Companheiro de pequenas férias de verão, o Fiat Fastback se saiu mais do que bem na tarefa. Tudo começou na garagem de casa, quando o que parecia impossível… não foi! Coube simplesmente tudo no generoso porta-malas, bagagem de quatro adultos exagerados, várias caixas de mantimentos, equipamentos para o lazer, incluindo nisso ferramentas. Até mesmo a sólida e bem-acabada cobertura do compartimento foi usada, eliminando a visão traseira pelo retrovisor interno, perda compensada pelos excelentes retrovisores externos.
A lotação completa determinou utilizar a pressão máxima nos pneus 205/50 R17H (código de velocidade 210 km/h), de 36 libras por polegada quadrada (lb/pol²) nos quatro ante as 32 lb/pol² indicadas pela fabricante para condição de uso com até meia carga mas… cadê o selinho indicativo da pressão? Nada na moldura da porta, nada na tampa do bocal de gasolina, nada em lugar nenhum. Restou apelar ao manual do proprietário que, felizmente, estava no porta-luvas. Será mesmo que o pequeno adesivo com esta grande informação foi eliminado nos Fiat Fastback? Duvido. Prefiro pensar que, por ser um dos Fastback Hybrid de primeira leva, o adesivo não tenha sido aplicado por alguma razão. A pesquisar. A conferida se estendeu ao poço do porta-malas, onde o estepe mereceu ajuste de pressão e um pedido: o de não mais vê-lo até o final do teste, especialmente nesta viagem com porta-malas abarrotado.

Ainda durante o abastecimento notei o óbvio: a traseira do Fastback sentiu o peso do povo em férias e sua carga. Cúmplice na “arriada”, fora o peso da carga no porta-malas — que estimo em cerca de 150~200 kg —, é a própria natureza da carroceria deste Fiat, com uma importante projeção da traseira, cerca de um metro de comprimento do eixo das rodas traseiras à ponta do para-choque. Ou seja, cabe bastante carga no porta-malas do Fastback, mas o ajuste de suspensões, que privilegia o conforto, faz a traseira baixar de modo significativo com a carga “pendurada” em balanço.

Obviamente a superlotação no Fastback trouxe consequências dinâmicas: a direção com assistência elétrica ficou mais leve, e nas mudanças de direção a rolagem (inclinação lateral da carroceria), mais pronunciada. O ágil Fastback da breve viagem feita ao interior de São Paul, na 1ª semana de teste, deu lugar a um carro de reações mais lentas. Sensação de insegurança? Não, mas uma conduta mais atenta ao volante foi necessária. A consulta à ficha técnica revelou que a Fiat determina 400 kg como capacidade de carga total do Fastback. Tal cifra foi certamente superada em ao menos 50~100 kg na configuração desta viagem, ou seja, a vida como ela é…
No abastecimento antes da partida, leio na bomba que no tanque entraram 45,079 litros de gasolina. Na ficha técnica do release de imprensa, a capacidade anunciada é de 45 litros. Ou seja, atingi o objetivo (arriscando a pane seca…) de eliminar todo o álcool para efetuar o trajeto com gasolina, maximizando o alcance no que pese perder algo na potência máxima (125 cv em vez de 130 cv). Ainda de acordo com a ficha técnica, o torque máximo permanece igual independentemente do combustível usado, 20,4 m·kgf a 1.750 rpm.

Na tarde ensolarada e quente, cerca de 28 ºC de temperatura ambiente, e uma rodovia com pouco tráfego resultou em uma viagem tranquila, e ao cabo do conhecidíssimo trajeto de pouco mais de 200 km que separa a capital paulista de Ubatuba, no Litoral Norte, li a excepcional marca de 17,8 km/l no computador de bordo, uma das melhores já obtidas no trecho nos 35 Testes de 30 Dias realizados aqui no AE, melhor que a marca obtida com o Toyota Prius (17,5 km/l) e Citroën C3 1.2 (17,2 kml) que – IMPORTANTE – não só não estavam superlotados como o Fastback como nem viajaram em clima tão quente, o que certamente não contribui para recordes de consumo de combustível. Além disso, os citados pertencem a categorias distintas — um é híbrido de fato, e muito elaborado do ponto de vista da aerodinâmica, e outro, o C3, um leve compacto de câmbio manual. Portanto, palmas para o Fiat Fastback semi-híbrido!!!

Nos dias praianos, um sobe e desce constante nos 700 metros de morro que separam a cada da praia (a casa fica no alto de uma montanha…) derrubou marcas de consumo para cifras entre 7 e 8 km/l, mas a estradinha, parte de calçamento, parte de terra, fez ver dotes positivos do Fastback, como por exemplo a boa distância em relação ao solo (nada raspou no piso extremamente irregular nem mesmo quando o Fastback estava superlotado) e a ótima capacidade de tração, que em parte se deve aos pneus Pirelli P7 e, em parte, à correta distribuição de massas e ajuste do sistema de controle de tração, equipamento que pode ser desativado através de tecla no painel. Aliás, foi o que tive de fazer para corrigir uma distração ao volante: durante uma manobra, uma das rodas dianteiras saiu do rodeiro da estradinha e afundou na lama, e só consegui voltar aos “trilhos” quando desliguei o controle que limita a derrapagem pois, por mais que tentasse (tanto em “D” quanto em “R”), os sensores eletrônicos impediam o Fastback galgar o obstáculo. Dano colateral: pequenos riscos na roda dianteira esquerda…

A acentuada inclinação de alguns trechos deste percurso diário mostrou uma faceta interessante do Fastback, que em subida exigiu pouquíssimo acelerador, o que indica uma ação ativa do sistema BSG, pois a potência do motor elétrico eliminou a necessidade de mais rotação para o turbocarregador auxiliar o tricilindro de 1 litro. Curiosa é também a rumorosidade e vibração do motor, que neste regime de rotação mínimo lembra o de motores diesel de geração recente, os chamados common-rail.
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No encerramento desta segunda semana de teste a impressão é de que o Fiat Fastback efetivamente oferece vantagens através de seu sistema semi-híbrido, proporcionando uma economia de combustível que possivelmente alcance – ou até supere – os 10% anunciados pela fabricante. Na sequência do teste, horas ao volante e quilômetros suplementares de rodovia e cidade poderão confirmar esta impressão.
RA
Fiat Fastback Turbo 200 Hybrid
Dias: 14
Quilometragem total: 645 km
Distância na cidade: 246 km (38,2%)
Distância na estrada: 399 km (61,8%)
Consumo médio: 10,5 km/l
Melhor média (álcool): 17,1 km/l
Melhor média (gasolina): 17,8 km/l
Pior média (álcool): 6,7 km/l
Pior média (gasolina): 7,4 km/l
Média horária: 31,0 km/h
Tempo ao volante: 20h51 minutos
Leia o relatório da 1ª semana.
FICHA TÉCNICA PULSE E FASTBACK T200 HYBRID AUDACE E IMPETUS 2025 | |
MOTOR A COMBUSTÃO | GSE T200 |
Descrição | L-3, dianteiro transversal, bloco e cabeçote de alumínio, monocomando com variador de fase, corrente, controle de abertura das válvulas de admissão MultiAir III, 4 válvulas por cilindro, turbocarregador BorgWarner com interresfriador e válvula de alívio elétrica, injeção direta, flex |
Cilindrada (cm³) | 999 |
Diâmetro x curso (mm) | 70 x 86,5 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 125 /130 / 5.750 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G e A) | 20,4/1.750 |
Corte de rotação (rpm) | 6.500 |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 |
Comprimento da biela (mm) | 149,3 |
Relação r/l | 0,289 |
Densidade de potência (cv/L, G/A) | 125 / 130 |
Densidade de torque (m·kgf/L, G e A) | 20,4 / 20,4 |
MOTOR ELÉTRICO | |
Tipo | Alternador quando em função de motor |
Potência (cv) | 4 |
Alimentação | Bateria de íons de lítio |
Capacidade da bateria (kW·h) | 0,13 |
Tensão da bateria (V) | 12 |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Automático CVT, conversor de torque, 7 marchas à frente e ré, tração dianteira |
Relações das marchas em manual (:1) | 1ª 2,27; 2ª 1,60; 3ª 1,20; 4ª 0,94; 5ª 074; 6ª 0,58; 7ª 0,46; ré 2,60 a 0.42 |
Relações das marchas em automático (:1) | De 2,60 a 0,42 |
Relação de diferencial (:1) | 5,698 |
Estol do conversor de torque (rpm) | n.d. |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Relações de direção (:1) | n.d. |
Número de voltas entre batentes | 3 |
Diâmetro do volante (mm) | 370 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,5 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado / 284, pinça flutuante |
Traseiros (Ø mm) | Tambor / 203 |
Atuação | Hidráulica, ABS. duplo-circuito em diagonal |
RODAS E PNEUS | |
Rodas, Pulse | Liga de alumínio, 6Jx16 (Audace), 6Jx17 (Impetus) |
Rodas, Fastback | Liga de alumínio, 7Jx17 (Audace), 6Jx18 (Impetus) |
Pneus, Pulse | 205/50 R18H, Pirelli (Audace),195/60 R16H Goodyear/Pirelli (Impetus) |
Pneus, Fastback | 205/50 R17H Pirelli (Audace), 215/45 R18H Continental (Impetus) |
CONSTRUÇÃO | Monobloco de aço, suve, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | n.d. |
Área frontal (calculada, m²) | n.d. |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4099 (Pulse), 4.427 (Fastback) |
Largura aem/comee espelhos | 1.776 / 1.989 (Pulse), 1.774 / 1.989 (Fastback) |
Altura | Pulse 1.553 (Audace), 1.552 (Impetus) // Fastback 1.547 (Audace), 1.548 (Impetus) |
Distância entre eixos | 2.532 (Pulse). 2.532 (Fastback) |
Bitola dianteira/traseira | n.d. |
Vão livre entre os eixos | Pulse, 213 (Audace, 212 (Impetus // Fastback 217 ambos |
Distância mínima do solo | Pulse 195 ambos // Fastback ambos |
ÂNGULOS | |
Entrada (º) | Pulse 20,5 (Audace), 20.6 (Impetus) // Fastback 20,3 ambos |
Saída (º) | Pulse 31,4 (Audace), 31,3 (Impetus // Fastback 24,2 ambos |
Transposição de rampa (º) | n.d. |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.234 (Audace), 1.245 (Impetus) |
Carga útil | 400 (todos) |
Máximo rebocável sem/com freio | n.d. |
CAPACIDADES (L) | |
Tanque de combustível | 45 |
Porta-malas | 516 (Fastback), 370 (Pulse) |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO PBEV | |
Cidade (km/l, G/A) | Pulse 13,4 / 9,3. Fastback 12,6 /8,9 |
Estrada (km/l, G/A) | Pulse 14,4 / 10,2, Fastback 13,9 / 9,8 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | Pulse e Fastback 9,7 / 9.4 |
Velocidade máxima (km/h, G/A)) | Pulse 187 / 189. Fastback 194 / 196 |