O Nivus GTS chegou como a nova aposta da Volkswagen para adicionar uma dose de esportividade ao seu suve compacto. Como já era de se esperar, o lançamento provocou uma reação imediata. A comunidade respondeu com entusiasmo, mas também com muitas críticas. O AE acompanhou de perto essa repercussão, tanto nas redes sociais quanto aqui no site, e mergulhou nas impressões deixadas por quem mais importa: os autoentusiastas.
O QUE É O NIVUS
É a nova versão topo de linha da gama, equipada com o motor 4-cilindros 250 TSI de 150 cv e um pacote de ajustes técnicos que vai além da simples mudança de motorização. A suspensão recebeu nova calibração com molas e amortecedores mais firmes, entregando maior controle da carroceria e comportamento mais neutro em curvas.
“O resultado é um comportamento mais neutro em curvas, com rolagem controlada, ainda que preservando o mínimo de conforto para uso cotidiano”, explicou Gerson Borini.
Segundo ele, a direção eletroassistida também foi recalibrada, com assistência reduzida em altas velocidades, o que garante maior precisão e sensibilidade ao esterço. Outro ponto destacado foi o controle de estabilidade.
“O sistema foi reprogramado para permitir maior atuação do condutor antes de intervir, algo comum em modelos com apelo mais esportivo. A ação do ESC é bem sutil e, em alguns casos, providencial.”
Os freios, a disco nas quatro rodas com ventilados na dianteira, também foram elogiados.
“Boa modulação e resistência ao fading mesmo após uso intenso. Após três voltas rápidas na pista não foi percebido o menor sinal de fading ou aumento do curso do pedal. O pedal tem curso curto e progressivo, característica que reforça a sensação de controle.”

A lista de modificações é extensa, ainda que nem todas sejam visíveis de imediato. Mas há, sim, um claro esforço da Volkswagen em entregar algo diferente, com mais conteúdo técnico e com um apelo visual e dinâmico mais esportivo. Houve engenharia, desenvolvimento e intenção em construir uma proposta de comportamento mais firme e dirigida para o público que busca uma condução com mais tempero, ainda dentro do universo dos suves urbanos.
Segundo Borini, o Nivus GTS
“busca um meio termo entre desempenho, estilo e tecnologia, sem exageros. Para quem prioriza visual esportivo e condução mais firme no uso urbano, é uma nova opção a considerar no segmento.”
OS ELOGIOS E AS CRÍTICAS
Nas redes sociais do AE, os comentários começaram com elogios. Muitos destacaram o visual bem resolvido do carro, o motor 1.4 TSI de 150 cv, o bom nível de equipamentos e o acerto mais firme da suspensão. Houve quem enxergasse no modelo uma continuação do espírito do Gol GTS, com o necessário tempero esportivo para a vida urbana. Também apareceram vozes reconhecendo o bom trabalho de engenharia da Volkswagen ao calibrar direção, suspensão e freios, além da presença de modos de condução personalizáveis. Para alguns leitores, o Nivus GTS é uma boa adição ao mercado, um carro coerente, que se posiciona de forma mais esportiva, mas sem exageros ou pretensões inalcançáveis. Um equilíbrio que foi bem recebido por uma parcela da audiência.
Mas, na maior parte, as manifestações foram críticas — e em vários níveis. A maior parte dos comentários se concentrou no design das rodas de 18 polegadas, oferecidas como opcional. Chamadas de “feias”, “sem inspiração”, elas foram vistas por muitos como destoantes do que se espera de uma versão GTS. Houve quem dissesse que elas “parecem de carro elétrico”, referência visual a uma linguagem de design mais atual, mas que claramente não agradou aos autoentusiastas mais conectados a uma estética esportiva tradicional. Uma crítica recorrente foi o fato de as rodas 17″ não serem exclusivas da versão GTS, sendo idênticas às do Nivus Outfit — o que, para muitos, compromete a identidade visual da versão topo de linha.
Além das rodas, os seguidores apontaram ausências importantes em termos de conteúdo: teto solar, faróis com projetor, freio de estacionamento eletromecânico e acabamento interno mais refinado. O preço, na faixa dos R$ 175 mil, foi outro ponto questionado, especialmente quando comparado ao que já foi oferecido em versões anteriores como o Polo GTS. Houve quem dissesse que, por esse valor, seria mais vantajoso adquirir o Virtus Exclusive, que entrega mais equipamentos pelo mesmo patamar de preço. Confesso que não fiz essa comparação. E entendo que são carros bem diferentes, para gostos diferentes. Não é apenas uma questão de preços.
Outro comentário frequente foi sobre a sigla GTS em si. Vários leitores afirmaram que o carro “não tem alma de GTS”, e que o modelo parece ter recebido apenas o motor e os adereços visuais, sem um verdadeiro espírito esportivo. Também surgiram comparações com o Polo GTS, visto por muitos como mais completo, mais autêntico e com maior presença. Será que pelo fato do Nivus ser um suve? E para falar a verdade eu não consigo enxergá-lo como tal. Para mim o Nivus é um Hatch e poderia substituir o Polo.

Algumas críticas surgiram de forma mais irônica, mas com argumentos implícitos. Comentários como “ufa, ao menos não veio com calota”, ou “essa roda vai ser ótima para ralar na guia” ilustram bem a insatisfação com o que deveria ser um diferencial visual, mas que acabou se tornando um ponto de discórdia.
E há ainda a crítica subjetiva, mais difícil de mensurar, mas constante nos comentários: a percepção de que faltou ousadia, que o carro ficou “preguiçoso”, que a Volkswagen entregou um pacote seguro demais para quem esperava algo mais provocador. Ao tentar agradar um público mais amplo, o modelo pode ter perdido a chance de cativar os autoentusiastas que valorizam não apenas a desempenho, mas também o simbolismo e a autenticidade de uma versão esportiva. Eu, assim como o Gerson, achei o GTS bem equilibrado. De acordo com a proposta de um GT “S”. Digamos que é um esportivado, e não um esportivo.
REFLEXÃO
A Volkswagen fez uma boa lição de casa com o Nivus GTS. As alterações técnicas são reais e bem-vindas. A proposta é coerente com o mercado atual e bem direcionada. Um suve compacto com tempero esportivo, sem prometer mais do que entrega. Claro que há uma certa “indignação” com o preço. Mas isso é com todos os preços, de maneira generalizada. O nosso poder de compra está incompatível com o que há no mercado. Isso não acontece apenas com o Nivus GTS.
No entanto, as críticas se concentraram, em sua maioria, em aspectos estéticos e de gosto pessoal. O caso das rodas é emblemático. O desenho mais fechado e plano segue uma tendência atual, adotada por diversas marcas em nome da eficiência aerodinâmica, especialmente em carros elétricos. São escolhas que fazem sentido técnico, mas nem sempre agradam visualmente ao público mais ligado ao imaginário tradicional do esportivo.
Imagino que a audiência mais autoentusiasta prefira alguma conexão mais evidente com o passado. Talvez a sigla GTS, os detalhes vermelhos e uma boa ficha técnica não sejam suficientes para provocar emoção. Talvez ainda se espere do GTS aquilo que ele representava nas décadas de 80 e 90.
Também acredito que, para os fabricantes, seja cada vez mais difícil atingir um ponto de equilíbrio entre novidade, diferenciação, modernidade e custos. A conta precisa fechar. E aqui surge um paradoxo: a Volkswagen é frequentemente descrita como conservadora. Mas quando ousa um pouco mais, como agora, surgem inúmeras reclamações.
É como se parte da crítica ao conservadorismo da marca fosse, na verdade, uma forma de carinho. Algo que se espera da VW, como traço de identidade. Não tenho certeza disso. Apenas uma reflexão.
O desafio das marcas está justamente aí. Como inovar sem romper com a essência. Como agradar sem cair no previsível. Talvez a Volkswagen tenha entregado o que o mercado mais amplo espera. Mas o autoentusiasta, esse personagem exigente e apaixonado, sempre vai querer um pouco mais. E que bom que é assim.

O Nivus GTS, na minha opinião, antes de mais nada, deveria ter um câmbio manual, dos bons, com uma relação mais voltada ao desempenho e com aquela precisão de engates que a VW sabe fazer como ninguém. Também deveria ter um escapamento com som mais encorpado, apesar do “motorzinho”. Além de altura de rodagem mais baixa, tornando-o um hatch. E para mim, essas rodas 18″ de série. Isso, essas mesmo. Eu as achei modernas e interessantes. Mas isso depende do gosto de cada um. Com essas alterações ele teria que ser um GTI.
No final das contas para esse Nivus GTI existir seria necessário um volume de vendas mínimo. Se ao menos todos os autoentusiastas, assim como eu, comprassem os carros que desejam, talvez esses carros fossem mais viáveis.
PESQUISA DE AVALIAÇÃO
E para fechar este conteúdo, queremos convidar você a participar de uma rápida pesquisa que nos ajudará a ir além das reações emocionais iniciais e construir uma avaliação mais estruturada e representativa do novo Nivus GTS.
Nosso objetivo é entender como esse modelo está sendo percebido pelos autoentusiastas — leitores que acompanham, refletem e opinam com propriedade sobre lançamentos como esse.
A pesquisa é baseada nas informações já divulgadas, nas análises técnicas que publicamos e, principalmente, na intensa repercussão gerada nas redes sociais e nos comentários aqui no AE. Queremos transformar essa conversa em dados que nos permitam compreender melhor os pontos fortes, os dilemas e as expectativas em torno do novo suve esportivo da Volkswagen.
São menos de dois minutos para responder.
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PM
A coluna “Substance” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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Paulo Manzano é engenheiro pela FEI, com pós-graduação em Marketing pela ESPM e MBA em Negócios pelo IBMEC. Com uma trajetória sólida e ampla na indústria automobilística, Paulo acumulou 30 anos de experiência em posições de liderança nas áreas de marketing, vendas, planejamento de produtos e relações públicas. Ele contribuiu para o crescimento e posicionamento de marcas renomadas como Jaguar Land Rover, PSA, BMW/MINI, Lexus, Toyota, GM e Mercedes-Benz, sempre com foco em inovação e excelência no mercado de luxo e automóveis premium. Em 2008, fundou o Autoentusiastas, um dos mais respeitados portais para apaixonados por automóveis, canalizando sua paixão e conhecimento para um público altamente engajado. Sua visão estratégica e capacidade de criar experiências memoráveis são marcas registradas de sua carreira, agora levadas à curadoria de experiências de luxo com a 88quatro8, seu novo projeto.