Desde a apresentação da geração 992 do Porsche 911, em 2019, nada menos que 4.894 unidades foram entregues no Brasil, um número expressivo que mostra a força do carro esporte alemão por aqui. Agora, a Porsche traz ao país a atualização de meia vida do modelo, a geração 992.II, inicialmente nas versões Carrera e Carrera T, já apresentadas aos leitores do AE.
O novo Porsche 911 992.II dá um passo além, um passo ousado, e para muitos puristas, polêmico. Estamos falando da estreia do Carrera GTS com propulsão híbrida, batizado T-Hybrid, que marca a primeira aplicação de eletrificação no ícone da marca. Mas calma: este não é um híbrido qualquer. Longe disso.

Durante o Porsche Experience foi possível gravar um vídeo de apresentação dos novos 911 Carrera GTS e Carrera T com câmbio manual. Confira no nosso canal do Youtube pelo link abaixo, bastando clicar na foto. E se ainda não está inscrito em nosso canal, não deixe de se inscrever e ativar o sininho para receber em primeira mão as nossas avaliações.
Híbrido? Sim. Mas com alma de Le Mans
A base tecnológica do novo 911 Carrera GTS T-Hybrid vem diretamente das pistas. O conceito híbrido é derivado do lendário Porsche 919 Hybrid, protótipo que venceu três vezes consecutivas a 24 Horas de Le Mans (2015, 2016, 2017. Ou seja, há pedigree de sobra por trás do novo sistema, que se propõe a aumentar o desempenho sem comprometer o peso ou o comportamento dinâmico que faz do 911 um carro tão especial.

Diferente de um híbrido plug-in ou de um elétrico tradicional, o 911 GTS não exige carregamento externo. Trata-se de um HEV (Hybrid Electric Vehicle) clássico, que recupera energia nas frenagens e desacelerações, armazenando-a em uma bateria de íons de lítio com arrefecimento a líquido de apenas 1,9 kW ·h e 27 kg. Pequena, sim — mas potente o suficiente para fornecer potência instantânea e auxiliar o motor a combustão sem sacrificar o equilíbrio dinâmico.

Motor novo e eletrificação integrada
Na traseira do GTS T-Hybrid está um novo motor boxer de seis cilindros, 3,6 litros, com turbocarregador assistido eletricamente. O componente é equipado com um motor/gerador elétrico de 20 kW (27,2 cv), que elimina o clássico turbo lag ao garantir pressão instantânea nas acelerações — e ainda recupera até 11 kW utilizando os gases de escapamento, maximizando a eficiência térmica do conjunto.

O novo motor a combustão utiliza apenas um conjunto turbocarregador e tem altura 110 mm inferior ao seu antecessor, e o conjunto híbrido entrega a potência máxima combinada de 541 cv a 6.500 rpm com torque máximo combinado de 62,2 m·kgf entre 1.950 e 6.000 rpm.
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Entre o motor e o câmbio PDK dupla-embreagem de 8 marchas, já conhecido e consagrado, está integrado um motor elétrico de 54 cv (40 kW), alimentado por um sistema de 400 volts. Essa unidade elétrica atua tanto para recuperar energia quanto para fornecer potência adicional em acelerações e retomadas. Vale destacar: ele não move o carro sozinho, não há condução 100% elétrica. A proposta aqui é desempenho puro, com eficiência como bônus, portanto poderia ser chamado de semi-híbrido como nos recentes Fiat Pulse e Fastback Hybrid.

Números que falam alto
O resultado dessa engenharia é um ganho de 61 cv em relação ao GTS anterior, totalizando 541 cv. O torque também subiu para 62 m·kgf, 4 m·kgf a mais que a versão anterior. E o que isso significa na prática? A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 3,0 segundos, 0,4 s mais rápido que antes, e 0 a 200 km/h em meros 10,5 segundos. A velocidade máxima é de 312 km/h.

Mas não para por aí. Com o novo sistema híbrido e melhorias aerodinâmicas, como entradas de ar com flapes ativos, defletor traseiro e dianteiro adaptativos, o coeficiente aerodinâmico (Cx) caiu de 0,30 para 0,27 no GTS. Na pista, isso se traduz em mais velocidade, mais estabilidade e… recorde.

No laço norte (Nordschleife) de Nürburgring, templo sagrado da performance automobilística, o novo 911 Carrera GTS T-Hybrid baixou em 8,7 segundos o tempo da versão anterior, marcando 7’16,93 s — um feito digno de respeito até entre os superesportivos puros.

Inovação que respeita a tradição
Naturalmente, a introdução de um sistema híbrido em um carro com a linhagem do 911 pode causar desconforto entre os entusiastas mais conservadores. Afinal, o modelo é um ícone justamente por seu comportamento visceral, por sua conexão direta entre máquina e condutor, algo que muitos temem que a eletrificação possa diluir.

Mas o que a Porsche fez aqui foi diferente. Em vez de pensar apenas em consumo e emissões, ela usou a eletrificação como ferramenta de desempenho, respeitando o equilíbrio que sempre caracterizou o 911. O motor continua cantando como um bom boxer deve cantar. A tração traseira permanece, assim como a distribuição de peso característica. A emoção ao volante, aquele elemento subjetivo e inegociável, ainda está lá. E talvez até mais intensa. As trocas de marchas automáticas ocorrem normalmente e quanto mais fundo pisar no acelerador, mais alta será a rotação de troca de marcha — isso se o motorista-piloto não quiser fazer as trocas ele mesmo pelas borboleta atrás do volante.

O Carrera GTS T-Hybrid não quer substituir o que o 911 sempre foi. Quer, isso sim, mostrar o que ele pode ser daqui para frente, sem trair suas origens. É a Porsche, mais uma vez, ensinando como se inova com respeito à tradição, e entregando um carro que pode, sim, conquistar até os mais céticos.

Preços
O novo Porsche 911 992.II Carrera GTS T-Hybrid é oferecido em duas carrocerias com os seguintes preços sugeridos:
911 Carrera GTS Coupé – R$ 1.180.000
911 Carrera GTS Cabriolet – R$ 1.230.000
GB
Nota: ficha técnica em elaboração.