu potencial em realidade, tal como seu histórico nas categorias de base previam. Porém, o fato de trazer uma boa injeção de dinheiro ao time inglês pode garantir sua permanência, especialmente quando a equipe fundada por Sir Frank Williams sofre um processo no qual sua ex-diretora de marketing, Claudia Schwarz, acusa a escuderia de ter sido dispensada por causa de imposições da atual controladora da equipe, a Dorilton Capital.
Schwarz afirma que a Williams forjou um possível relacionamento extraconjugal entre ela e Darren Fultz, diretor executivo do time. Trocando tudo isso por números, a Williams processa Schwarz por perdas de US$ 6,9 milhões alegando que ela recebeu o valor de maneira fraudulenta e fez gastos considerados desnecessários; Schwarz processa a Williams por US$ 100 milhões por injúria e difamação. Valores de R$ 35 milhões e R$ 500 milhões, respectivamente.
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Em situação análoga, mas menos ostensiva, o romeno naturalizado estadunidense Otmar Szafnaeur, fez declarações que sugerem o início de uma campanha para recuperar sua imagem após ter sido convidado a se retirar da equipe Alpine. Após repetir que os franceses esperam algo impossível ao desejar vencer na F-1 de modo imediato, ele agregou esta semana que várias áreas burocráticas, como RH, marketing e novos contratos com patrocinadores, deixaram de se comunicar com ele o que o fez sentir-se como “pirata em um navio francês”.
WG
A coluna “Conversa de pista” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.