Já se vão 100 anos desde que, em 26 de janeiro de 1925, a General Motors Corporation iniciou operações no Brasil com uma subsidiária em São Paulo destinada a montar seus produtos de marca Chevrolet. O início foi em galpões alugados no bairro do Ipiranga na Avenida Presidente Wilson, que chega até São Caetano do Sul. Para não errar na dose, a subsidiária iniciou com algo que sabia não poder dar errado, montar veículos comerciais.

Nosso país crescia e os americanos sabiam que precisávamos de veículos comerciais para entregas e distribuição de mercadorias, tanto que iniciou montando furgões e picapes. Mas no final do mesmo ano passou a montar automóveis de passeio, embora a prioridade fosse os modelos destinados ao trabalho.
Porém os planos da GM para o Brasil eram ambiciosos. Já em 24 de setembro de 1927 iniciava-se a construção da portentosa fábrica, verdadeiro complexo industrial, no vizinho município de São Caetano do Sul. Foi inaugurada em 12 de agosto de 1930, embora tivesse começado a produzir já em 1º de outubro de 1928.
Claro, com o passar do tempo, já no final dos anos 1930, a GM do Brasil começou a fabricar também ônibus e caminhões, igualmente fundamentais para o Brasil daquela época. Até os famosos refrigeradores Frigidaire, da GM, foram produzidos no complexo de São Caetano do Sul.

Depois, nos anos 1950, com a evolução da nossa indústria automobilística, a GM já estava adiantada e tinha até mesmo bons índices de nacionalização em seus produtos, sem contar a liderança em vendas no mercado da época. Final dos anos 1950/primeira metade dos anos 1960, os veículos de trabalho ainda eram os carros-chefe da marca, com caminhões e ônibus que levavam nas costas o progresso do país.
O Chevrolet Opala, primeiro automóvel automóvel da GM fabricado no Brasil, foi lançado em 1968 e é ele que abre essa minha lista..
Opala SS 250

O Opala logo virou sonho de consumo da classe média brasileira, quer seja com motor de quatro ou seis cilindros. Mas meu escolhido é um esportivo: Opala SS, que, na realidade, tinha esse sufixo por conta dos bancos dianteiros separados (Separated Seats), que trazia câmbio de quatro marchas com alavanca no assoalho. Sem dúvida, a cereja do bolo era seu motor de 250 pol³ de cilindrada (4.093 cm³), seis cilindros em linha, que rendia espantosos, para a época, 118 cv. O carro estava entre os mais rápidos de produção nacional, e se destacou principalmente na década de 1970.
Monza 500 E.F.

Em 1982 tínhamos como grande novidade na GM o Chevrolet Monza, que debutou como um hatch 1,6. Porém, só foi virar estrela quando estreou a carroceria sedã, com motor 1.8, de duas ou quatro portas, que fizeram dele um sucesso imbatível: foi o carro mais vendido do Brasil em 1984, 1985 e 1986, feito inédito para um modelo de porte médio e um nível, digamos alto, de luxo. Minha versão escolhida é a 500 E.F., grande destaque de todos os Monza, que foi apresentada no Salão do Automóvel de 1988.

Foi o primeiro carro da GM brasileira dotado de injeção eletrônica (Bosch LE Jetronic, igual a do VW Gol GTi), na época alimentando já o motor 2.0 8v, que dava um salto em desempenho com baixo consumo. O Volkswagen chegou primeiro, mas o Monza merece seu espaço pela iniciativa e pioneirismo.
Corsa Wind

Lançado em fevereiro de 1994, o Chevrolet Corsa, com sua primeira versão Wind, revolucionou nosso mercado de modelos populares. Abandonava o carburador em prol da injeção eletrônica monoponto, elevava o nível de conforto e acabamento interno, trazia equipamentos que o diferenciavam e um design muito mais moderno que o dos rivais. Na época, um alemão ainda moderno até na Europa. Trazia um motor 1,0 que não brilhava com a potência (50 cv), mas compensava com o baixo consumo, alta eficiência energética, silêncio de funcionamento e robustez.
Vectra GSI

O Vectra de primeira geração, lançado em 1993, ainda importado, foi outro sucesso da GM e, como o Corsa, também era um projeto Opel alemão. Ele atendia bem as necessidades do consumidor brasileiro e, principalmente na versão esportiva GSi. Era um carro de sonho, por isso seu lugar aqui na minha lista. Sob o capô estava o moderno 2,0 16v alemão de 150 cv, e conseguia conciliar como poucos o conforto ao rodar de um sedã médio, desempenho brilhante e dirigibilidade acima da média. Era um sedã admirável, pena que durou pouco.
Onix 1ª geração

Desde que surgiu no Brasil, no final de 2012, o Onix nunca teve a pretensão de ser o melhor do segmento. Mas, em contrapartida, era um carro equilibrado em suas qualidades. E justamente esse equilíbrio caiu no gosto do brasileiro, que precisava de um hatch com preço acessível, design acertado, boa revenda, mecânica confiável e barata de ser mantida, e bons equipamentos, ou seja, exatamente o que o consumidor queria da marca.

Eram tempos que Corsa e Celta já estavam obsoletos, e a Chevrolet precisava de um hatch que os sucedesse com atributos atraentes. O Onix foi sucesso garantido, tanto que conseguiu a liderança do mercado por seis anos consecutivos (de 2015a 2020).
Sem dúvidas, ao longo desses 100 anos da marca da gravata borboleta dourada no mercado brasileiro, poderíamos enumerar outros cinco, talvez até dez, produtos de destaque que foram vendidos por aqui. Mas esses que eu escolhi estão entre os que tive oportunidade de dirigir ou pelo menos ter tido contato próximo. Merecidos parabéns à GM do Brasil por se dedicar há um século ao mercado nacional. Mas, e você, tem seus preferidos?
DM
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