No país do salve-se quem puder, o consumidor se sente — com razão — desprotegido e vítima da desonestidade que marca presença em postos, oficinas, concessionarias e lojas.
Óleo do motor
E empurroterapia sugerir a troca do óleo mesmo que o carro tenha rodado apenas — digamos — 3 mil km em um ano? Não: se o intervalo de troca é de 12 meses ou 10 mil km, o que vencer primeiro, e o carro roda em condições que os fabricantes classificam de “severas” — trechos curtos, trânsito congestionado, rebocar. Então, deve ser trocado depois de um ano, não importa a quilometragem. Sem se esquecer de trocar também o filtro: de óleo não siga a inexplicável e maldita dica de apenas substitui-lo a cada duas trocas do óleo.
Óleo do câmbio
Câmbio, sejam de que tipo for — manual, robotizado mono ou dupla-embreagem, automático epicíclico, CVT — requerem troca o óleo periódica ou não. Observar sempre a instrução no manual a respeito.
Correia dentada
Trocar de acordo com o manual. Dobrar a frequência recomendada se o carro roda em região de mineradoras ou com muita poeira. Se for banhada a óleo, não adianta somente respeitar a viscosidade (SAE) e nível de aditivação (API) do motor. Tem que ser exatamente da marca prescrita pelo fabricante do carro (especificada para não danificar a correia) ou ela se rompe muito antes dos mais de 200 mil km que deveria durar.
Disco de freio
Pastilhas são trocadas de acordo com a verificação da espessura do material de atrito nas pastilhas. Novas, a espessura é 10 mm Se estiverem com menos de 3 mm, troque-as. Não caia na conversa de que estão “queimadas” ou “vitrificadas”. É recomendável verificar a espessura do material de atrito das pastilhas a cada 5.000 km. Em alguns carros mais sofisticados acende-se uma luz no painel avisando que as pastilhas devem ser substituídas. Mas a oficina pode eventualmente argumentar que, além das pastilhas, é necessário também trocar os discos: pi-ca-re-ta-gem? Nem sempre: é realmente possível retificá-los em vez de substitui-los. Porem, se já foram retificados numa troca anterior, pode ser que tenham atingido a espessura mínima e, neste caso, só a troca mesmo.
Fluidos
Todos eles: arrefecimento, lavador de para-brisa, freios: sempre na frequência indicada no manual.
Velas e cabos
Não é empurroterapia: ninguém se lembra, mas devem também ser trocados, em geral entre 40 e 60 mil km. Consulte o manual.
Amortecedores
Empurroterapia! Nada de trocá-los em função da quilometragem, como aos 40 ou 50 mil km. Devem ser verificados a cada 10 mil km, mas podem durar até mais de 100 mil km. A verificação consiste tanto da observação ao dirigir o veículo, quanto em máquina de teste Tudo depende das condições de uso do veículo: tipo de estrada (terra ou asfalto), tipo de rua (buracos, lombadas…), peso carregado, velocidade, cuidados do motorista, etc. Se você mesmo, proprietário não nota nada de anormal ao dirigir seu carro, como oscilações excessivas da suspensão, isso indica que os amortecedores estão cumprido sua função.
Bicos injetores
“Limpeza de bicos” na revisão normal é empurroterapia! Só limpá-los se o motor estiver rateando, tossindo, espirrando, com elevado consumo e fraco desempenho. Mesmo assim, nem sempre o problema é provocado pelos bicos: podem ser as velas, por exemplo. Mesma coisa com o TBI (corpo da borboleta): nada de limpeza preventiva. Aliás, “limpeza preventiva” chega a ser cômico. Onde já se viu limpar antes de sujar?
Pneu
Difícil definir quando trocar pois a durabilidade de um pneu varia com os cuidados do motorista (calibrá-los toda semana ou a cada 15 dias), tipo de piso (terra, asfalto, poliédrico?), características da estrada ou da rua, alinhamento da rodas, tipo do composto de borracha e outros. Mas, a regra primeira é: trocar o pneu ao atingir o TWI, aquele pituquinho de borracha que fica no fundo do sulco e que corresponde a uma profundidade de sulco de 1,6 mm. O desgaste chegou nele? Troque! Mas por segurança. para reduzir ao máximo a possibilidade de aquaplanagem, a troca deve ser feita quando a profundidade do sulco chegar a 3 mm (8 mm no pneu novo), Mas, se você roda pouco, o pneu vence por prazo. Qual? Fábrica nenhuma informa, exatamente por serem tantos os fatores que influem. Mas o correto é substitui-lo entre cinco a seis anos de fabricação (a data está no flanco). É quando começa a perder as características originais e pode complicar sua vida em condições adversas. Mas, dá para continuar mais uns cinco anos sem riscos. Depois de uma década de uso, LIXO!
Filtros
São vários pelo carro, além do filtro de óleo do motor: do combustível, ar, cabine (ar-condicionado). Todos devem ser substituídos no prazo previsto pelo fabricante, sob risco de prejudicar seu motor, bolso ou saúde.
Catalisador
Fica no escapamento para eliminar os gases nocivos aos seres vivos. Inicialmente projetado para durar 80 mil km, nova legislação obrigou fabricantes a prever 160 mil km de durabilidade. Entretanto, poucos sabem que “durar” significa apenas manter suas propriedades químicas até às quilometragens especificadas, o catalisador pode durar bem mais, embora ele possa se deteriorar prematuramente por problemas no motor. Cuidado! A sugestão de substitui-lo por mecânico que não seja de confiança pode ser pi-ca-re-ta-gem, pois ele contêm metais nobres com boa cotação no mercado.
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do deu autor
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