Incrustrado entre a Itália e a França e às margens do Mar Mediterrâneo, o Principado de Mônaco é o verdadeiro ponto fora da curva no ambiente da esnobe F-1. Antagônico ao que se exige em termos de segurança para outros circuitos, o traçado monegasco se vale do charme de sua localização e do seu histórico, combinação que consagra alguns e determina o futuro menos brilhante de outros. No fim de semana foi a vez de Charles Leclerc (foto de abertura) se redimir de tantos erros e infortúnios em sua carreira na F-1 e, por outro lado, fritar nomes como Kevin Magnussen e Esteban Ocon, protagonistas de acidentes que amenizaram sobremaneira o péssimo início de corrida de Carlos Sainz. Em cima do muro ficou a equipe Red Bull, que sofreu sua segunda derrota em três etapas e amarga a reconstrução de um carro, prejuízo que supera US$ 2 milhões, quantia que supera R$ 10 milhões.
Autódromos mundo afora são reformados regularmente para receber a F-1, que segue visitando as estreitas ruas de Monte Carlo, o bairro mais famoso do principado. Tal como no famoso cassino local, a sorte de alguns muda sem qualquer sinal de alerta, algo que aconteceu com modesta profusão no fim de semana, a começar pela vitória de Charles Leclerc. Após pole positions aqui e acolá, o piloto monegasco venceu em casa largando da pole position e liderando todas as voltas. Cabe lembrar que os dez primeiros largaram e permaneceram as 78 voltas da prova nas mesmas posições que alinharam no grid.
Não foi o caso do afoito Kevin Magnussen, que ao tentar uma ultrapassagem sobre Sergio Pérez provocou a destruição do carro do mexicano, eliminando e também seu próprio companheiro de equipe, Nico Hulkenberg, poucas centenas de metros após o início de uma corrida que se estendeu por 260,286 km. De certa forma surpreendente, os comissários desportivos da prova não puniram Magnussen, provavelmente por levar em conta dois aspectos do histórico dos dois: Pérez tem fama de dificultar tentativas de ultrapassagem de qualquer rival e o dinamarquês está prestes a ser suspenso por uma corrida, posto que soma 10 pontos, por infrações cometidas nas seis primeiras corridas desta temporada.
O currículo de Magnussen cria uma situação difícil para a Haas. Nico Hulkenberg, piloto mais experiente e responsável por seis dos sete pontos da equipe este ano, já assinou com a Sauber/Audi para 2025 e trocar dois pilotos ao final de uma temporada é um recurso arriscado para qualquer time. Para o lugar de Hulkenberg o nome mais cotado é o do inglês Ollie Bearman o que leva a considerar que se Magnussen continuar destruindo carros, deverá ser substituído por um piloto mais maduro e consistente.
Nomes para essa vaga incluem o finlandês Valtteri Bottas e o francês Esteban Ocon. Bottas é também cogitado para a vaga do estadunidense Logan Sargeant, na Williams e sabe que tem poucas chances de permanecer na Sauber por mais uma temporada.
A situação de Ocon é bem mais complicada. Piloto mais agressivo do que arrojado, ele já admitiu que apesar de conhecer Pierre Gasly, seu atual companheiro de equipe desde os tempos que ambos estavam no kart, não o considera um amigo. Dito isso, não chega a surpreender a manobra em que ele tentou ultrapassar o compatriota ainda na primeira volta e quase elimina ambos da prova em que o rival terminou em décimo. Numa temporada em que a equipe Alpine tenta se reorganizar e voltar a ser uma força na F-1, a reação de Bruno Famin, diretor esportivo do time francês, não surpreende. O dirigente declarou à TV francesa que a atitude de Ocon terá sérias consequências, o que inclui substitui-lo por Jack Doohan no GP do Canadá, marcado para o dia 9 de junho.
Carlos Sainz segue como principal nome no mercado de pilotos sem contrato para 2025, quando será substituído por Lewis Hamilton, Num mercado que está mais vibrante do que nunca, seu nome agora já aparece até mesmo na lista de opções da Williams, além da Audi e, cada vez com menos força, Mercedes. A chance de retornar para a Red Bull parece cada vez mais provável: Sergio Pérez pode ser confirmado nos próximos dias para mais uma temporada ao lado de Max Verstappen, que segue liderando o campeonato.
Ironicamente, o acidente envolvendo Pérez, Magnussen e Hulkenberg possibilitou que o espanhol disputasse a prova. Ao percorrer a curva Saint Devote o McLaren do australiano Oscar Piastri tocou no pneu dianteiro esquerdo do Ferrari do espanhol e ele saiu da pista ao completar a curva do cassino, cerca de 200 metros adiante. Como a prova foi interrompida logo em seguida, Sainz conseguiu retornar aos boxes, trocar o pneu e disputar a prova.
O resultado completo do GP de Mônaco você encontra clicando aqui.
WG
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