A resenha do GP do Canadá, décima etapa da temporada, inclui dois fatos há muito aguardados: os ataques entre as equipes Red Bull e Mercedes e um acidente envolvendo Lando Norris e Oscar Piastri. Essa corrida foi primeira etapa do Campeonato Mundial de F-1 de 2025 sem a presença de um piloto da McLaren no pódio e o inglês George Russell venceu sua quarta corrida num momento crucial de sua carreira: ele está sem contrato para 2026 e vitória em Montreal agrega valor ao seu passe. No mesmo fim de semana o ex-F-1 Robert Kubica venceu a 24 Horas de Le Mans em companhia do britânico Philip Hanson e do chinês Yifei Ye. Foi a terceira vitória consecutiva da Ferrari em Le Mans, desta vez com um carro da equipe semioficial.

Christian Horner e Toto Wolff têm em seus currículos uma lista considerável de discussões, diferenças de opiniões e conceitos, um cenário que já levou à demissão do australiano Michael Masi, então diretor de corridas da Federação Internacional do Automóvel (FIA), após o conturbado final do GP de Abu Dhabi de 2021. Desta vez o imbróglio soou como uma tentativa desesperada da equipe dos energéticos tentar impingir a George Russell a culpa de ter praticado direção perigosa e ter cometido outras atitudes antidesportivas para se defender de ataques de Max Verstappen. A FIA rejeitou sumariamente o protesto impetrado pela Red Bull.

Ironicamente é o holandês piloto de Horner quem está a um ponto de ser banido de um GP em consequência de sanções recebidas nos últimos 12 meses exatamente por infrações cometidas em corridas. Certamente Russell tentou criar uma situação na qual Verstappen poderia cometer uma infração e, consequentemente, causar sua suspensão de uma corrida. O risco de ser punido se ganhar mais um ponto em sua carteira persiste até o GP da Áustria, marcado para o domingo, 29, no circuito de Zeltweg.
Tal como Interlagos, a pista austríaca também sofreu mutilação digna de crime doloso para atender demandas da F-1, atitudes que aniquilaram charme e as tornaram muito mais fáceis de percorrer sob os pontos de vista de acerto dos carros e nível de pilotagem. Para a equipe McLaren, que no ano passado viu Oscar Piastri subir ao pódio em segundo lugar, o asfalto de Spielberg, hoje conhecido como Red Bull Ring, será uma oportunidade de redenção do desempenho mostrado no Canadá, circuito relativamente plano e identificado por curvas de baixa velocidade e exíguas áreas de escape. Curiosamente, nos três últimos anos a corrida austríaca teve três vencedores diferentes: Charles Leclerc (2022), Max Verstappen (2203) e em 2024, George Russell (Mercedes).
Piastri segue líder do campeonato, com 198 pontos, 22 à frente de seu companheiro de equipe Lando Norris, que não marcou pontos em Montreal e deu mostras que ainda precisa amadurecer: o inglês assumiu o erro que o levou a bater levemente no carro do australiano nas voltas finais da prova. Para além do próprio prejuízo Norris colocou em risco o resultado de Piastri, que conseguiu completar a prova em quarto lugar. Entre as equipes, a McLaren segue navegando com tranquilidade e abundância: acumula 374 pontos, contra 199 da Mercedes e 183 da Ferrari.
O resultado completo do GP do Canadá você encontra aqui.
No tri em Le Mans, Ferrari vê um carro desclassificado

Pelo terceiro ano consecutivo, a Ferrari venceu a disputa da 24 Horas de Le Mans, clássica prova francesa de resistência e que compõe com a 500 Milhas de Indianapolis e o GP de Mônaco a tríplice coroa do automobilismo mundial. Este ano a vitória da casa de Maranello veio com o terceiro dos três protótipos 499P apresentados em outubro de 2022 e que estrearam em 2023. Nesse mesmo ano o modelo conquistou Le Mans com o carro nº 51 pilotado por. Antonio Giovinazzi, Alessandro Pier Guidi, and James Calado e deu à Ferrari a primeira vitória em La Sarthe desde 1965. No ano passado o triunfo ficou por conta do protótipo nº 50 de Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nilsen.
Este ano o nº 83 foi inscrito pela AF Corse, equipe italiana considerada um time semioficial da marca de Maranello, e pilotado por Robert Kubica, Philip Hanson e Yifei Ye. O auto é pintado com o mesmo grafismo dos carros oficiais, mas invertendo as áreas em vermelho e amarelo. Além da primeira vitória de um piloto chinês em Le Mans, o resultado deste ano tem sabor mais do que especial para o polonês Robert Kubica, que há 14 anos quase perdeu a vida num grave acidente no rali Ronde di Andora, na Itália, e por pouco não teve o antebraço direito amputado.
O Ferrari nº 50, pilotado novamente por Fuoco/Molina/Nielsen, terminou em quarto lugar, mas foi desclassificado por uma infração técnica: quatro parafusos na fixação da asa traseira, falha que permitira maior deflexão desse elemento aerodinâmico. Em comunicado oficial a Ferrari aceitou a desclassificação, mas alegou que o erro não significou ganho de performance ou perda de segurança.
WG
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