Estes dias eu estive em contato com uma coletânea de caricaturas do Catuí e isto me trouxe à memória os bons tempos que nós convivemos como colegas de empresa e amigos. Decidi fazer uma homenagem a ele.
A foto de abertura, por exemplo, foi um cartão de Natal – focado no Ano Novo. Sim, eu costumava enviar muitos cartões de Natal para meus contatos nos cinco continentes pelo correio. Este foi um dos muitos que ele desenhou para mim. Naquele tempo, ainda sem internet, sem Photoshop as coisas eram feitas no talento mesmo. Nestes trabalhos ele usava canetas hidrográficas cuja espessura de traço ele modulava com maestria sobre simples papel sulfite.
Quem foi o Catuí?
Walter Seufert, mais conhecido como Catuí, nasceu em 12 de maio de 1930, em Karlsruhe, no sul da Alemanha, e faleceu em Valinhos, SP em 24 de fevereiro de 2018. Em 1946, iniciou um aprendizado de três anos como escultor de pedra enquanto frequentava a Escola Profissional de Karlsruhe.

Após concluir sua formação em 1949 na Alemanha, trabalhou durante seis anos na restauração de igrejas e monumentos públicos danificados pela guerra. Em 1955, mudou-se para o Brasil, estabelecendo-se primeiro no Rio de Janeiro e, a partir de 1962, em São Paulo. No Brasil, não atuou profissionalmente como escultor de pedra, trabalhando trinta anos na multinacional Siemens, até sua aposentadoria em 1991.
Um ano após sua aposentadoria, mudou-se para Valinhos, onde voltou a produzir esculturas, utilizando argila como matéria-prima. Participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, incluindo várias na Alemanha. Suas obras fazem parte de coleções em países como Estados Unidos, Alemanha, Argentina, Singapura, Portugal, Itália, Hong Kong, entre outros.
Suas charges foram publicadas em diversos veículos de comunicação, como jornais, revistas e publicações corporativas. Seguem alguns exemplos de caricaturas do Catuí que mostram o seu humor mordaz e aguçado:
Em 1970, a Editora Abril, que publicava seus trabalhos, sugeriu que adotasse um nome brasileiro. Foi assim que nasceu Catuí, um “índio-alemão”. Catuí, ato contínuo, desenhou seu indiozinho, como mostra a ilustração abaixo:

Sim, Catuí também teve um VW Fusca, mas um dia…
Ele decidiu ir à praia e se dirigiu a Bertioga, o ano – 1978, o VW Fusca – bonito e limpo! A estrada de areia estava boa, mas uma lagoa suspeita apareceu à frente. O que fazer? Ele tinha pouca experiência nessa situação e pensou que poderia ser um buraco profundo!
Ele evitou cuidadosamente o buraco passando por uma grama verde e “firme” na borda da estrada de areia. De repente – OPA!!! o VW Fusca novinho “inclinou para a direita” e ficou preso em um canal de drenagem profundo escondido por aquela “linda e agradável grama verde”!!!

Não foi possível tirar o Fusca do canal de drenagem sem ajuda. Uma motoniveladora foi solicitada para ajudar. E aí veio a grande revelação: a lagoa suspeita era um buraco inofensivo com solo firme que suportou o enorme trator sem nenhum problema…

Bem, mais uma experiência, o VW Fusca não sofreu “ferimentos” maiores e seguiu para o lugar planejado sem nenhuma “surpresa” adicional!
Nenhuma outra “armadilha para VW Fusca” estava no caminho naquele dia.
Desenhos com VW Fuscas
Em vários de seus trabalhos o Catuí usou VW Fuscas e eu apresento abaixo uma seleção destes desenhos, mas havia muito mais do que isto:
Meus itens feitos pelo Catuí
Antes de mostrar alguns destes itens, tenho que dar um esclarecimento. Você verá minha imagem com barba e, sim, eu tive barba por muitos anos — até que ela começou a ficar branca e eu decidi cortá-la em 26 de novembro de 1999.

Os cartões de Natal que ele desenhava para mim faziam muito sucesso, já em setembro eu ia falar com ele pedindo o cartão de Natal do ano. Abaixo mais um exemplo:

Em 1994 outro saudoso amigo, Karlheinz Kirsten, fez uma surpresa para meu aniversário. Ele encomendou ao Catuí uma escultura de argila, e este foi o resultado:

Novamente o Karlheinz Kirsten me presenteou em 1996 com uma placa, esculpida em argila, em comemoração ao meu Jubileu de 25 Anos na Siemens, e, para minha alegria, com um VW Fusca:

A convivência com o Catuí foi sempre motivo de alegria. Ele costumava sempre externar o seu humor, as vezes cáustico, não deixando de comentar acontecimentos na empresa ou no Brasil de um modo geral, tudo isto aparecia em seus desenhos.
Ficou a saudade e o grande agradecimento a este amigo tão gentil.
AG
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