RENAULT MEGANE ESTÁ DE VOLTA, SÓ QUE ELÉTRICO

O Renault Megane marcou presença no Brasil durante os cerca de cinco anos em que foi produzido aqui no Complexo Ayrton Senna em São José dos Pinhais, região metropolitana. de Curitiba,  Por isso, quando a Renault exibiu o elétrico Megane E-Tech no evento “E-Tech 100% Electric Days” no Parque do Ibirapuera um ano atrás e anunciou sua importação neste segundo semestre, a surpresa foi geral e a notícia, bem-recebida.

Especialmente por estar sendo lançado na Europa naquele momento e produzido na França, na fábrica Renault em Douai. A promessa foi cumprida em evento semelhante, “Renault E-Tech Days”, no mesmo local, nesta quinta-feira. E imprensa desta vez pôde experimentá-lo em percurso cidade-estrada de pouco menos de 50 quilômetros.

O curioso é a Renault chamar o Megane E-Tech de suve; já vi chamarem-no de crossover e até de monovolume. No meu entender trata-se pura e simplesmente de um hatchback médio, tanto por suas características de desenho quanto por suas dimensões: 4.200 mm de comprimento, 1.860 mm de largura (2.055 mm com os espelhos em posição), 1.505 mm de altura e 2.685 entre eixos.

O Megane E-Tech é primeiro modelo do portfólio da Renault a empregar o novo projeto estrutural da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi destinado A veículos de propulsão 100% elétrica, denominado internamente CMF-EV. (Common  Module Family, Família de Módulo Comum, EV de electric vehicle).

O preço do Megane E-Tech, que não tem opcionais, é R$ 279.990 e o primeiro lote de 200 unidades já está chegando às 220 concessionárias da marca.

O carro

Este Megane começa agradando só de ver que no painel não há a maluquice (minha opinião) de tablets gigantescos “espetados” nele, que são para serem utilizados mais por acompanhante do que pelo motorista, que tem outras coisas para fazer, olhar a via à frente, por exemplo, ou consultar o monitor de retrovisão no lugar do espelho interno (mas que pode ser desligado para “virar” espelho). Suas dimensões são as mesmas de um retrovisor comum.

A qualidade de visualização das telas do quadro de instrumento e do multimídia é surpreendente. Elas são, seguindo a Renault, a terceira geração da plataforma Snapdragon Automotive Cockpit da Qualcomm. Ambas são de proporção widescreen (tela larga), quadro de instrumentos 16:6 e multimídia, 16:10,6, esta curvada para facilitar a leitura pelo motorista. No quadro de instrumentos há a prática indicação permanente de porcentagem de carga da bateria e o respectivo alcance.

Chave presencial por perto, aperta-se o botão Start no console para energizar (e não “ligar”) o motor, move-se a pequena alavanca seletora  localizada no lado direito da coluna de direção para D e se inicia o movimento do carro acelerando, com o quê o freio de estacionamento solta-se automaticamente. Pronto, andando.

Logo se nota que direção é rápida (relação 12:1) e que as rodas esterçam bastante — diâmetro mínimo de curva  é de apenas 10,4 metros — e são apenas 2,3 voltas entre batentes. O rodar é o firme-confortável, perfeito para o nosso  maltratado chão. As respostas ao movimento do volante são rápidas e a escolha dos pneus para o Brasil, 195/60R18, se mostrou acertada (há 195/60R20 na Europa).

A suspensão dianteira é McPherson e a traseira, multibraço. Freios, a disco  ventilado nas quatro rodas.

Como em todo carro elétrico, a disposição para acelerar da imobilidade e retomar velocidade, aliada à suavidade inerente dos motores elétricos, são notáveis. No 0 a 100 km/h gastam-se 7,4 segundos e de 80 a 120 km/h, 4,4 segundos. A relação peso-potência de 7,6 kg/cv explica, como também explica o Cx 0,29 com área frontal de 2,21 m². A velocidade máxima é limitada a 160 km/h. As quatro maçanetas de porta ficam recolhidas e com certeza contribuem para a boa aerodnâmica.

Este desempenho combinado com a grande manobrabilidade, mais a adequada distância livre do solo de 171 mm e os balanços curtos, tornam o dirigir no trânsito urbano prazeroso e sem preocupação com lombadas e valetas.

O motor entrega 220 cv a 5.473 rpm e continua nesse patamar até 11.688 rpm, o que para um motor elétrico não é nada. O torque de 30,6 m·kgf já surge a 100 rpm — praticamente instantâneo — e assim fica até 4.714 rpm.

A frenagem regenerativa, a que ocorre ao levantar o pé do acelerador, tem quatro níveis — 0 a 3 — comandados por borboletas atrás do volante tal e qual as dos câmbios automáticos. O primeiro nível, obviamente, é sem o efeito frenante, equivale a carro comum de câmbio manual em ponto-morto ou automático com função roda-livre de alguns câmbios hoje. Pode-se considerar como motor desligado, já que o acelerador não está pressionado.

Alcance e recarga

A Renault declara o alcance baseado no ciclo da norma SAE J1634, que é de 495 km na cidade e 436 km, na estrada. Com a correção de 30% menos alcance  determinada recentemente pelo Inmetro, esses números caem respectivamente para 346 km e 305 km. Um dado que a Renault informa, calcado no ciclo WLTP, é o consumo de energia médio:  6,2 km/kW

Há várias soluções de recarga, incluindo 130 kW em carregadores rápidos de rodovias e 22 kW em sistema trifásico, amplamente disponível nas cidades. Todas são otimizadas para uma eficiência máxima. Assim, o veículo é compatível com as infraestruturas de recarga em corrente alternada (AC):

Tomada doméstica de 10 A/2,2 kW (mono e bifásico); terminal doméstico de 32 A/7,4 kW (mono e bifásico); terminal doméstico ou público de 16 A/11 kW (trifásico); e terminal público de 32 A/22 kW (trifásico).

Ele também é compatível com as infraestruturas de recarga em corrente contínua (DC) de até 130 kW (sistema de recarga combinado). Por exemplo, para carregar de 15% até 80% da carga da bateria em DC 130 kW são necessários apenas 36 minutos e num Wallbox de 22 kW, 1h50.

O Megane E-Tech 100% elétrico traz de série o cabo Modo 3 para recarga em terminais públicos ou privados. Para uma recarga em domicílio numa tomada tradicional é oferecido como acessório o cabo flexicharger. compatível com o modelo.

Iluminação interna sofisticada

A iluminação interna do Megane E-Tech é 100% LED e baseada no ritmo circadiano, o ciclo biológico do corpo humano que se repete a cada 24 horas, para otimizar o bem-estar dos ocupantes. Ativada por meio das faixas luminosas do painel de instrumentos, a iluminação da cabine, dos painéis das portas e do suporte para smartphone é diferente durante o dia e à noite, mudando automaticamente de cor a cada 30 minutos.

Esta experiência única é chamada de Living Lights, luzes vivas. Com transições suaves entre as cores, efeitos dinâmicos e naturais e mudanças automáticas de cor, a iluminação ambiente é dinâmica. Durante o dia, as cores frias destacam o design interno e transmite uma sensação de alta tecnologia. À noite, o ambiente aconchegante das cores quentes faz com que condutor e passageiros mergulhem em uma aura relaxante, dando uma nova personalidade ao Megane E-Tech.

A iluminação interna pode ser personalizada por meio de ajustes no botão do sistema Multi-sense localizado no volante. Por exemplo, é possível ajustar a intensidade da iluminação e adaptar as cores internas ao seu humor ou às suas preferências. Na tela OpenR, um cursor de ajuste manual permite escolher entre 48 cores diferentes para os painéis de portas e de instrumentos. As cores também mudam de acordo com o modo de condução selecionado.

Tanto as regulagens do sistema Multi-sense de nova geração quanto o sistema multimídia OpenR permitem adaptar as sensações de condução e dentro da cabine à personalidade ou ao humor do motorista. O acesso é feito por meio da tela OpenR ou pelo novo botão dedicado, localizado no volante.

Espaço e comodidade

Os bancos revestidos de tecido cinza claro são agradáveis à vista e ao tato e têm bom formato, retêm bem o corpo lateralmente.. A posição de dirigir é ótima e o volante de direção é centrado em relação ao banco. Mas os ajustes dos bancos dianteiros são manuais, o que pode desagradar alguns potenciais compradores. A largura da carroceria (1.860 mm) permite engatar com folga dois bancos infantis e o assoalho traseiro é plano, não há túnel estrutural já que a bateria também tem esse papel.

Um item de extrema segurança é bolsa inflável entre os bancos dianteiros que, numa colisão lateral, impede que ocupante do banco do lado que não levou a batida seja arremessado em direção a quem está ao seu lado.

O porta-malas, além da boa capacidade de 440 litros (VDA), é fundo e pode acomodar malas de pé. A abertura da sua porta de acesso é elétrica.

Surpresa foi constatar que esse novo Megane, como os anteriores, tem bate-pé na região dos pedais, item que praticamente desapareceu dos automóveis em nome de Custo, o Fantasminha.

Para terminar

Como a Renault dá mostras de querer reentrar no segmento C do mercado, o dos médios, a chegada do Megane E-Tech atende plenamente o objetivo, e com louvor. Especialmente pela propulsão elétrica, pela qual muitos se interessam. Um veículo de potência que se pode chamar de “normal”, nada muito acima de 200 cv, como o Jetta GLI, aliada a uma boa dose de tecnologia. Quem o dirigir certamente se encantará.

Recomendo ler atentamente a lista de conteúdo em seguida à ficha técnica para melhor ideia do que é este produto.

BS

(Atualizada em 14/1/24 às 8h05, os freios são a disco ventilado nas quatro rodas)