Há carros que mexem com os sentidos, que despertam memórias e aceleram o coração antes mesmo de dar a partida. E há o Porsche 911 — esse vive em outra esfera emocional. Mais que um automóvel, o 911 é um símbolo de continuidade, paixão e evolução. E, agora, em sua mais nova encarnação, a geração 992.II, ele renasce com atualizações pontuais, mas profundas o suficiente para emocionar até os mais exigentes autoentusiastas.

O palco escolhido para a apresentação oficial no Brasil não poderia ser mais apropriado: o autódromo Velocittà, no interior de São Paulo, durante o evento Porsche Experience. Um templo da velocidade, com curvas técnicas, subidas, descidas e longas retas, perfeito para sentir tudo que um 911 tem a oferecer — e agora com ainda mais intensidade.

Sutileza nas formas, precisão nos detalhes
Externamente, o novo 911 mantém o respeito absoluto à sua silhueta atemporal. As mudanças parecem discretas, mas são precisas: novos para-choques dianteiros e traseiros, faróis LED Matrix redesenhados, novas rodas (19” na dianteira e 20” na traseira) e lanternas traseiras com novo layout, além de entradas de ar redesenhadas que cumprem tanto função estética quanto técnica.

Mas é ao entrar na cabine que percebemos uma mudança emblemática. Pela primeira vez em um 911, a partida é feita por botão — ainda à esquerda, como manda a tradição da marca. O painel de instrumentos agora é totalmente digital, de 12,6 polegadas, mas sem abrir mão da clássica configuração de cinco instrumentos circulares, além de permitir um modo de pista com informações reduzidas para foco total na pilotagem.

No console central, novas teclas físicas de atalho para a central multimídia convivem com o seletor de marchas compacto nas versões com câmbio PDK (robotizado de dupla embreagem) de 8 marchas. A ergonomia segue impecável, e o interior mantém o altíssimo padrão Porsche, com materiais nobres, encaixes perfeitos e aquele aroma inconfundível de carro feito com obstinação.
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Mecânica refinada, sensação amplificada
A base mecânica do Carrera permanece fiel à fórmula consagrada: motor 3-L boxer de seis cilindros biturbo, agora com 394 cv (acréscimo de 9 cv) a 6.500 rpm e torque máximo de 45,9 m·kgf em um patamar entre 2.000 e 5.000 rpm. O corte de rotação acontece a 7.500 rpm, uma sinfonia nos ouvidos chegar perto desse ponto. O ganho pode parecer modesto, mas o refinamento na entrega de potência é sensível. Os novos turbocarregadores e interresfriadores vindos das versões GTS e Turbo, respectivamente, contribuem para uma resposta mais imediata e linear, com menos inércia e mais vigor em rotações médias.

O desempenho acompanha essa evolução: 0 a 100 km/h em 4,5 segundos e velocidade máxima de 295 km/h. Mais impressionante do que os números é como tudo isso é entregue — com progressividade, previsibilidade e aquele ronco metálico e grave que arrepia mesmo com os vidros fechados.

Os freios foram aprimorados, com discos 20 mm maiores no diâmetro e pinças de seis pistões na dianteira, garantindo frenagens firmes e progressivas mesmo após voltas intensas no Velocittà. O controle da carroceria é exemplar, mérito da suspensão ativa e da distribuição de peso quase perfeita.

Carrera T: a volta do câmbio manual e da alma purista
Mas a estrela do evento foi, sem dúvida, o Carrera T, que retorna com força total e agora tem câmbio manual de seis marchas — um presente aos entusiastas da velha guarda e que não se importam de ter três pedais mesmo tendo apenas dois pés e não serem preguiçosos.

Trata-se de uma versão que carrega história: o 911 T brilhou nas pistas, incluindo uma vitória marcante no Rali de Monte Carlo de 1968. E hoje, mais do que um tributo, ele se apresenta como uma opção visceral para quem busca envolvimento total com a máquina.

Além do câmbio manual, o Carrera T recebe um pacote técnico de respeito: suspensão rebaixada em 10 mm e ativa, eixo traseiro direcional, vetoração por torque, e o detalhe que resume sua alma: a alavanca de câmbio com pomo em madeira nogueira, com o logotipo “MT” no console. A sensação de engatar as marchas ali é quase litúrgica — curta, precisa, mecânica no sentido mais puro da palavra.

O Carrera T também é mais leve: 30 kg a menos que o Carrera, totalizando 1.490 kg. Isso se traduz em agilidade e resposta ainda mais afiadas nas mudanças de direção. No Velocittà, ele foi pura comunicação — cada curva, cada freada, cada retomada traziam o piloto para o centro da experiência.

Personalização e exclusividade
Ambas as versões podem ser configuradas até o último detalhe no site da marca. Cores, rodas, acabamentos, pacotes técnicos — tudo pode ser moldado ao gosto do proprietário. Porque um 911 não é só um carro: é uma extensão do caráter de quem o conduz.

As duas versões podem ser encontradas com carroceria Coupé ou Conversível com os seguintes preços sugeridos:
911 Carrera Coupé – R$ 930.000
911 Carrera Cabriolé – R$ 980.000
911 Carrera T Coupé – R$ 980.000
911 Carrera T Cabriolé – R$ 1.040.000

Conclusão
O 911 da geração 992.II não reinventa o ícone — ele o aprimora, com respeito à tradição e foco absoluto na experiência ao volante. Seja no Carrera com seu câmbio PDK rápido e eficiente, ou no visceral Carrera T com câmbio manual e direção comunicativa, o novo 911 reafirma o que sempre foi: um carro que vai além dos números, que fala com a alma e permanece, geração após geração, como o esportivo definitivo.
GB
FICHA TÈCNICA DO PORSCHE 911 T 2026 | |
MOTOR | |
Descrição | H-6, traseiro longitudinal, carcaça e cabeçotes de alumínio, arquitetura de duplo comando de válvulas, corrente, 4 válvulas por cilindro, atuação direta por tuchos-copo hidráulicos, fase e levantamento variáveis, 2 turbocarregadores com interresfriadores, injeção direta, gasolina 98 RON, funciona com 95 RON (gasolina comum) |
Cilindrada (cm³) | 2.981 |
Diâmetro e curso (mm) | 91 x 76,4 |
Taxa de compressão (:1) | 10,2 |
Potência (cv/rpm) | 394 / 6.500 |
Rotação de corte (rpm) | 7.500 |
Torque (m·kgf/rpm) | 45,9 / 2.000 a 5.000 |
Densidade de potência (cv/L) | 132 |
Densidade de torque (m·kgf/L) | 15,4 |
TRANSMISSÃO | |
Descrição | Transeixo traseiro com câmbio manual de 6 marchas e ré, todas sincronizadas, com aceleração interina automática nas reduções, tração traseira |
Relações de marchas (:1) | 1º 3,154, 2ª 2,294; 3ª 1,850; 4ª 1,522; 5ª 1,273; 6ª 1,097; ré 3,991. |
Relação de diferencial (:1) | 3,273 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Ativa, McPherson, braço de controle triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Ativa, Independente multibraço, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem, |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira eletroassistida indexada à velocidade |
Relação de direção (:1) | 15, no centro, além do centro n.d., estimado 12 |
Diâmetro do volante (mm) | 360 |
Voltas entre batentes | 2,5 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,9 |
FREIOS | Disco ventilado, 408, pinça fixa de 6 pistões |
Dianteiros (Ø mm) | |
Traseiros (Ø mm) | Disco ventilado e furado, 408, pinça fixa de 6 pistões |
RODAS E PNEUS | Disco furado, 380, pinça fixa de 4 pistões |
Rodas | Liga de alumínio, dianteiras 9,5Jx20, traseiras, 10,Jx 21 |
Pneus | Dianteiros 245/35 R20 e traseiros, 305/30 R21 |
Estepe | Não tem, há kit de reparo e bomba elétrica de enchimento |
CONSTRUÇÃO | |
Descrição | Monobloco de aço, cupê, 2 portas, 2+2 lugares |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.542 |
Largura sem/com espelhos | 1.852 / 2.033 |
Altura | 1.293 |
Entre-eixos | 2.450 |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,32 |
Área frontal (m², calculada AE) | 1,915 |
Área frontal corrigida (m²) | 613 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha (kg) | 1.490 |
Capacidade de carga (kg) | 440 |
Peso bruto (kg) | 1.930 |
Carga máxima no teto (kg) | 75 (com sistema de carga Porsche) |
Porta-maças (L) | 135 |
Volume disponível atrás dos bancos dianteiros (L) | 261 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 4,5 |
Aceleração 0-160 km/h (s) | 9,7 |
Aceleração 0-200 km/h (s) | 15 |
Retomada 80-120 km/h (5ª, s) | 5,7 |
Velocidade máxima (km/h) | 295 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL | n.d. |