Quando eu estava “garimpando” causos para o meu segundo livro eu estava trabalhando numa segunda etapa no fornecimento para a Usina Hidroelétrica Itaipu Binacional¹ e decidi tentar obter alguns causos de funcionários da Itaipu. Através do jornal interno da Itaipu eu consegui motivar alguns funcionários a compartilhar seus causos comigo, e este é um exemplo daqueles causos de Foz do Iguaçu que fica no Paraná, no ponto em que as fronteiras do Brasil, Paraguai e Argentina se encontram. Este causo, que foi aproveitado no meu segundo livro, foi escrito pelo Pedro Paulo Silva dos Santos, e eu o reproduzo abaixo:
Novo Causo: Tempo em que tudo dava errado…
Por: Pedro Paulo Silva dos Santos
Dentre as várias emoções vividas com o Fusca, a mais engraçada me foi lembrada por uma amiga que, junto com outros, a presenciou.
Não sei, mas sempre tem um período na vida da gente em que tudo dá errado, ou pelo menos diferente daquilo que se espera. Eu estava nesta fase: tentava, tentava, tentava e … nada dava certo.
Não me lembro exatamente o ano, mas sei que foi numa festa de confraternização de final de ano que fizemos na Assemib/Foz (Assemib – Associação dos Empregados da Itaipu Binacional – Brasil).
Como nas nossas festas sempre participavam todos os familiares, era preciso ter atividades e diversão para todos. E eu, que fazia parte da organização da festa, não parava. Durante uns dois dias, ia e vinha da Assemib e, como sempre, parava o Fusca na frente da sede.
No dia, a festa começava às 9h00 e não tinha hora para acabar, ia até onde o pessoal aguentasse.
Começava com chimarrão de 9h00 às 10h00, futebol de 10h00 até a sede chegar. E tome chope, caipirinha e chope de novo, mais futebol e chope, chope…
Eu sei que lá pelas 17h30 falei pro pessoal:
— Gente, tô indo em casa tomar um banho e já volto pro bailão…
Quando saio da Assemib, olho para o lugar onde costumava deixar o Fusca o que vejo? Outro carro parado.
Pronto, foi a gota d’água, pensei. “Tava muito bom pra ser verdade o dia de hoje”.
Então, um colega que estava ao meu lado perguntou o que havia acontecido e eu disse que haviam furtado meu Fusca.
E lá fui eu, muito fulo da vida a pé pra casa, lembrando que as chaves de casa e o presente do amigo secreto estavam dentro do carro. Xingava tudo que aparecia na frente e dizia pra mim mesmo: “É, não tem jeito mesmo, nesta fase o melhor é nem sair de casa, etc., etc.”.
Chegando em casa, arrombei a porta, entrei e fui logo pro chuveiro refrescar minha cabeça. O delicioso banho gelado me acalmou e me deixou mais “lúcido”.
Decidi voltar à festa. Chegando lá, fui logo cercado e informado pelos amigos que estava tudo bem, a chefia já havia feito contato com as autoridades locais, estaduais e federais, e que em breve o Fusca estaria de volta. Aí engoli em seco, pois enquanto tomava banho me lembrei que havia parado o Fusca em outro lugar (atrás do ginásio da Assemib). Bem discretamente, chamei um amigo para me acompanhar até o local e lá estava o Fusca me esperando. Dentro, a chave da casa e o presente do amigo secreto. Certamente, o Fusca pensava: “Ainda bem que ele me encontrou, senão eu não sei o que teria acontecido comigo”.
Quando voltamos, meu amigo abriu o bocão e a gozação foi geral durante o resto da festa.
Passei então a me preocupar com a casa, já que eu havia arrombado a porta para poder entrar e que a deixara só encostada…
(¹) – Esta coleta de causos com Fusca ocorreu em minha segunda participação no Projeto Itaipu, que ocorreu entre 2001 e 2003; na época eu era o Responsável Técnico e Coordenador pelo Consórcio CEITAIPU, consórcio este responsável pelo fornecimento das últimas duas unidades geradoras desta usina, completando a quantidade de 20 unidades previstas no projeto inicial desta gigantesca usina hidrelétrica.
Mas o meu trabalho na primeira fase deste projeto foi de 1978 a 1989 — como WGG-Working Group Generator Coordinator no âmbito do Consórcio CIEM e Gerente-Geral do Grupo Itaipu pela Siemens Ltda. O consórcio CIEM foi responsável pelo fornecimento das 18 primeiras unidades geradoras de Itaipu, máquinas de tamanho gigantesco que marcaram época, e que continuam a funcionar produzindo energia limpa e confiável para o Brasil e o Paraguai, proprietários solidários deste empreendimento.
Esta fase de trabalho para Itaipu durou mais de 11 anos e marcou a minha carreira de engenheiro eletricista Modalidade Eletrotécnica, tanto na engenharia em si, como na coordenação de grandes contratos (isto no tempo em que ainda não havia computadores pessoais na empresa!). E este era o maior contrato que a empresa na qual eu trabalhava tinha na época em nível mundial. Naquele tempo o meu “codinome” na empresa era: “Mr. Itaipu”.
Em 1989, quando a minha primeira participação em Itaipu estava terminando, consegui, por uma deferência especial da Itaipu Binacional, participar de um concurso interno de monografias daquela empresa, cujo mote era: “Porque me orgulho de Itaipu”. Entregues as monografias eu fui contemplado com uma Menção Honrosa assinada pelo Diretor-Geral da Itaipu Binacional Brasileira, o Dr. Ney Braga. Isto foi uma grade alegria para mim e quem ficou curioso pode ler a minha monografia clicando aqui e ainda ver algumas fotos daqueles tempos. Lembro por oportuno que este trabalho foi escrito em 1989, portanto há 32 anos!
Obs.: O Fusca que aparece na foto de abertura era da Polícia Interna da Itaipu Binacional — foto esta enviada pelo amigo Yel Feu que eu conheci muitos anos atrás no aeroporto de Foz do Iguaçu, quando ele exercia as suas funções na Polícia Federal. Havia várias vilas residenciais para os funcionários daquele megaempreendimento que chegou a ter 20.000 funcionários em seu pico. Na foto o Posto de Policial da Vila C.
AG
NOTA: Nossos leitores são convidados a dar o seu parecer, fazer suas perguntas, sugerir material e, eventualmente, correções, etc. que poderão ser incluídos em eventual revisão deste trabalho.
Em alguns casos material pesquisado na internet, portanto via de regra de domínio público, é utilizado neste trabalho com fins históricos/didáticos em conformidade com o espírito de preservação histórica que norteia este trabalho. No entanto, caso alguém se apresente como proprietário do material, independentemente de ter sido citado nos créditos ou não, e, mesmo tendo colocado à disposição num meio público, queira que créditos específicos sejam dados ou até mesmo que tal material seja retirado, solicitamos entrar em contato pelo e-mail alexander.gromow@autoentusiastas.com.br para que sejam tomadas as providências cabíveis. Não há nenhum intuito de infringir direitos ou auferir quaisquer lucros com este trabalho que não seja a função de registro histórico e sua divulgação aos interessados.
A coluna “Falando de Fusca & Afins” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.