Ainda sem data de lançamento e preço indefinido, a VW convidou os jornalistas para dar uma voltinha nos primeiros carros elétricos da marca, o VW ID.3 e ID.4. O evento faz parte da estratégia de posicionamento da marca para o mercado brasileiro, e possivelmente o carro que será importado para o Brasil terá um pacote de opções diferente do avaliado hoje, pois a empresa está no processo de clínicas com concessionários, clientes e jornalistas para definição do conteúdo final. Estes são os primeiros frutos da família de carros elétricos da Volkswagen que ainda deverá crescer.

Arquitetura comum

Os dois modelos avaliados são o topo de gama das especificações disponíveis na Europa, a versão 1^st Edition Max, equipados com o motor de maior potência da plataforma, o Pro Performance de 204 cv de potência máxima e 31,6 m·kgf de torque máximo. A arquitetura traz o motor instalado no eixo traseiro — com tração obviamente traseira — e no compartimento frontal estão os módulos de controle e inversores de corrente, similar a outros carros elétricos. Em vez de câmbio há apenas um redutor de rotação com diferente relação de transmissão entre os modelos devido diferença de medida de pneus.

O ID.3 estava equipado com pneus 215/45R20, enquanto o ID.4 com pneus 235/45R21 na dianteira e 255/40R21, na traseira. O conforto de rodagem está melhor ajustado no ID.4 devido a maior altura dos flancos dos pneus.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

A suspensão dianteira é independente McPherson com mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem. Na traseira utiliza suspensão independente do tipo multibraço também com mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem, A direção é eletroassistida com progressão de esforço atrelado à velocidade do veículo e tem calibração com centro bem definido, ao estilo alemão.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

Exterior inovador

O desenho exterior dos dois modelos é bem inovador com uma pitada futurista dada principalmente pelas dimensões e desenhos das rodas.

O ID.3 tem a coluna “A” terminando no alinhamento do centro da roda dianteira projetando o para-brisa bem a frente, o que obrigou a adição de uma janela lateral triangular para ajudar na visibilidade do centro das curvas ou esquinas. A coluna traseira “C” termina junto à roda e a terminação da carroceria na traseira é truncada, deixando o carro com pouco balanço para trás do eixo traseiro.

Puxando para estilo suve, o ID.4 tem coluna “A” recuada com para-brisa em posição convencional, enquanto que na traseira a coluna “C” é mais inclinada e o balanço traseiro é maior, ajudando no equilíbrio total do carro e melhorando a dinâmica para conforto de rodagem.

A área envidraçada nos dois modelos é bem ampla e permite boa visibilidade em todas as direções. Os pontos cegos são bem atendidos pelo sistema de câmera 360 graus existente no veículo.

Interior de contrastes

À primeira vista do interior dos dois modelos mostra alegria e jovialidade pelo contraste de cores e desenho moderno, mas olhando com mais atenção é possível notar certa simplicidade em algumas soluções, como o diminuto quadro de instrumentos solidário à coluna de direção, e que se movimenta nos ajustes de altura e distância.

Por outro lado, a central multimídia em montagem flutuante no centro do painel de instrumentos destaca-se pelo tamanho avantajado da tela e boa intuitividade dos menus. A operação é feita por botões capacitivos que tem a desvantagem de não dar uma resposta tátil como os botões mecânicos. O mesmo acontece nos comandos do volante multifuncional e no quadro de comando do sistema de iluminação localizado à esquerda a coluna de direção.

Uma inovação que demora tempo para se acostumar é a posição da “alavanca” de câmbio, localizada ao lado direito do quadro de instrumentos, sendo apenas um seletor rotativo para escolher entre R-N-D/B e o botão de topo aciona o “P”. A função “B” é utilizada para maior regeneração de energia.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

Voltinha

Como dito no início do texto, foi apenas uma voltinha mesmo, 4 km ao redor do Jockey Club de São Paulo. Com direito ao trecho da marginal do Rio Pinheiros que tem velocidade máxima de 90 km/h. A aceleração dos dois modelos é bem progressiva e tem aquela sensação deliciosa do torque instantâneo que é melhor no modo Sport, mas que não fica para trás quando utilizando o modo ECO.

A projeção do quadro de instrumentos no para-brisa incorpora a tecnologia de realidade aumentada e dá uma nova dimensão de segurança, pois sugere e alerta o distanciamento do carro à frente na projeção. É uma novidade bem interessante que eu ainda não tinha visto em outros carros.

O sistema de controle velocidade de cruzeiro adaptativo tem capacidade de parar o veículo no trânsito caso o carro que vai à frente pare. E reacelera sozinho caso volte a andar em menos de 3 segundos, em caso contrário é necessário o comando do motorista. E falando em comando do motorista, os ID.x vem equipado com sistema que dispensa pressionar o botão de energização (motor elétrico não “parte”). Estando com a posse da chave presencial, basta sentar ao volante, pressionar o pedal de freio, engatar marcha a frente ou ré e sair acelerando. E ao estacionar é a mesma coisa, basta pressionar o P e sair do veículo que estará automaticamente desligado e o freio de estacionamento, aplicado.

O ID.3 é equipado com bateria de 58 kW·h e permite rodar até 426 km dentro dos parâmetros do ciclo WLTP, enquanto o ID.4 utiliza bateria de 77 kW·h possibilitando até 522 km de alcance dentro do mesmo ciclo de teste. Pelo lado desempenho o ID.3 leva vantagem em relação ao ID.4 devido menor peso em ordem de marcha, 1.720 kg frente aos 2.049 kg do ID.4, permitindo acelerar de 0-100 km/h em 7,3 segundos contra 8,5 segundos do ID.4. A velocidade máxima é limitada em 160 km/h em ambos.

O que não gostei

Alguns dos acabamentos internos e materiais utilizados não estão no padrão dos carros premium da VW. O desenho do quadro de instrumentos é simples e destoa do desenho exterior bem elaborado. Os botões capacitivos da central multimídia, comandos de luz e volante requerem um tempo para se acostumar com a falta de resposta tátil.

O que eu gostei

Os dois modelos são silenciosos na operação, fácil de dirigir e entusiasmam pelo bom desempenho. A resposta da direção está bem agradável e o equilíbrio da suspensão parece bem ajustado, mas para isso precisaria de mais alguns quilômetros para atestar. A simplicidade de operação de partida e chegada é destaque, e vai deixar muita gente sem saudade das chaves para abrir, fechar e dar a partida.

GB