Desde seu lançamento em 2022, o Fiat Fastback sempre desafiou rótulos. Suve? Cupê? Hatch elevado? Na prática, o modelo combina elementos de todos esses segmentos, buscando uma identidade própria, ou algo mais próximo de um crossover urbano com apelo esportivo e estilo diferenciado. Na linha 2026, a Fiat manteve a base do projeto, mas aplicou melhorias pontuais e estratégicas, com foco em sofisticação, conectividade, segurança e, sobretudo, motorização.

Anteriormente a FIAT sinalizou a possibilidade de versões de aspiração atmosférica no modelo. Mas agora confirmou que o Fastback agora será oferecido exclusivamente com motores turbocarregados. Isso se soma ao lançamento do teto solar panorâmico e à atualização da versão Abarth, que entrega um comportamento à altura do emblema do escorpião.

Visual renovado, sem perder a identidade
As mudanças estéticas foram sutis, mas bem direcionadas. A nova grade dianteira adota um padrão com barras verticais mais evidentes, enquanto as entradas de ar ganham acabamento preto brilhante. O conjunto óptico frontal agora traz assinatura full-LED, e os faróis de neblina foram redesenhados nas versões mais equipadas.

A traseira permanece praticamente inalterada, mantendo as lanternas envolventes e a linha de cintura elevada, elementos que continuam garantindo boa presença visual. O teto solar panorâmico, disponível opcionalmente para as versões Impetus e Limited Edition, amplia a sensação de espaço interno e eleva o Fastback a um novo patamar de refinamento no segmento.
Na versão Abarth, o conjunto visual é ainda mais arrojado: grade exclusiva com logo escurecido, detalhes vermelhos nas molduras das entradas de ar, rodas de 18” com pintura em preto brilhante e ponteira dupla de escape.

Gama 100% turbo com duas opções de motorização
A linha 2026 está estruturada em cinco versões, todas equipadas com motores turbinados. A base é o motor T200 1,0 turbo flex de três cilindros, com 125/130 cv de potência máxima a 5.750 rpm e 20,4 m·kgf de torque máximo a 1.750 rpm, utilizado nas versões T200, Audace e Impetus. Nas versões mais caras, Limited Edition e Abarth, entra em cena o já conhecido T270 1,3 Turbo de 4 cilindros e que vem calibrado para 176 cv de potência máxima a 5.750 rpm na versão Limited e com 180/185 cv a 5.750 rpm na versão Abarth. Ambos entregam torque máximo de 27,5 m·kgf a 1.750 rp, e utilizam injeção direta da BorgWarner.

Abaixo, o resumo da gama com preços de lançamento em junho/2025:
Versão | Motorização | Potência | Preço (jun/25) |
Fastback T200 | 1,0 Turbo 130 cv | CVT | R$ 119.990 |
Audace T200 Hybrid | 1,0 Turbo 130 cv (mHEV) | CVT | R$ 159.990 |
Impetus T200 Hybrid | 1,0 Turbo 130 cv (mHEV) | CVT | R$ 167.990 |
Limited Edition T270 | 1,3 Turbo 176 cv | AT6 | R$ 171.990 |
Fastback Abarth | 1,3 Turbo 185 cv (calibração esportiva) | AT6 | R$ 177.990 |
As versões Audace e Impetus adotam o sistema semi-híbrido de 12V, com motor/gerador reversível (BSG), que atua principalmente na regeneração de energia e no auxílio em partidas e retomadas, reduzindo consumo e emissões. O câmbio CVT está escalonado para sete marchas nas versões com T200, enquanto o automático epicíclico de 6 marchas equipa as versões com T270.

Primeiras impressões: comportamento mantém o equilíbrio
Durante o evento de lançamento, avaliei inicialmente a versão Impetus T200 Hybrid. O comportamento dinâmico segue idêntico ao que já havia observado em testes anteriores com o motor T200: é um carro de rodagem macia, com suspensão bem calibrada para uso urbano e familiar, sem ser excessivamente mole. O sistema híbrido-leve opera de forma quase imperceptível ao volante, com pequenas contribuições em aceleração e start-stop, mas sem impacto direto na sensação de desempenho.

Para um suve com 125/130 cv, o desempenho está acima da média no segmento 1,0 turbo, especialmente nas versões com foco em conforto. A resposta do conjunto mecânico é previsível, a direção tem bom peso em velocidades maiores e o isolamento acústico está dentro do esperado para o porte.

Fastback Abarth: escorpião com veneno real
A versão Abarth é, sem dúvida, o grande destaque da linha. Equipada com o motor T270, ela se diferencia não apenas pela estética, mas também pela calibração exclusiva da central, que inclui o modo Poison, responsável por reduzir o tempo de resposta do acelerador em até 40% em comparação com o modo Sport. O 0 a 100 km/h é cumprido em 7,6 segundos, com máxima de 220 km/h (álcool).

A avaliação foi realizada em pista fechada, no traçado de 2,5 km do autódromo Raceville, em Brotas, SP, durante um desafio entre os quase 60 jornalistas. Foram duas voltas cronometradas, suficientes para explorar o limite do modelo. O acerto de suspensão mais firme, a direção mais direta e os controles eletrônicos mais permissivos colocam o Fastback Abarth entre os suves compactos mais divertidos de guiar.

Participei da disputa e consegui finalizar a apenas 1 segundo do vencedor, garantindo o terceiro lugar geral. Um desempenho que mostra que o conjunto tem muito potencial e que talvez, com mais sorte, possa render um degrau mais alto na próxima.

Conectividade, espaço e segurança
O interior do Fastback mantém os bons números: são 510 litros (VDA) de porta-malas, posição de dirigir elevada e acabamento que evoluiu nas versões topo de linha. O sistema multimídia com tela de 10,1” está presente nas versões superiores, com espelhamento sem fio e integração com o Fiat Connect////Me, que oferece mais de 30 funções conectadas, inclusive localização remota, comandos via app e diagnósticos.

A partir da versão Audace, o Fastback passa a oferecer o pacote de ADAS, com frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa, alerta de colisão frontal e farol alto automático. As versões Impetus e superiores ainda somam sensores dianteiros, retrovisores rebatíveis eletricamente e bancos com revestimento em tecido que imita couro. Porém em todos eles o controle de cruzeiro é convencional e o assistente de permanência em faixa está disponível.

Conclusão: maturidade com personalidade
O Fiat Fastback 2026 mostra um projeto que amadureceu sem perder sua ousadia. A decisão de manter apenas motores turbo trouxe coerência à linha, enquanto a introdução do teto solar e a versão Abarth ampliam o leque de clientes atendidos, do público familiar que busca um suve confortável, até o entusiasta que valoriza desempenho e estilo.

A Fiat parece ter entendido que, para se destacar em um segmento tão saturado, é preciso mais do que design arrojado. Com boas escolhas técnicas, equipamentos relevantes e comportamento dinâmico consistente, o Fastback segue como uma opção legítima para quem busca estilo, desempenho e versatilidade em um mesmo pacote.