Desde que foi lançada, a Kombi foi usada tanto conforme saiu da fábrica, quanto numa infinidade de aplicações específicas realizadas por empresas do mundo inteiro. Já tratei da versão picape na matéria “Pau p’ra toda obra” com muitos exemplos de aplicações específicas realizadas na Alemanha.
Agora o foco será nas customizações realizadas pela Carbruno. Como fui vizinho de um dos donos desta empresa e ainda mantenho contato com sua família, isso me deu a oportunidade de, recentemente, ter acesso a uma vasta documentação histórica, em formato de apresentação, de uma série de customizações de Kombis Standard e Furgão realizadas pela Carbruno.
Aquela apresentação foi impressa com uma tecnologia tal que, curiosamente, a digitalização por scanner resultou num material de resolução gráfica baixa demais. Na busca de uma qualidade melhor empreguei um software para smartphone que resultou num material de melhor resolução, embora não ideal
O que é a Carbruno
A história da Carbruno começou com a empresa Cama Patente que depois se dividiu em Cama Patente e Cama Bruno. Esta acabou virando Carbruno e começou a efetuar trabalhos para a Mercedes-Benz, Volkswagen, etc. Inicialmente a atividade era restrita a caminhões, como os veículos-frigorífico. Depois o trabalho passou a abranger outros veículos, em especial a Kombi, soluções que eram sempre patenteadas à medida que iam sendo desenvolvidas.
A Carbruno S.A. Indústria e Comércio, de São Paulo, SP, localizada na Estrada das Lágrimas, 3477, São João Clímaco, sempre se destacou na fabricação de carrocerias e adaptações customizadas para veículos entre 1950 e 1970. Foi uma das pioneiras nesse campo de desenvolvimento de modificações para caminhões, ônibus, picapes, chegando às Kombis e mesmo aos Fuscas. Infelizmente a empresa fechou em 1980..
Veja a seguir as customizações de Kombis e um anexo especial para ônibus apresentadas como curiosidades:
Furgão Tintureiro
Kombi Bar
O bagageiro do teto com toldo desmontável, uma solução patenteada pela Carbruno.
Furgão Frigorífico ou Furgão Isotérmico
Neste caso era construída uma câmara frigorífica ou isotérmica dentro do salão da Kombi Furgão. No caso da versão frigorífica, um sistema de serpentinas para o meio refrigerante e um compressor, acionado pelo motor da Kombi (através de polias e correias) ou por motor elétrico (quando estacionado), completavam o sistema de refrigeração.
Kombi Laboratório
Kombi Cafeteria
Furgão Cela
Kombi Funerária
Kombi Biblioteca
Kombi para coleta, conservação e transporte de sangue
Kombi para transporte de valores
Kombi com sobreteto
Kombi Gabinete Dentário
Abaixo a “casa de máquinas”, com um gerador elétrico movido pelo motor da Kombi através de polias e correia, responsável pela alimentação do compressor e dos demais equipamentos elétricos do gabinete dentário. Um compressor para gerar o ar-comprimido necessário para o equipamento dentário embarcado, movido por um motor elétrico — com a opção de alimentação elétrica externa:
Kombi loja de bijuterias
Kombi showroom de ferramentas manuais
Kombi Oficina
Este tipo de customização servia para prestar atendimento em locais remotos, como a manutenção de máquinas em obras, e a construção de estradas:
ANEXO ESPECIAL
Ônibus Mercedes-Benz adaptado para o VII Campeonato Mundial de Futebol no Chile
Uma grande curiosidade de 1962, os Diários Associados decidiram encomendar um ônibus da Mercedes-Benz, transformado em notor-home, para fazer a cobertura do Campeonato Mundial de 1962 no Chile; que era somente por transmissão de rádio. Com isto tanto a viagem como a estadia no Chile estavam garantidas. As instalações internas eram muito confortáveis, com beliches, cozinha, sanitário com chuveiro — e um grande toldo com mesas e cadeiras. Para atender as tarefas de cobertura jornalística havia uma estação de rádio equipada com receptor e transmissor.
COLSAN – Unidade para coletar, conservar e transportar sangue
Estas unidades fizeram época em São Paulo, pois se deslocavam para fábricas, universidades, e demais lugares onde colhiam sangue para os bancos de sangue de hospitais.
Com esta matéria eu faço a minha homenagem à “Velha Senhora” já septuagenária, porém muito querida nos cinco continentes. E uma coisa é verdade: ainda não apareceu um veículo que a pudesse substituir!!!
Estes dias, no contexto dos 70 anos da Kombi, um colega AUTOentusiasta me pediu para apontar três pontos altos dela. Este tipo de questionamento sempre parece mais uma charada, pois dificilmente fazemos para nós um questionamento nestes moldes. Mas a meu ver, dentre tantos pontos altos deste veículo com tanto sucesso e carisma, posso citar:
1- O fato de ter desbancado seus concorrentes alemães que já estavam no mercado europeu em 1950, como a perua DKW F89 L Schnellaster e a linha Tempo Matador (com motorização VW e câmbio ZF dianteiros) ambas com acessibilidade ao salão muito melhor.
2- Sua versatilidade dada à quantidade de modelos e a complacência destes modelos com adaptações específicas (como gabinetes dentários móveis e uma infinidade de outras aplicações)
3- Seu inegável carisma que cativou gerações. Em decorrência dos primeiros estudos em túnel de vento a Kombi acabou com uma frente parecida com modernas locomotivas elétricas da época, só que em ponto menor — o que lhe conferiu uma inegável aura de robustez.
Sempre fico curioso em saber quais seriam os pontos altos que meus leitores e leitoras apontariam.
AG
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