O novo Amalfi, revelada oficialmente como substituto do Roma, é a prova de que a marca de Maranello ainda sabe como reinterpretar suas próprias tradições com elegância e muita esportividade. Longe de ser apenas uma evolução estética ou uma troca de nome para manter o portfólio aquecido, o Amalfi representa um ponto de virada, e talvez um mea culpa.
O contexto ajuda a entender sua importância. Acredito que nem todo mundo tenha ideia de quão baixos são os volumes da Ferrari. Em 2024, a Ferrari bateu novo recorde! Com incríveis 13.752 unidades entregues no mundo, superando os resultados históricos de 2022 e 2023. Modelos como Purosangue, Roma Spider e 296 GTS puxaram esse crescimento. Por outro lado, a Roma original se despediu discretamente após mais de cinco anos em produção. E convenhamos, nunca foi um modelo falado ou desejado como outros. A chegada do Amalfi, portanto, não é apenas uma substituição, mas uma reafirmação da proposta grand tourer (GT) da marca em meio a uma linha cada vez mais diversificada e tecnológica.
Isso porque, pela primeira vez em muito tempo, a Ferrari parece ter escutado com atenção as críticas de seus clientes e da imprensa. A decisão de abandonar os comandos táteis e restaurar os botões físicos no volante é simbólica. Vai além da ergonomia: é um reconhecimento de que a experiência de direção não pode ser subordinada ao modismo tecnológico. Importante para um carro que é mais usável no dia a dia e por isso menos radical, Afinal trata-se de um GT. E mais; a marca vai oferecer retrofit para os donos do Roma e do 296. Um gesto raro, quase inédito.
Com uma carroceria toda redesenhada, nome inspirado na maravilhosa e iluminada costa italiana e um interior que equilibra digitalização e sofisticação tátil, o Amalfi propõe uma nova leitura do que deve ser um grand tourer da Ferrari. Mais potente que o Roma, com V8 biturbo de 640 cv, transmissão de dupla embreagem de oito marchas e 0 a 100 km/h em míseros 3,3 segundos, ele entrega o que se espera de um esportivo moderno. Mas é no conjunto, e não apenas na ficha técnica, que ele se destaca.

Entre os elogios recebidos, destacam-se sua maturidade, a presença marcante e a forma natural com que envolve o motorista. O modeloi representa um reposicionamento consciente da Ferrari, que optou por um caminho de maior refinamento estético e funcional, sem perder o vínculo emocional com quem está ao volante. Um dos textos internacionais definiu bem:
É um carro que parece ter alma. E, no caso do Ferrari, isso não é um detalhe, é o que a mantém relevante.
E me diga, quando foi a última vez que a Ferrari lançou um novo modelo na cor verde? Que por sinal eu achei lindíssima. E o nome, um luxo só. Se você não conhece, pesquise sobre a Costa Amalfinata e veja que lugar.
10 FATOS QUE EXPLICAM O FERRARI AMALFI
1. O FERRARI AMALFI É UM NOVO GT 2+ COM MOTOR V8 CENTRAL-DIANTEIRO BITURBO
O Amalfi inaugura uma nova fase entre os grand tourers da marca. Trata-se de um cupê 2+ com motor V-8 biturbo de 3.855?cm³ montado em posição central-dianteira. A proposta une o desempenho brutal que se espera de um Ferrari com usabilidade real no cotidiano. Não é uma reformulação do Roma, é um conceito aprimorado em todos os aspectos para ser mais apreciado e fácil de usar.

2. O V8 MAIS AVANÇADO DA HISTÓRIA RECENTE DA MARCA
Derivado da premiada família F154, o motor do Amalfi entrega 640 cv a 7.500 rpm, com torque robusto e progressivo graças ao uso de turbocompressores de baixa inércia com controle independente de rotação, novos sensores por bancada e uma ECU compartilhada com modelos como o Purosangue e o 12Cilindri. O resultado é uma resposta mais imediata e precisa, com ruído característico garantido por um novo silenciador e coletores de igual comprimento. E sem assistência elétrica. Para o deslumbre dos mais puristas.
3. AERODINÂMICA ATIVA COM TRÊS CONFIGURAÇÕES AUTOMÁTICAS
O Amalfi conta com um spoiler traseiro móvel integrado que atua em três modos (Low Drag, Medium Downforce e High Downforce ), com transições automatizadas conforme aceleração longitudinal e lateral. Em modo HD, são gerados 110 kg de carga aerodinâmica a 250 km/h com impacto mínimo no arrasto. Há também uma aba aerodinâmica fixa de 20 mm na traseira, tecnicamente chamada de nolder, que ajuda a recomprimir o fluxo de ar em alta velocidade. No splitter dianteiro, geradores de vórtice otimizam a estabilidade e a ventilação dos freios.
4. O DESIGN QUE UNE ESCULTURA E INTELIGÊNCIA
A carroceria foi redesenhada a partir de uma abordagem escultural e fluida em contrapartida a uma boa agressividade do Roma. Linhas limpas, volumes monolíticos e soluções visuais como faróis integrados em cortes técnicos, ausência de grade tradicional e lanternas traseiras escondidas resultam em um visual moderno sem romper com a herança, mas acompanhando a nova identidade da marca. Alguns não têm gostado muito dessa nova linguagem da dianteira. Mas eu acho essa face “cabeça de tubarão” bem interessante e moderna. O tom Verde Costiera, inspirado no litoral da costa amalfitana, realça cada detalhe com sofisticação.
5. UM INTERIOR PENSADO PARA ENVOLVER E DIFERENCIAR
O painel com desenho monolítico funde instrumentos e saídas de ar em um único bloco. O console usinado em alumínio abriga os comandos principais, incluindo o gate de marchas e a chave. A configuração dual-cockpit delimita espaços para motorista e passageiro, com integração visual entre as áreas. O desenho também é mais limpo, mais reducionista, e assim até mais luxuoso. O acabamento alterna fibra de carbono, alumínio e couros contrastantes como o Verde Bellagio.
6. HUMAN-MACHINE INTERFACE TOTALMENTE RENOVADA
O novo volante com botões físicos marca o retorno do controle tátil, e da tradição. O botão de partida em alumínio reaparece, agora em posição de destaque. São três telas: painel digital de 15,6″, tela central de 10,25″ e tela de passageiro de 8,8″, todas integradas e com foco em ergonomia e participação ativa do co-piloto. Apple CarPlay® e Android Auto® são de série, com carregamento por indução e conectividade via MyFerrari Connect.
7. DINÂMICA APRIMORADA COM FRENAGEM BY-WIRE E CONTROLE TOTAL
O modelo estreia um novo sistema de freio eletrônico sem conexão direta do pedal com o sistema hidráulico (brake-by-wire), acoplado ao ABS Evo e à lógica Side Slip Control 6.1. Os sensores 6D permitem cálculo preciso de velocidade e aderência, otimizando frenagem em linha reta e curvas com estabilidade total. A direção com assistência elétrica foi recalibrada para respostas mais progressivas e previsíveis, mesmo em pisos de baixa aderência. Pela descrição me parece um carro mais dócil. Como um bom GT deve ser, no cotidiano e para viagens. Para o motorista e para o passageiro, normalente o par do motorista, que precisa se sentir confortável.
8. TRANSMISSÃO DE 8 MARCHAS REFINADA E INTEGRADA AO V8
A já conhecida caixa de dupla embreagem de oito marchas (vinda do SF90 Stradale) foi aprimorada com nova unidade de controle e integração total com a ECU do motor. Além de trocas mais suaves e rápidas, o sistema incorpora modos de controle de torque e fricção otimizados para tráfego urbano, com melhorias nas fases de partida e parada (Start&Stop). Mais conforto.
9. CONFORTO E EXPERIÊNCIA SENSORIAL AJUSTÁVEIS
Os bancos têm três tamanhos e oferecem aquecimento, ventilação e função massagem com dez câmaras de ar, cinco programas e três níveis de intensidade. O sistema de som Burmester® de 1.200 watts e 14 alto-falantes entrega performance acústica de referência, com tweeters tipo ring radiator e três modos de audição configuráveis. Tudo pensado para transformar cada viagem em um mergulho sensorial, seja com o som do V-8 ou com o Burmester.
10. MANUTENÇÃO OFICIAL DE 7 ANOS COMO PARTE DA EXPERIÊNCIA FERRARI
O programa Ferrari Genuine Maintenance cobre os primeiros sete anos da vida do carro, com revisões periódicas (anuais ou a cada 20.000 km), peças originais e técnicos treinados em Maranello. Esse serviço, disponível inclusive para seminovos, reforça o compromisso da marca com confiabilidade e excelência de pós-venda. Algo cada vez mais primordial até em marcas que são puro desejo.
O Amalfi não tenta reinventar nada. E talvez por isso funcione tão bem. É um Ferrari bem resolvido, com equilíbrio entre forma e função, potência e conforto, tradição e atualização. Um GT de verdade, feito para ser usado com prazer e sem esforço.
Talvez um sinal de desaceleração em um mundo em constante mudança, apenas pela mudança. Acho que a Ferrari percebeu isso.
E, assim, se coloca como uma verdadeira marca de luxo moderno.
PM
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