Em sequência ao causo de grande audiência, de Emerson Gagliardi, “O sonho do Fusca novo”, recebi o delicioso causo de Tarik Nage, que apresento abaixo. Tarik motivou-se em escrever ao ler o relato de Emerson, e isto é o bom dessas histórias, um causo levar a outro e assim irmos aumentando o acervo posto à disposição de nossos leitores e leitoras na coluna “Falando de Fusca & Afins”.
“QUERO COMPRAR SEU VW FUSCA”
Por Tarik Nage
“Tudo começou em 1997.
Lembro-me que neste ano meu pai levou minha mãe ao hospital, com um Fusca “Itamar” branco, para dar à luz à minha irmã mais nova. Apesar de ter apenas cinco anos, lembro-me bem do carro. Não sei dizer por que que esse carro ficou marcado na minha memória…
Conforme fui crescendo, a vontade de ter um Fusca “!Itamar” foi aumentando, apesar de eu não saber que aquele Fusca era “Itamar”, só me lembrava das faixinhas laterais e isso que me fez descobrir que se tratava de um “Itamar”.
Quando estava com uns 13 ou 14 anos de idade estava varrendo a calçada da minha casa e de repente olhei para rua e vi um Fusca “Itamar” Série Ouro prata Lunar que passou desfilando com todo o seu charme e esplendor…. Imagine só! Parecia cena de filme: o carro mais lindo que já vi na vida passando em câmera lenta…
Certa vez, nesse mesmo período no qual eu tinha visto aquele “Itamar” Série Ouro, vi dois homens com um bege Arena. Eles me pararam para me pedir uma informação, nisso fiquei vidrado no carro deles. Era um “Itamar” muito original, carro fantástico.
Esses acontecimentos reativaram a minha vontade de ter um Fusca como aquele. A cidade onde moro se chama Umuarama, no Paraná, uma pequena cidade de 100 mil habitantes, logo não foi difícil achar o dono desse Série Ouro.
Aí é que vem a parte engraçada: quando descobri onde ficava o Série Ouro, escrevi num papel “QUERO COMPRAR SEU FUSCA”, deixei meu telefone também e coloquei o papel no para-brisa preso pela palheta do limpador esquerdo.
Foi muita inocência de minha parte, já que eu não sabia nada de valores desses carros e também não tinha muito conhecimento de que os Série Ouro tinham saído em menor escala e outros pormenores.
O dono desse Série Ouro viu o bilhetinho e teve a atenção de me ligar. Contou-me que era único dono do carro, que era apaixonado por Fusca, disse também que tinha carros novos e bons para usar no dia a dia, mas que a paixão mesmo era o Fusca e até que era o carro que ele mais gostava de usar no dia a dia.
Ele ficou muito feliz em saber que um jovenzinho, ainda sem saber valores e sem malícias de ganhos financeiros em cima do carro, queria tanto comprar um “Itamar”; e por isso ele havia me ligado e contado toda a sua história com aquele Fusca.
O mais interessante dessa história, que aconteceu uns 14 anos atrás, é que vira e mexe eu encontro o mesmo senhor conduzindo o seu Série Ouro prata Lunar pelas ruas da cidade (o carro ainda continua bonito, com algumas marcas do tempo, mas ainda assim muito atraente).
Passados os anos comecei a juntar uma graninha para comprar um Fusca “Itamar” (ressaltando que sou de família humilde e continuo humilde, mas estou aí na luta). Em 2015 consegui comprar um “Itamar” branco Geada 96/96.
Fiquei muito feliz com a aquisição do veículo. Mas ele era bem “usadinho”, sabe… Gastei mais um troco para deixá-lo em boas condições e também do meu gosto.
Minha vontade sempre foi ter um Fusca prata Lunar zero, essa parte da história é igual à história do Emerson Gagliardi. Mas a minha realidade é bem diferente por na época em que o carro era “zero” eu era praticamente um bebê.
Sempre soube que havia muitos Fuscas “Itamar” guardados por aí, então comecei uma busca por um que fosse zero ou bem próximo disso.
Há um ano e três meses apareceu um carro nos padrões que eu sempre quis, e, com muito sacrifício, luta e suor, consegui realizar meu sonho!
Hoje tenho um “Itamar” bege Urano 96/96 com 6.550 km que ficou a vida toda num inventário, preservando, assim, todos os itens originais de fábrica.
A única coisa que fiz no carro foi a regulagem dos carburadores e a troca de velas, de resto é tudo original!”
Algumas fotos do Fusca “Itamar” bege Urano:
Alguns detalhes da originalidade do carro:
Tarik Nage por ele mesmo
‘Sou descendente de libaneses e meu nome foi dado por meu avô. Sou natural de Mundo Novo, MS, porém moro há alguns anos em Umuarama, PR. Tenho 27 anos de idade e sou vendedor de produtos fumígenos. Sou casado com Nádia Alessandra.
E sou fã incondicional do Fusca “Itamar”. Minha história se resume a um encantamento sem explicação pelas características específicas dessa versão do Fusca. Vidros fixados por guarnições de borracha, pneus radiais, interior moderno, faixa degradê no para-brisa, cores metálicas lindas, motor forte e silencioso, mas com um ronco grosso e abafado que, em minha opinião, lhe dá um toque mais do que especial. No caso, creio eu, que a única explicação pode ser o AMOR por essa versão do querido Fusca.”
Na foto de abertura, Tarik fotografa seu carro próximo à Praça do Japão, em sua cidade.
Para mim, que acompanho o movimento de preservação do Fusca há tantos anos, o fato de um jovem que não presenciou a era áurea do Fusca no Brasil e, mesmo assim, ter esta paixão e tê-la transformado em ação consubstanciada na preservação de um Fusca “Itamar”, é um alegre e marcante fato! Sim, pois o movimento preservacionista só irá continuar se “sangue novo” se unir aos veteranos e, com o tempo assumir a liderança e a manutenção deste movimento.
AG
Agradecimento
Aqui cabe o meu agradecimento ao Emerson Gagliardi, pois foi através dele que o causo do Tarik Nage, a quem também agradeço, claro, acabou chegando a mim.
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