“Foi em Diamantina onde nasceu J.K.
Que a princesa Leopoldina ‘a resolveu’ se casar
Mas Chica da Silva tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa a se casar com Tiradentes
Laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar
Joaquim José, que também é da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro Segundo
Das estradas de Minas, seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta.”
Essa música, o “Samba do compositor doido”, de 1966, de Sérgio Porto, mais conhecido por Stanislaw Ponte Preta, me veio à mente assim que entrei na rodovia Rio-Santos, no trecho administrado pelo DER-SP (o Google erra ao informar que a CCR Rio-Santos é a concessionária responsável, o que ocorre depois de Ubatuba), entre Boiçucanga, o nome oficial do bairro de São Sebastião (também há quem escreva Boissucanga) e Bertioga.
Por que? Porque a sinalização informando as velocidades máximas permitidas deixa qualquer motorista/motociclista enlouquecido, tal a confusão causada por ela.
Você entra na rodovia, na verdade uma grande avenida que liga São Paulo e Rio de Janeiro por belas praias e logo se depara com placas de 40 km/h, faz uma curva e aparece outra, aumentando a velocidade para 60 km/h. Seguindo por cerca de 200 metros surge outra, baixando para 40 km/h. Menos de 100 metros depois, outra de 60 km/h. E isso sem qualquer razão que justifique essas mudanças.
Parece mesmo que o Sérgio Porto inspirou quem planejou a colocação da sinalização das placas de velocidade, pelo menos no trecho que percorri da Rio-Santos.
E, para deixar o usuário da estrada/avenida ainda mais confuso, nos últimos tempos foram instalados radares para punir — com toda razão — os infratores. Mas, muitas vezes colocados muito próximos após a placa que indica uma velocidade menor da que era permitida anteriormente, como acontece no sentido São Paulo-Rio, defronte à Índia das Ostras (e que deliciosas ostras tem lá, como o lambe-lambe de mariscos), de 80 km/h para 60 km/h. Impossível baixar a velocidade com uma distância tão pequena.
É claro que a Rio-Santos, em muitos de seus trechos mais uma avenida que uma rodovia, vem merecendo nesses anos maior atenção por parte da fiscalização em razão da grande circulação de pessoas e ciclistas que correm grandes riscos com a velocidade acima de 80 km/h (a maior permitida em toda sua extensão) imprimida por muitos veículos que por ela trafegam.
A 315 km/h na Rio-Santos
Há muitos anos havia um retão em Bertioga com quase 10 quilômetros de extensão. Os mesmos 10 quilômetros continuam lá, mas hoje não é mais possível pisar fundo no acelerador, tal a quantidade de radares, lombadas e faixas para travessia de pedestres, que são muitos na área e precisam ter suas vidas preservadas. Foi ali que o piloto Fábio Sotto Mayor bateu o recorde brasileiro de velocidade, com um Opala, em 1991, atingindo 315 km/h em cinco quilômetros daquele trecho da estrada. Hoje, não passaria de 40 km/h. E com um detalhe, não há nem mesmo muito espaço para ultrapassagens. É faixa contínua praticamente em toda a sua extensão.
Mas se as placas indicativas de direção causam dúvidas para os motoristas, uma coisa é preciso destacar: o asfalto nunca esteve tão bom, assim como a sinalização de solo. As faixas dividindo as faixas de rolamento — uma que vai, outra que vem — indicando onde ultrapassar e onde não, estão bem pintadas e não deixam dúvidas aos motoristas. Ele está tão bom que se o seu carro tem alerta de saída de faixa (que dá alerta, sonoro ou por meio de aviso luminoso no painel) ou assistente de permanência na faixa (sistema ativo, que “joga” o carro de volta, antes que ele passe para outra faixa) os sistemas vão funcionar.
CL
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