A primeira etapa da Volkswagn no México começou em 1954 e terminou em 1963. No início, eram importados apenas automóveis completos. Posteriormente, os veículos tiveram que ser montados no México e, finalmente, em 1964, iniciou-se a fase de produção.
Em 1954, ano em que o Volkswagen foi introduzido no México, o país tinha apenas 30 milhões de habitantes. Cerca de meio milhão de carros, incluindo caminhões e ônibus, circulavam nas ruas e estradas do México. Os carros eram, em sua maioria, grandes, de luxo com mais de quatro cilindros, e os preços da gasolina, peças de reposição e manutenção eram bem altos. Os carros compactos não eram bem conhecidos e as vendas eram muito baixas, especialmente os de origem europeia. O Volkswagen Sedã era praticamente desconhecido e sua fabricação no México não parecia ser muito adequada. Isso torna a visão futurista dos pioneiros ainda mais meritória.
Já se sabia do bom início de vendas nos Estados Unidos e no Brasil, mas mesmo assim a entrada no mercado mexicano poderia ser considerada uma grande aventura financeira. O baixo preço do Volkswagen Sedã criou uma nova gama de compradores, que encontraram um carro robusto, econômico, fácil de dirigir e com ótima assistência técnica.
Em março de 1954 realizou-se a Primeira Exposição da Indústria Alemã, na Cidade do México. As negociações com o governo mexicano para a autorização das importações dos diferentes modelos do Volkswagen Sedã, de Kombi Furgão e Standard, que participariam da feira, foram difíceis. Por fim, o estande da Volkswagen conseguiu expor esses modelos e se tornar a atração da exposição.
A exposição “Alemanha e sua Indústria”, que exibiu os produtos das 500 fábricas alemãs mais importantes da época em pavilhões instalados sob o prédio de Humanas e em frente à Biblioteca Central, foi o primeiro grande evento em que a Cidade Universitária da Cidade do México serviu de anfitriã.
Os jornais da época estimavam que cerca de seis mil caixas e pacotes com material para a exposição, pesando entre 2.500 e 3.000 toneladas, foram trazidas para o campus central da Universidade Nacional do México.
Para essa tarefa, foram utilizados sete navios que viajaram da Alemanha ao México. Uma vez no porto de Veracruz, os itens foram transportados em cinco vagões, três carretas e uma dúzia de caminhões. Aí veio o emblemático Volkswagen Sedã, adotado no México com o apelido de “Vocho”¹.
Em novembro de 1954 foi realizada a Corrida Pan-Americana. Esta competição internacional de 3.211 km foi uma grande oportunidade para demonstrar para os mexicanos a qualidade e resistência do Volkswagen Sedã. Participaram sete carros novos de fábrica e todos chegaram sem exceção, dentro do prazo, à meta em Ciudad Juárez. Nele participaram como pilotos o príncipe Alfonso Von Hohenlohe, Manuel Hinke Jr. e Jan Wijers, três pioneiros da Volkswagen no México.
Imediatamente após a fundação da Volkswagen do México, em janeiro de 1954, o príncipe Alfonso Von Hohenlohe fundou sua primeira distribuidora na Cidade do México com o nome de Distribuidora Volkswagen Central. Em 1955 foram criados novos pontos de venda e serviço na capital mexicana com este mesmo nome, com a participação de seus sócios Carlos Gómez Muriel, Victor Manuel de la Lama e Daniel Piñeiro. Não foi só a evolução positiva das vendas, mas a euforia gerada pelo Volkswagen Sedã, que permitiu a criação de mais centros de distribuição.
O desenvolvimento positivo do mercado foi um lado da moeda, de modo que os revendedores Volkswagen obtiveram uma maior participação de mercado para o Volkswagen Sedan ano após ano. O outro lado da moeda era o problema da aquisição de cotas. Não era tão fácil ou óbvio que o governo mexicano concedesse cotas de vendas de acordo com a demanda crescente. As difíceis negociações de cotas de vendas tiveram que ser realizadas continuamente, pois os concorrentes tentavam desacelerar a Volkswagen. Com a crescente demanda do Volkswagen Sedã, surgiram preocupações da concorrência de que o carro pequeno não levado a sério no início pudesse se tornar um sucesso comercial.
Como já era esperado, em 25 de agosto de 1962, foi publicado um decreto para a indústria automobilística. De acordo com esse decreto, somente os fabricantes de automóveis que, em um período de dois anos, a partir de 1º de setembro de 1964, conseguissem uma integração nacional de 60% dos custos diretos, receberiam uma licença de produção no México.
Ciente do que isso significaria, a direção da Volkswagen fundou sua própria montadora em 7 de maio de 1962: Promexa ou Promotora Mexicana de Automóviles. A empresa foi formada com uma participação proporcional de 33% entre o grupo Krause-Hinke, Romulo O’farril e Edmundo Stierle.
A Promexa recebeu do governo a licença de montagem do Volkswagen Sedã. Por fim, o Volkswagen Sedã seria fabricado por conta própria, depois de ter sido montado desde 1955 pela Studebaker Packard do México e, em 1961, pela Chrysler Automex Company. A fabricante Automóviles Ingleses (BMC) também recebeu autorização para montar o Volkswagen Sedã naquele mesmo ano.
No ano seguinte a Promexa adquiriu a empresa Automóviles Ingleses e obteve licença para esta planta para montar veículos.
Seguem algumas fotos da Promexa desta época, já ocupando as antigas instalações da Automóviles Ingleses:
Assim, em 1962 a Promexa iniciou suas operações em Xalostoc, Estado do México. Dois anos depois, a Promotora Mexicana de Automóviles mudaria seu nome para Volkswagen de México, uma subsidiária da Volkswagen AG.
Em Xalostoc, foram produzidos mais de 50.000 Volkswagens Sedã até 1966, mas a construção de uma nova fábrica já estava sendo preparada. O local escolhido foi Puebla, a 132 km a sudeste da capital, onde em 23 de outubro de 1967 saiu das linhas de produção o primeiro Sedã montado nas novas instalações, inaugurando uma etapa definitiva na história da Volkswagen do México.
Foi assim que a Volkswagen lançou as bases do que hoje é uma longa tradição no México. Ao longo desses anos, a Volkswagen do México teve que se transformar de uma empresa de carros populares para se tornar um consórcio internacional que hoje produz veículos inovadores e de sucesso para o mundo inteiro.
Alguns marcos da Volkswagen do México ligados ao Vocho
Em 1980 foi atingida a marca de um milhão de Volkswagens produzidos no México:
No dia 15 de maio de 1981 foi comemorado no México o VW 20.000.000º Fusca em nível mundial (foto de abertura).
Um Vocho série especial “Silver Bug” (VW Fusca prata) comemorou a produção do 20.000.000º Besouro.
O “Silver Bug” vinha com motor de 1.192 cm³/34 cv, pintura prata Diamante metálica (97A) – cinza Diamante metálica, calotas de roda prateadas, faixas laterais pretas com a inscrição “Silver Bug”, emblema de 20 milhões na tampa do motor, estofamento dos bancos em xadrez preto e branco com portas e painéis laterais combinando, painel acolchoado, rádio AM/FM, vidro traseiro com desembaçador, chaveiro e manopla de câmbio comemorativos. A tampa do motor com persianas foi descontinuada após 30 de julho de 1981.
Inicialmente foram produzidos 2.000 exemplares e depois mais um lote de 1.700 em uma segunda edição a partir de fevereiro de 1982.
Outra marca foi atingida em Puebla, o 21.000.000º Besouro , e isto foi registrado no dia 23 de junho de 1992, e o registro fotográfico segue abaixo:
Também coube a Puebla registrar dignamente
o término mundial da fabricação do Fusca no dia 30 de julho de 2003. Sobre este fato eu escrevi a matéria “Vinte Anos sem o VW Fusca no Mundo” detalhando este acontecimento.
Esta matéria se baseou em uma circular da Volkswagen do México e eu apesento esta matéria como uma complementação da matéria “Vinte Anos sem o VW Fusca no Mundo” citada acima. Desta maneira todos podem se informar sobre a história da Volkswagen do México.
(¹) – Matéria de consulta: “Por que o Volkswagen Sedã é chamado de Vocho no México?”
AG
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