No primeiro momento da eletrificação dos carros no Brasil, questionava-se o quão rápido nosso país teria uma infraestrutura de carregamento rápido para atender a demanda. Muitos julgavam que a solução seria começar com os carros híbridos, mas surge a dúvida do tipo de carro híbrido seria o melhor, pois são várias tecnologias envolvidas.
Neste ano viajei ao Rio de Janeiro com o híbrido autocarregável da Honda, o Civic Hybrid e:HEV, e consegui bom resultado de consumo, atingindo a média de 19 km/l com carro carregado. Nesse tipo de híbrido, chamado HEV (Hybrid Electric Vehicle), não há necessidade de se preocupar com o carregamento da bateria por fonte externa, pois o próprio motor a combustão movimenta um gerador elétrico, e quando necessário faz propulsão em conjunto com o motor elétrico, além da regeneração de energia em frenagens e desacelerações O mercado brasileiro já tem outros veículos com tecnologia similar ao Civic e o resultado de consumo é favorável quando comparado com carros de tamanho equivalente a combustão.
Fiz outra viagem com um carro puramente elétrico, o Volvo C40 Recharge Plus para a Riviera de São Lourenço, litoral de São Paulo, que apesar de não ser muito distante, havia a necessidade de um planejamento devido à carga da bateria ser insuficiente para ir e voltar saindo de Campinas. E aqui começou a aparecer o plano de viagem e a expectativa — diga-se ansiedade — dos carregadores estarem funcionando e/ou ocupados. A grande vantagem desse tipo de veículo é que ainda há alguns carregadores de carga rápida ao custo zero, outras operadoras e marcas estão cobrando um preço pelo kW.h que começa a equiparar o custo do quilômetro rodado com o de carros a combustão.
Neste mês o destino estava mais longe. Uma viagem que apenas uma parcela pequena da população opta em fazer de carro, Campinas-Foz do Iguaçu-Campinas com uma parada no meio do caminho para atender ao evento de apresentação da nova Chevrolet S10. E o carro escolhido foi um híbrido com possibilidade de carregamento de bateria também por fonte externa, o PHEV – Plug-in Hybrid Electric Vehicle. O Haval H6 PHEV tem a vantagem de poder ser carregado em carregadores rápidos de até 48 kW em corrente contínua (DC), o que acelera o tempo de carregamento. O alcance com uma carga de bateria é de 120 km pelo ciclo do Inmetro, dado que se mostrou bem real nessa viagem.
Após percorrida essa distância em propulsão elétrica, o veículo passa a funcionar como o Haval H6 HEV que já testamos. Nas desacelerações e frenagens ocorre a regeneração de energia, provendo carga elétrica para a bateria, e nas acelerações essa carga é consumida para minimizar o gasto de combustível fóssil.
Assista ao vídeo de apresentação deste veículo e das percepções de uso em viagem:
Desempenho
Na avaliação do lançamento do Haval H6, tanto no Rio de Janeiro quanto no autódromo de Interlagos os carros estavam com a bateria carregada, portanto foi possível extrair toda potência combinada do motor a combustão com o motor elétrico. Em conversa com proprietários da versão PHEV do H6 fiquei sabendo que havia uma deterioração do desempenho a partir do momento que a bateria está com menos de 10%, fato que o fabricante não declara espontaneamente.
Nesta avaliação mais longa, ao atingir nível abaixo de 10% na bateria, o motor a combustão de 4 cilindros, 1,5-l turbocarregado com injeção direta de gasolina, duplo comando de válvulas com variação de fase na admissão e escape, e 16 válvulas, fica responsável pela propulsão e geração conjunta de energia elétrica através do sistema DHT-Dedicated Hybrid Technology (tecnologia híbrida dedicada). E realmente nota-se que há uma perda de desempenho, impedindo o veículo de atingir os 100 km/h, partindo da imobilidade em 4,8 segundos, conforme é declarado pelo fabricante.
Os 393 cv de potência máxima combinada e 77,7 m·kgf de torque máximo só estão disponíveis quando há maior carga da bateria. Mas nem por isso o carro é um suve lento. Continua sendo rápido e as ultrapassagens podem ser feitas com plena segurança, basta pressionar o pedal do acelerador ao fundo que a carga remanescente da bateria é utilizada para a propulsão conjunta, porém se isso for feito em um autódromo ou pista que permita acelerar por muito mais tempo, a carga não será suficiente para sustentar a demanda.
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas
Para o uso diário há a vantagem de se utilizar a carga da bateria pelos 120 km, podendo chegar até 170 km, caso o uso seja urbano e baixas velocidades, o que certamente atende as necessidades da maior parte dos consumidores desse tipo de veículo. O veículo tem o desempenho de um carro elétrico de média potência e nos momentos que se deseja potência máxima, novamente a solução é afundar o pé no acelerador que o motor a combustão é acionado, com um pequeno lapso de tempo, e tem-se plena aceleração.
Ainda no uso diário, a carga da bateria pode ser reestabelecida por meio de carregador doméstico de corrente alternada de até 6,6 kW de potência, exigindo cerca de 5 horas para o carregamento completo da bateria de 34 kW·h. Nada mau, considerando-se carregamento noturno e diário.
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas
Resultado em viagem
Para o uso rodoviário o Haval H6 PHEV traz a vantagem do carregamento de até 48 kW em corrente contínua (DC), necessitando cerca de 30 minutos para elevar a carga dos 10% remanescente para 80%. A partir desse ponto há uma sensível redução na potência de carregamento, mesmo estando conectado a carregador de potência superior a 50 kW, o veículo não aceita mais do que 5 kW, visando preservar a vida da bateria. Para atingir os 100% foram mais 30 minutos. Muitas vezes desnecessário utilizar essa estratégia, pois perde-se menos tempo carregando mais vezes até 80%.
Mas é obvio que para uma viagem de 2.200 km não faz sentindo parar a cada 120 km para fazer o carregamento da bateria. O recurso é utilizar a segunda fonte de energia disponível, o tanque de 55 litros, e traçar um plano de viagem para carregar a bateria a cada 250-300 km, nas paradas para descanso.
No percurso de ida a Foz do Iguaçu não consegui fazer carregamento intermediário entre Avaré, SP e Cascavel, PR, com isso foram cerca de 700 km, sendo 120 km em modo elétrico e o restante no motor a combustão, com o sistema híbrido operando para favorecer o consumo. O resultado nesse trecho foi um pouco melhor do que um suve de mesmo porte faria. A média obtida foi de 13 km/l, enquanto um suve puramente a combustão a estimativa seria de 10 a 12 km/l.
Após carregamento (DC) de 30 minutos em Cascavel, tempo para um lanche, segui viagem até Foz do Iguaçu, chegando com média acumulada de 16,1 km/l desde Campinas.
Clique com o botão esquerdo do mouse sobre a foto para abrir as imagens e ver os resultados do computador de bordo ao chegar em Foz do Iguaçu
Não esperava encontrar muitos carregadores em Foz do Iguaçu, pois o aplicativo PlugShare assim indicava, mas para surpresa o hotel escolhido para os dias de lazer tem dois carregadores Volvo de 7 kW, com isso foi possível restabelecer a carga da bateria e carregá-la diariamente para o uso diário na localidade, tendo 100% de carga na partida do retorno.
Clique com o botão esquerdo do mouse sobre a foto para abrir as imagens e ler as legendas
A programação de carga em Cascavel falhou, pois os dois carregadores estavam em uso, e a espera seria de mais de uma hora. Portanto segui viagem até Maringá utilizando a gasolina do tanque, e onde há várias opções de carga. A primeira e bem-sucedida foi na concessionaria Audi onde a carga foi cedida em cortesia, porém pelo aplicativo da marca já há cobrança de R$ 3,50 por kW.h. Um valor que coloca o km rodado no mesmo preço do km rodado com gasolina. Outro ponto negativo é que este carregador fica no interior da concessionária, portanto seu uso está restrito ao horário de funcionamento dela.
A próxima parada programada era Londrina, onde também há várias opções de carga. A escolhida foi a concessionária Volvo, onde novamente houve cortesia e o veículo foi carregado para seguir viagem de volta.
Novamente em Avaré, após 270 km, outra carga gratuita em eletroposto de 50 kW da Volvo para seguir viagem de 250 km até Campinas. Completando o percurso total de 2.397 km e consumo acumulado foi de 18,3 km/l. Se tivesse tido mais paciência para um parada na ida e a parada na volta em Cascavel, o resultado seria melhor.
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas
Conclusão
Podemos tirar várias conclusões, e certamente os defensores do carro híbrido plugável irão dizer que é a melhor escolha, enquanto os odiadores da eletrificação dirão que não vale a pena o capital investido. Como engenheiro que trabalhou a vida toda fazendo análises de viabilidade técnica e econômica é possível dizer que tudo depende do resultado que se espera alcançar.
Certamente, se o uso em viagens longas for muito frequente, o carro híbrido plugável não é a melhor opção, principalmente se o veículo não oferecer opção de carregamento rápido (DC). Um carro híbrido HEV teria o mesmo rendimento sem a preocupação ou chateação que é ficar procurando locais de recarga e aguardando as cargas.
Se o uso for em viagens de média distância, cerca de 250~300 km, e com possibilidade de carregamento, mesmo que seja em corrente alternada (AC) de baixa potência durante a noite, o híbrido plugável é uma boa opção, pois reduz bem o gasto por quilometro. Além de permitir o uso diário e urbano em modo elétrico, o que é uma grande vantagem econômica.
GB
Ficha técnica e lista de equipamentos após a galeria de fotos adicionais do veículo
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas
FICHA TÉCNICA DO HAVAL H6 PHEV | |
MOTOR | |
Descrição | 4 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, 4 válvulas por cilindro, turbocarregado com interresfriador, injeção direta, gasolina |
Cilindrada (cm³) | 1.499 |
Diâmetro x curso (mm) | 75 x 84,8 |
Taxa de compressão (:1) | n.d. |
Potência máxima (cv/rpm) | n.d. |
Torque máximo (m·kgf/rpm) | n.d. |
MOTORES ELÉTRICOS | |
Tipo | Trifásico, síncrono de ímã permanente, um acoplado ao câmbio na dianteira e outro no eixo traseiro |
POTÊNCIA E TORQUE COMBINADOS | |
Potência máxima combinada (cv) | 393,0 |
Torque máximo combinado (m·kgf) | 77,7 |
BATERIA DE TRAÇÃO | |
Tipo | Íons de lítio (níquel, cobalto, manganês) |
Tensão (V) | n.d. |
Capacidade (kW·h) | 34 |
Localização | Sob o assoalho da carroceria |
RECARGA | |
Conector | Tipo 2/CCS |
0-100%, (Wallbox AC 6,6 kW, horas) | Até 6 horas |
20-80% (tomada CCS DC, 45 kW, minutos) | Até 30 minutos |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Automatizado, duas marchas não slecionáveis |
Relações das marchas (:1) | n.d. |
Relação de diferencial (:1) | n.d. |
Tração | Quatro rodas permanente, distribuição entre os eixos eletônica |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal de constante linear, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Independente, multibraço, mola helicoidal de constante linear, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade, 3 modos selecionáveis |
Relação de direção (:1) | n.d. |
Voltas entre batentes | 2,5 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | n.d. |
FREIOS | |
Dianteiros, tipo (Ø mm) | Disco ventilado / 340 |
Traseiros, tipo (Ø mm) | Disco / 342,5 |
Controle | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem, duplo-circuito hidráulico em diagonal |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio 8J x 19 |
Pneus | 235/55 R19 (Michelin) |
Estepe | kit de reparo |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | n.d. |
Área frontal (calculada) (m²) | 2,68 |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. |
CONSTRUÇÃO | |
Carroceria | Monobloco em aço, suve, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro e traseiro |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 515 |
Tanque de combustível | 55 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 2.050 |
Carga útil | n.d. |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.727 |
Largura sem/com espelhos | 1.940 / n.d. |
Altura | 1.729 |
Distância entre eixos | 2.738 |
Distância mínima do solo | 172 |
Ângulo de entrada/de saída/de rampa (º) | 19,8 / 24,8 / n.d. |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 4,8 |
Velocidade máxima, elétrico (km/h) | 140 |
Velocidade máxima, híbrido (km/h) | 180 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV | |
Cidade (km/l) | 27,4 |
Estrada (km/l) | 25,2 |
Alcance em modo elétrico Inmetro (km) | 170 |
CONTEÚDO DO GWM HAVAL H5 PBEV |
Ar-condicionado de controle digital de duas zonas com saída para o banco traseiro |
Assistente de estacionamento semiautônomo |
Assistente para desembarque seguro |
Banco do acompanhante com ajuste elétrico em 4 direções. |
Banco do motorista com ajuste elétrico em 8 direções |
Bancos dianteiros com aquecimento e ventilação |
Bancos revestidos de material que imita couro em cor preta |
Barras no teto |
Bolsas inefáveis dianteiras laterais de cortina e de joelhos para o motorista (7) |
Bolsas porta-revistas no dorso dos encostos de bancos dianteiros |
Câmera 360º |
Carregador de bateria de telefone celular por indução (sem fio) |
Conectividade Android Auto e Apple CarPlay |
Controle de cruzeiro adaptativo com função para e anda |
Descansa-braço central para os bancos dianteiros |
Engates Isofix e fixação superior para dois bancos infantis |
Espelho retrovisor interno eletrocrômico |
Faróis de neblina e luz traseira de neblina de LED |
Faróis, luzes de rodagem diurna e luzes traseiras de LED |
Farol alto automático |
Frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, ciclistas e cruzamentos |
Iluminação ambiente |
Monitoramento de atenção do motorista |
Monitoramento de ponto cego |
Porta de carga motorizada com comando mãos-livres |
Porta-copos no console |
Porta-garrafas nas portas |
Projetor de dados no para-brisa visíveis somente para o motorista |
Quadro de instrumentos digital com tela de 10,25″ |
Reconhecimento de placas de sinalização de trânsito |
Repetidoras de seta nos espelhos |
Sensores de estacionamento traseiro e dianteiro |
Sistema de áudio com 8 alto-falantes |
Sistema de infotenimento com tela tátil de 12,3″ |
Teto solar panorâmico |
Tomada USB para o banco traseiro (2) |
Vidros das 4 janelas com acionamento elétrico um-toque descida e subida |
Volante de direção com aquecimento |
Volante de direção revestido de couro |