O quinto episódio do Podcast AUTOentusiastas recebeu uma das figuras mais emblemáticas do jornalismo automobilístico nacional: Wagner Gonzalez. Conduzido por Paulo Manzano e Gerson Borini, o encontro foi mais do que uma conversa — foi um mergulho profundo nas décadas mais intensas do automobilismo brasileiro e internacional. Histórias de Interlagos, bastidores da Fórmula 1, redações de jornal, cadernos de box e aventuras por cinco continentes surgiram em sequência, contadas por quem não apenas viu tudo acontecer, mas viveu cada curva, largada e travessia.
WAGNER GONZALEZ: UM DESTINO TRAÇADO PELA PAIXÃO PELOS CARROS
Poucos nomes têm tanta história para contar sobre o automobilismo brasileiro e mundial quanto Wagner Gonzalez. E menos ainda mantêm, ao longo de décadas, a mesma dedicação, o mesmo brilho nos olhos e a mesma integridade profissional. Wagner não apenas acompanhou a evolução das corridas de perto — ele foi parte ativa dela. E é justamente isso que torna cada conversa com ele um mergulho profundo na memória viva do automobilismo.
Sua história começa no início dos anos 60, quando ainda criança já se interessava por carros e revistas trazidas pelo irmão mais velho. A partir dali, Interlagos virou seu quintal. Participava das corridas como espectador e curioso, passava horas nos boxes, e cedo aprendeu a transformar paixão em ofício. Foi com papel contact que fez seus primeiros números de competição nos carros dos amigos. Logo virou presença constante nos bastidores e preparações de equipes amadoras, o que o levou, sem querer, a virar chefe de equipe nos 1000 Quilômetros de Brasília.
A transição para o jornalismo foi natural. Seu primeiro texto publicado foi a pedido de Fernando Calmon, ainda no calor de uma prova. Daí veio o convite para trabalhar em produção, reportagem e redações ligadas ao automobilismo. Rádio Difusora, Diário de São Paulo, depois o Estadão — onde substituiu Reginaldo Leme quando este foi para a TV Globo. Ali, começou uma trajetória sólida que incluiu a cobertura de mais de 370 Grandes Prêmios de Fórmula 1 e colaborações com veículos como BBC, Telefé Argentina, Sports Nippon e muitos outros.
Foi também assessor de imprensa de Ayrton Senna na Europa, mandando material para o Brasil durante os anos mais intensos da carreira do piloto. Trabalhou com Piquet e conviveu com nomes de todas as gerações da F-1. Entrou para a Comissão de Imprensa da FIA, escreveu boletins multilíngues e participou dos bastidores da categoria com um olhar privilegiado, respeitado e presente.
Mas Wagner nunca se afastou do Brasil — nem em espírito, nem em pauta. E foi justamente esse compromisso com a cultura automobilística brasileira que o levou a fundar, em 2019, a revista Curva 3. Um projeto pessoal, idealizado, editado e conduzido por ele, com a proposta clara: dar voz ao automobilismo nacional em todas as suas formas. A Curva 3 é hoje a única publicação impressa dedicada ao tema no país, com reportagens que cobrem desde o kartismo no interior até os desafios do rali nacional, além de resgatar personagens e histórias esquecidas pela cobertura tradicional.
A revista é artesanal, feita com esmero. Não tem versão digital oficial por escolha dos próprios leitores — que valorizam o papel, o cheiro da tinta, as fotos em página cheia. O número da edição sempre remete a um piloto histórico, e cada publicação carrega o compromisso de documentar, com profundidade, o que realmente acontece no esporte a motor brasileiro.
No podcast do AUTOentusiastas, Wagner também compartilhou sua visão sobre a Fórmula 1 atual, os bastidores dos construtores, os movimentos estratégicos entre Red Bull, Ford, Honda e a entrada da Cadillac. Criticou com propriedade a série recente sobre Senna na Netflix, apontando omissões e distorções, como só quem viveu os bastidores pode fazer. E relembrou com humor histórias de viagens, corridas e até pegadinhas nos boxes, como o adesivo preto colocado na viseira de Alessandro Zanardi durante um treino.
Quem ainda não conhece as colunas de Wagner no AUTOentusiastas — ou a revista Curva 3 — está perdendo a chance de ler o automobilismo brasileiro contado por alguém que viu tudo acontecer, mas que continua com os dois pés no presente. Como ele mesmo disse, sua linha editorial é uma só: pró-automobilismo. Não é política, não é torcida, não é vaidade. É compromisso com o que importa.
Acesse revistacurva3.com.br, procure por Wagner Gonzalez no AUTOentusiastas, leia suas colunas semanais “Conversa de Pista” e, se puder, assine a Curva 3. Porque enquanto ele continuar escrevendo, estaremos garantindo que essa memória riquíssima da velocidade não se perca com o tempo.
Bom programa!
PM E GB