A F-1 vive disputas em vários níveis: países dispostos a pagar por uma vaga no calendário cada vez mais longo, equipes em busca de desbancar a rival que se destaca nos últimos anos e por aí afora. Uma das mais interessantes é, sem dúvida, a que envolve os dois pilotos titulares, batalha que pode incluir a participação indireta do piloto-reserva. Exemplo disso é o que aconteceu com o neozelandês Liam Lawson, que no ano passado substituiu inesperadamente o australiano Daniel Ricciardo e acabou assumindo o posto na segunda metade da temporada.
Nada menos que cinco pilotos estrearão em tempo integral na F-1: Gabriel Bortoleto (Sauber), Isack Hadjar (Racing Bulls), Jack Doohan (Alpine), Liam Lawson (Red Bull) e Oliver Bearman (Haas). A temporada de 2024 marcou o fim ou importante interrupção nas carreiras de Daniel Ricciardo (Racing Bulls), Franco Colapinto (Williams) Kevin Magnussen (Haas), Logan Sargeant (Williams), Sdrgio Pérez (Red Bull), Valtteri Bottas (Sauber) e Zhou Guany (Sauber).
Com relação às duplas de 2025 espera-se que os resultados de um piloto titular consolidem a hierarquia que pode terminar com o desligamento da equipe ou com a aposentadoria precoce do outro, caso do mexicano Sergio Pérez, que em 2024 foi aniquilado pelo holandês Max Verstappen. Uma breve análise da lista de inscritos a partir do resultado do Campeonato dos Construtores de 2024 e da formação para 2025 mostra o que se pode esperar da temporada que inicia dentro de um mês, em Melbourne, na Austrália.
McLaren
nº 4 – Lando Norris x nº 81 Oscar Piastri

O time fundado pelo neozelandês Bruce McLaren em 1966 foi a campeã entre os construtores após somar 666 pontos na a temporada de 2024 com a dupla formada por Lando Norris (Inglaterra) e Oscar Piastri (Austrália). Trata-se de pilotos jovens e que atualmente podem ser definidos como um mais experiente e outro, mais promissor, ambos extremamente rápidos. O inglês já deixou claro que ainda peca nas largadas e vez ou outra se deixa levar pelo otimismo. A postura mais introvertida do australiano e um ano de aprendizado, porém, podem ser o diferenciador que irá alçá-lo à condição de primeiro piloto da equipe.
Ferrari
nº 44 – Lewis Hamilton x nº 16 – Charles Leclerc

A mais tradicional das escuderias estreou no GP de Mônaco de 1950, a segunda corrida da categoria e atualmente vive um processo de reestruturação que sucede a queda de resultados após a era Todt (1994-2007). Para 2025, a Scuderia inscreveu Lewis Hamilton (Inglaterra) e Charles Leclerc (Mônaco). O inglês parece viver a última fase de uma carreira que soma sete títulos mundiais, enquanto o monegasco ainda precisa confirmar que é mais que uma grande promessa. Descobrir se a experiência de Hamilton vale mais que os rompantes de Leclerc pode definir se a recuperação será bem-sucedida.
Red Bull
nº 1 – Max Verstappen x nº 30 – Liam Lawson

Castelo que outrora parecia construído em rochas inabaláveis, a casa dos energéticos vive à beira de um ataque de nervos. A escolha de priorizar Max Verstappen (Países Baixos) sobre Sergio Pérez (México), prejuízos em vários níveis, especialmente em resultados na pista e no balanço anual. O mexicano viveu uma temporada na UTI e acabou dispensado de forma diplomática. Descobrir se o arrojo do novato Liam Lawson (Nova Zelândia) é suficiente para fazer sombra ao atual tetracampeão, nome que é cobiçado para debandar à outras equipes. Este ano a resiliência e a união da Red Bull serão testadas como nunca antes.
Mercedes
nº 63 – George Russell x nº 12 – Kimi Antonelli

Outrora o pesadelo das outras nove equipes do grid, a Mercedes tem à frente o desafio de confirmar o real valor do já veterano George Russell (Inglaterra) e o verdadeiro potencial do estreante Kimi Antonelli (Itália). O inglês já ofereceu rompantes de velocidade em meio a muitas atuações protocolares e algumas distantes da conhecida fleugma britânica. Tal retrospecto sugere que se o italiano começar a andar tão ou mais rápido do que ele, o não tão frio mas muito calculista Toto Wolff reviverá as temporadas em que se viu obrigado a tratar Lewis Hamilton e Nico Rosberg como dois estudantes que disputavam a mesma garota.
Alpine
nº 10 – Pierre Gasly x nº 7 – Jack Doohan
Reviver por reviver, o time francês foi mais longe em 2024: a equipe viveu seus dias de Queda da Bastilha, a revolução de 14 de julho de 1789 motivada pelos altos impostos e preços que a elite e o governo impunham à população. No caso da Alpine, a causa derrotada foi a paralisação e desenvolvimento dos seus próprios motores enquanto Flavio Briatore, outrora um problema, retornou ao reino como salvador da pátria. Acredita-se que a dupla Pierre Gasly (França) e Jack Doohan (Austrália) não vá durar muito: por qual motivo Briatore compraria da Williams o passe de Franco Colapinto (Argentina) apenas para mantê-lo no banco de reservas?

Aston Martin
nº 14 – Fernando Alonso x nº 18 Lance Stroll
O que falar de uma equipe onde um dos pilotos é filho do dono, empresário bem-sucedido e disposto a pagar o que for preciso para alcançar seus objetivos? Ocorre que Fernando Alonso (Espanha) é indiscutivelmente superior a Lance Stroll (Canadá) e a escuderia segue pagando o preço de manter uma vaga reservada para o primeiro herdeiro. Mais recentemente começou a circular uma oferta de 10 dígitos para contratar Max Verstappen como sucessor de Alonso, algo que não é impossível de acontecer. Enquanto isso não passa de uma possibilidade, o espanhol continuará marcando mais pontos que o canadense.
Haas
nº 31 – Esteban Ocon x nº 87 – Oliver Bearman

Após uma vibrante decadente e longa década sob o comando de Guenther Steiner, o estadunidense Gene Haas dispensou o italiano e promoveu o japonês Ayao Komatsu ao posto de diretor do time. Os resultados apareceram e 2025 será um grande desafio com dois pilotos novos na equipe: Estaban Ocon (França) e Oliver Bearman (Inglaterra). O francês tem fama de rápido, mas seu arrojo sai caro às equipes que defende. O inglês é uma aposta da Ferrari e desponta como futuro vencedor. A conferir como Ocon se comportará frente a Bearman, que já mostrou eficiência ao pontuar em duas provas no ano passado, quando substituiu Carlos Sainz (Ferrari) na Arábia Saudita e Kevin Magnussen (Haas) no Azerbaijão.
Racing Bulls
nº 22 – Yuki Tsunoda x nº 6 – Isaac Hadjar

O time nascido como Minardi passou por diferentes donos até se consolidar como equipe B da Red Bull, onde teoricamente serve de escola de aperfeiçoamento dos pilotos apoiados pelo energético. A promoção de Liam Lawson ao time principal abriu espaço para a estreia de Isack Hadjar (França), que fará dupla com Yuki Tsunoda (Japão), uma dupla com potencial explosivo. Ainda que o japonês tenha evoluído bastante, ele foi mantido na equipe por causa da associação da Red Bull com a Honda, acordo que termina este ano. Hadjar é conhecido por ser veloz e emocionalmente instável, algo que caracterizou Tsunoda no passado.
Williams
nº 23 – Alex Albon x nº 55 – Carlos Sainz

Equipe que já deu as cartas na F-1 em muitas temporadas, a Williams vive um longo e difícil caminho rumo a recuperar o prestígio e eficiência de carnavais passados. A contratação de Carlos Sainz Jr. (Espanha) e a manutenção de Alex Albon (Tailândia) formam uma dupla de pilotos experientes, o que vai ao encontro do plano de trabalho de James Vowles (ex-Mercedes), que tem seu foco em 2026. Resta saber por quanto tempo o espanhol e anglo-tailandês conviverão pacificamente. Há muitos que apostam na derrocada de Albon frente a um Sainz mais motivado e midiático.
Sauber
nº 30 Nico Hulkenberg x nº 5 – Gabriel Bortoleto

Às vésperas de assumir a identidade Audi, a Sauber vive em 2025 um ano crucial para justificar o investimento de alemães e árabes. Após a demissão de Andreas Seidl e Oliver Hoffmann, a contratação do suíço Mattia Binotto (ex-Ferrari) tem como objetivo recolocar o projeto nos eixos visando a estreia da marca do grupo VW em 2026. Diante disso, Nico Hulkenberg (Alemanha) e Gabriel Bortoleto (Brasil) terão que conviver numa atmosfera de grandes desafios e pequenas esperanças de marcar pontos. Para o jovem Bortoleto, a oportunidade de aprender com o experiente Hulkenberg é o melhor panorama possível.
WG
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