A reunião da Anfavea com a imprensa especializada e cadernos econômicos deu-se no último dia 14, tinham boas novas para contar, o mercado fechou o ano com bons números em todos os setores.
Olhando em retrospecto, quando planejaram a produção e vendas para o ano de 2024, creio que ninguém em sã consciência apostaria que o mercado cresceria 14,1%. Se nossa bola de cristal já é normalmente embaçada para projetar vendas neste país, quando se tem horizontes favoráveis à frente, os planejadores normalmente buscam conter o seu otimismo, dificilmente se aposta em crescimento de dois dígitos. Projetaram aumento 5% para mercado interno e outros 5% para exportações e, realmente não havia tantos fatores favoráveis que animassem apostas maiores.
Um deles, a concessão de crédito para compra financiada, veio se desenvolvendo ao longo do ano e ele talvez tenha sido um dos principais impulsionadores. Dezembro fechou dezembro com 36% de crescimento (novos e usados), enquanto a inadimplência recuou de 5,5% para 4,7%, ou seja, concedeu-se mais crédito e o mercado absorveu. Vale ressaltar que estamos falando de média anual, a aceleração no último semestre foi ainda mais robusta. As exportações? Recuaram, Brasil perdeu vendas nos seus principais mercados de exportação.
A venda veículos usados, aquela que faz “a roda girar”, foi de 14,2 milhões de unidades e a maior nos últimos dez anos, somando as vendas de novos, 2,5 milhões, o total de transações atinge quase 17 milhões, 5,5 milhões deles financiados. Ou seja, há potencial de mais crescimento, porém com um freio, pois a taxa Selic vem subindo mês a mês e com ela o custo dos financiamentos. O Brasil é uma sucessão de ciclos de voos de galinha.
É justamente esse esfriamento do cenário macroeconômico que não permite os planejadores apostar em outro crescimento robusto para 2025, e tanto a Anfavea como a Fenabrave apontam para algo em torno de 5%, o mesmo número que previrampara 2024 há exatamente um ano, quando se tinha essas menos incertezas à frente e mais pontos favoráveis do que desfavoráveis. Exportações tampouco se mostram muito melhores do que foram nos últimos doze meses.

Em dezembro licenciaram-se ao todo 257.431 autoveículos, sendo 243.751 leves, 11.448 caminhões e 2.232 ônibus. Nos doze meses foram respectivamente, 2.634.904, 2.487.536, 124.933 e 22.435. O crescimento de leves no ano foi de 14,1%, mas alguns apostavam num dezembro melhor. Quando nos aprofundamos nos detalhes, comparando com novembro, sim, tradicionalmente o último mês do ano vem mais forte e essa força não veio. O licenciamento diário até foi 4% mais baixo do que em novembro, porém no varejo vendeu-se 12.000 automóveis a mais e as locadoras vieram com menos apetite, levando 15.700 a menos. Por outro lado, venderam-se mais picapes.

Foram emplacados 12.188 leves por dia, um bom número para dezembro sim, no gráfico abaixo vemos os licenciamentos diários ao longo dos meses de 2019 até 2024, estamos nos níveis de 2019. A Anfavea faz contas d o que é necessário para sermos uma nação que produza e venda 3 milhões de veículos por ano.

O menor apetite das locadoras pode ser visto nos gráficos abaixo, dezmbro voltou a ter menos de 50% de automóveis por venda direta e mais de 100.000 unidades faturadas no varejo (102.336), números Fenabrave.


Das principais marcas, a VW cresceu o mesmo que o mercado (16% para ser mais exato), Honda cresceu 27% e Nissan 21%, mas quem cresceu mesmo foram os importados da China, BYD cresceu 328% e GWM 155%, o aumento do imposto de importação previsto para as marcas chinesas pode frear os ímpetos, mas não muito. A Anfavea vem reiteradas vezes apontando o dedo, “governo, faça alguma coisa”. As tabelas abaixo de veículos híbridos e elétricos mostra os demais. Vejo com apreensão o fato de que o tempo de mercado dos EVs e PHEVs chineses dar-lhes-á uma experiência com essas tecnologias que os fabricantes tradicionais e instalados aqui não têm e não terão. E isso as tarifas não curam.



Ranking do mês e do ano
Fiat teve outro bom mês, 50.165 unidades licenciadas, garantindo a sua liderança no ano por larga margem, foram 521.282 vs. 400.414 da VW, que ficou em 2º, no ano e no mês (40.367). Chevrolet em 3º, 32.517 em dezembro e 314.956 no ano. Hyundai em 4º, Renault em 5º, Toyota, Jeep, BYD num surpreendente 8º posto, ultrapassando de uma só vez Honda e Nissan.
Nos automóveis o Polo assegurou seu primeiro posto em licenciamentos, com 13.470 unidades (140.179 no ano), seguido do T-Cross, com 9.987, HB20 em 3º, 9.942, Onix em 4º, 9.730, todos bem próximos. Depois Tracker, Kwid, Argo, Creta, Mobi e Onix Plus. BYD também causou surpresa, conquistando a 11ª posição com o Song Plus, com 5.239 unidades, importados! Nos doze meses Onix, HB20 e Argo também ficaram próximos, com respectivamente 97.504, 97.080 e 91.139.
Nos comerciais leves e também na classificação geral, novo banho da Strada (foto de abertura), emplacou 16.235 unidades, Saveiro forte em 2º, com 6.253, Hilux em surpreendente 3ª posição, 4.562, Toro em 4º, Ranger, S10, Montana. No ano a Strada ficou também com a liderança geral de emplacamentos, com 144.679, superando o VW Polo, com 140.179. O mercado de comerciais leves avançou 17% no ano passado, Strada cresceu 20%, Saveiro 22% e Ranger, 57%.
Todo mês haverá lançamentos, fiquem atentos. nossos editores do AE terão muitos quilômetros de avaliações para lhes entregar.
Bom 2025!
MAS


