Recentemente, publicações na internet apresentaram algo inédito, muitos veículos Volkswagen guardados nos corredores escuros e úmidos de uma mina desativada na Suíça. Não se sabia por que alguém teria levado tantos veículos, em grande parte recuperáveis, para aquela mina e ficarem lá se decompondo. (ver adiante)
Em tempo: não se deixe enganar pela glamurosa foto de abertura que mostra um ambiente fartamente iluminado. Isso foi resultado de um trabalho de iluminação temporária muito bem-feito para poder fazer esta foto, já que a realidade dos corredores daquela mina é outra, uma escuridão absoluta.
Na Suíça é proibido entrar em minas abandonadas sem uma permissão especial, dados os riscos envolvidos, mas como o portão de entrada está aberto… Para chegar onde os carros estão é necessário percorrer vários quilômetros dentro da antiga mina totalmente escura seguindo um labirinto cheio de perigos.
Uma das entradas da mina abandonada não está trancada permitindo acesso livre, como se pode ver na foto abaixo:
Deste ponto o caminho segue por um labirinto de túneis não identificados, com muitos deles acabando em paredes cegas. Uma aventura arriscada que, ao que tudo indica, já foi realizada por vários grupos de curiosos a contar pelos diferentes relatos que se encontram na internet.
Esta entrada é uma de muitas, já que se estima que o complexo de túneis em vários níveis chega a 100 quilômetros. Os carros foram levados ao interior da mina por outro caminho, já que esta entrada é estreita demais:
Há vários caminhos que levam aos carros e dada a existência de dezenas de túneis por nível escavado, no caso desta incursão a chegada aos carros foi deste modo:
Os exploradores sabiam o que estavam procurando e finalmente encontraram: uma coleção de dezenas de carros Volkswagen escondidos nas profundezas da mina, que tem quilômetros de túneis e três andares, segundo os exploradores. As imagens mostram VW Fusca, VW Golf e VW Passat de diferentes épocas.
Com o ambiente muito úmido todos os carros estão severamente afetados por mofo que progressivamente vai corroendo em especial o interior dos carros, como se pode ver no exemplo abaixo de um New Beetle:
Seguem algumas fotos (1) dos carros encontrados nesta expedição:
Muitos dos carros estão parcialmente canibalizados em especial em seus interiores.
As fotos indicadas com (1) são capturas de vídeo da Explomo, empresa que é administrada por dois europeus de vinte e poucos anos chamados Maureno e Remon, que se autoproclamam exploradores urbanos e procuram em todo o mundo prédios de grande beleza abandonados para filmar e fotografar.
Uma outra fonte de informações sobre o descrito acima é o vídeo (17:11) abaixo, postado há quatro meses pelo Bob do canal Exploring the Unbeaten Path (Explorando o caminho imbatível):
Por que estes carros foram para dentro desta montanha?
As mais diferentes teorias circulam sobre este assunto que vão de esconderijo de carros roubados até uma coleção particular. Mas eu consegui descobrir a realidade através de um comentário postado no vídeo acima.
Este comentário foi postado (em inglês) por alguém que se identificou como @swisslp7811 e dizia o seguinte: “Acabei de entrar em contato com o dono dos carros! Ele tem um museu especial para Volkswagens destruídos e de aparência especial, artísticos, dos anos 50 aos 80. Os carros lá (da mina na montanha) são apenas sobras de carros ou carros que ele não pôde exibir no museu por não ter espaço suficiente.”
Pois bem, eu achei que conhecia o tal museu sobre o qual eu tinha escrito uma matéria. Será que seria o Volkswrecks Bar & Museum (VWM) significa “Museu dos destroços de Volkswagens”? O outro nome deste empreendimento é “Oldtimer Volkswagen Museum” que, na verdade, não reflete a realidade do museu. A foto carismática deste museu é a que mostra dezenas de carros pendurados no teto de um de seus galpões:
Deixei um recado para o @swisslp7811 no YouTube perguntando se o museu que ele havia citado seria o Volkswrecks Bar & Museum. Mas eu tinha pressa da resposta e procurei saber quem era a pessoa atrás deste endereço de internet. Descobri através de sua página no YouTube que ele também tem uma página no Instagram e lá descobri seu nome, Lukas Dobler. Mandei uma mensagem por lá também. Cheguei a tentar contato telefônico via Instagram, que não funcionou.
Mas na tarde do ultimo sábado o Lukas respondeu e confirmou que tinha falado com o Stéphane Leuba, proprietário do Volkswrecks Bar & Museum e que os carros que foram levados para a mina na montanha são excedentes do acervo em exposição no museu. Com isto a minha suposição foi confirmada e o mistério que envolvia os carros deixados na mina da montanha na Suíça, foi desvendado.
Se você quiser conhecer ou rever a matéria sobre o Volkswrecks Bar & Museum aí vai o seu link: Fuscas, muitos, dependurados: isso existe mesmo?
Este assunto me foi sugerido pelo amigo de longa data, Fernando Calmon, que também é colunista do AE, a quem eu agradeço. Como curiosidade, o Calmon prestigiou o lançamento de meus dois livros, o que me deixa muito orgulhoso de nossa amizade.
Agradeço também ao Lukas Dobler, da Suíça, por ter tomado seu tempo e respondido à minha mensagem em tempo para concluir esta matéria.
AG
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A coluna “Falando de Fusca & Afins” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.