A cena poderia ser numa estrada qualquer, uma parada geral por qualquer motivo, como tanto acontece. Essa estrada é na Alemanha, onde estive na semana passada, a Autobahn que vai de Munique à fronteira com a Áustria, pois fomos a Salzburg, como parte do teste de avaliação de dois MINIS (o convite não foi para o Ae, mas para a nova revista Top Carros, da qual faço parte do corpo editorial).
Quando vi todos parando notei que a coluna da direita deslocou-se para esse lado. Na hora saquei que era para dar passagem a veículo de socorro ou de polícia. Não deu outra. Em poucos minutos notei luzes de teto azuis se aproximando.
O carro era da polícia e veio para atender a uma ocorrência, uma pequena colisão traseira, sem maiores conseqüências.
Qual a minha idéia ao registrar e relatar este fato? Apenas que temos um longo caminho a percorrer em termos de comportamento no trânsito, o que não é nenhuma novidade, batemos muito nesse ponto aqui no Ae. Mas nada como um exemplo real para mostrar isso, o que tive oportunidade de presenciar ao vivo e em cores.
Educação se recebe em casa, o que inclui a noção de comportamento em público, que por sua vez abrange o comportamento ao volante de um veículo. Mas só isso não basta. É essencial uma Formação, com “F” maiúsculo mesmo, de motorista que lhe ensine das mais elementares às mais intrincadas regras de trânsito. E isso, pelo que sei, é levado muito a sério no país que inventou o automóvel.
O aprendizado inclui até trafegar em autoestradas (Autobahnen), de tal maneira que ao receber a carteira de habilitação o cidadão ou cidadã tenha real capacidade de dirigir, e não ser capaz apenas de dar uma volta no quarteirão usando no máximo a terceira marcha. É aí que está a diferença.
Vai aprender também que não se atrapalha o fluxo dirigindo em velocidade abaixo da maioria. Nessa pequena viagem de 145 quilômetros havia nevoeiro e a sinalização de velocidade em grande parte dizia 120 km/h.
Claro, existe rigor na fiscalização mesmo a não presencial, pois atualmente usam-se câmeras para monitorar trânsito, em que qualquer comportamento anormal leva a polícia a sair atrás do infrator. Por outro lado não existe a neurose de avisos de radar que faz nós, brasileiros, nos sentirmos perseguidos ao dirigir, como se fôssemos bandidos.
Como não poderia deixar de ser, nada de lombadas físicas ou eletrônicas.
Um parêntese: essa sinalização de velocidade não é fixa, ela varia conforme necessidade em função das condições do momento, até as meteorológicas. Quando ela é desligada isso indica que não há mais limite, e isso aconteceu.
Voltando, e foi impossível não pensar nos “morrinhas” da Nora Gonzalez, todos rodavam a 120 km/h, não havia ninguém morrinhando. Tudo na mais perfeita paz, sem estresse.
Esse mesmo comportamento se observa na cidade. Nunca há ninguém à frente andando abaixo do limite de 50 km/h, de modo que inexiste a sensação de se estar “preso” no trânsito. Tudo segue uniforme e serenamente. Mesmo quando há apenas uma faixa disponível por haver a de ônibus, continua-se a rodar em ritmo normal.
As linhas de orientação de faixas e conversões para um dos lados são, primeiro, claras, de alta qualidade de modo a não deixar dúvidas, segundo, obedecidas integralmente. Não há espertos desrespeitando-as.
Já falei várias vezes aqui, uma das coisas que mais ajuda no trânsito é a passagem do sinal vermelho para verde precedido do amarelo. Com isso não há a demorazinha para arrancar e é fácil imaginar, considerando o número desses eventos por dia, a diferença que faz no trânsito como um todo demorar a arrancar ou fazê-lo prontamente.
Essa seqüência de abertura do verde existe também na Suíça e na Argentina. Já foi assim aqui até ser promulgado o Código Nacional de Trânsito de 1966 (o anterior ao atual). Ajudaria muito se fosse restabelecido no Brasil.
Quem tiver interesse pode conhecer todo o esquema de sinalização da Alemanha, vale a pena.
Cidade turística por excelência, Salzburg tem o serviço de carruagens puxadas por uma parelha de cavalos para os passeios. Como cavalos defecam a qualquer hora, as ruas ficariam um horror. Pois atrás de toda carruagem vai um funcionário para recolher as fezes.
Informação da octanagem nas bombas
Na Alemanha e na Áustria (certamente há em mais países europeus) a octanagem da gasolina é indicada nas bombas, de modo a facilitar a escolha em função da octanagem requerida pelo motor do veículo.
Esse posto de bandeira Agip é em Salzburg. Note que lá ainda existe a gasolina (benzin) de 91 octanas RON, que não temos aqui há anos, pois a nossa comum/comum aditivada é de 95 RON.
Os preços são mais altos que aqui:
Com o euro a R$ 3,20, a gasolina Super, a mais usada, custa R$ 4,12 o litro. A Super Plus, equivalente à nossa premium, R$ 4,41/l.
Para terminar essa viagem, uma vista do bucólico e limpo rio Salzach que atravessa Salzburg:
BS