Pode até parecer implicância o Ae pegar no pé da CET, a Companhia de Engenharia (?) de Tráfego de São Paulo, e do prefeito da cidade, mas não é. Não param de chegar mensagens de leitores apontando erros grosseiros de quem cuida do trânsito da cidade. caso, por exemplo, das ciclofaixas. Veja a foto acima. A ciclofaixa simplesmente acabou com possibilidade de estacionar veículos em frente ou próximo às moradias. Há milhares de casos como esse, tudo devido ao alcaide petista querer transformar São Paulo numa Amsterdã, algo totalmente inviável.
Vaga para idoso: há uma em frente a duas vagas de um estabelecimento comercial. Se um idoso estacionar ali, ninguém pode usar as duas vagas da loja; ou quem as usar não poderá sair se um idoso estacionar no lugar autorizado. Essa aberração por acaso quem viu fui eu, fica na Av. Pavão, em Moema, defronte do número 322.
O endereço acima citado é o do laboratório Cura Imagem e Diagnóstico, unidade Moema. Do outro lado da rua de mão única, de onde fiz a foto, há uma ciclofaixa. Resultado: ao se chegar ao laboratório não há lugar para desembarcar caso o estacionamento no recuo esteja lotado. Só parando no lado onde está a vaga de idoso. E por ser um laboratório de análises clínicas, é grande o número de pessoas idosas, que terão de atravessar a rua por o carro ter de parar no lado direito. O prefeito, na sua idéia fixa e tresloucada acerca de Amsterdã, passou por cima das necessidades da população neste e em muitos outros casos.
Falar de Fernando Haddad, o tal de “nós pega o peixe”, não é pegar no seu pé, mas simples constatação de como esse petista vem tomando medidas completamente sem sentido.
Hoje a Folha de S. Paulo publicou reportagem sobre esse cara ter autorizado grafitar — melhor dizendo, lambuzar— um patrimônio histórico da cidade de quase 100 anos, as paredes sob os Arcos que ficam abaixo da rua Jandaia Segundo o jornal, Haddad disse em frente aos Arcos ontem (1/2) que “Sempre há alguns conservadores que não aprovam, mas eles serão convencidos (de) que o grafite é uma realidade favorável a São Paulo.” O quê? Realidade? E favorável???
Esses arcos. diz a reportagem, foram construídos na década de 1920, mas acabaram ficando encobertos por cortiços construídos no seu entorno. Na década 1980, sob administração Jânio Quadros, a região foi revitalizada e revelou, trouxe de volta o monumento à cidade e sua população, quase uma descoberta arqueológica. O nome do prefeito foi incorporado à estrutura: Arcos do Jânio.
O mais grave desse desmando do petista foi ignorar lei municipal de 2002 que considerou os Arcos patrimônio municipal, segundo o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio (Conpresp). Mas se vale mexer na língua portuguesa, não tem nada de mais desfigurar patrimônio, não é?
Aliás, os grafiteiros estão emporcalhando a cidade a uma taxa jamais vista e o poder público, em vez de coibir esta nefasta ação, a estimula, como nesse caso.
De volta à CET, mais uma safadeza do órgão. O leitor Newton Schwindt nos enviou foto de uma placa de regulamentação de estacionamento que é um ofensa ao cidadão que paga o salário desses inúteis. Veja a placa:
O local é a rua Teodoro Sampaio, no bairro de Pinheiros. Pegadinha de pior espécie, pois o que se lê de imediato, por chamar a atenção, é o “E” dentro do círculo especificando que ali é zona de estacionamento permitido porém pago (Zona Azul). A pegadinha está por escrito, o que já é um absurdo em si mesmo, pois sinalização deve ser uniforme sempre. Além disso, com essa “obra” da CET, quem estacionar após 19 horas terá que tirar o carro da vaga de manhã cedo — que se vire, ora, problema dele! — para não ser multado, ou seja, molecagem mesmo. Coisa de gente maldosa, safada. E tem mais, como em vários outros casos, se um feriado cai no meio da semana, o fato não é considerado, vale como dia útil, o que contraria toda a lógica. Mas cabeça de safado não tem lógica para o bem, só para o mal.
O leitor que assina com pseudônimo “Campopiano” (conhecemos seu nome verdadeiro) nos trouxe um assunto que não é de ciclofaixa, mas tem a ver com o criar coisas que não dão para entender, no caso uma passagem de pedestres numa ponte . Veja:
Essa outra “obra” fica na rua Comandante Taylor, no bairro do Ipiranga. A ponte passa sobre a rua das Juntas Provisórias e o córrego Sacomã, ligando o Ipiranga à “comunidade” (para quem não sabe, é o novo nome de favela) de Heliópolis. Há uma passarela próxima e apesar disso o “imperador César” mandou fazer ou deixou que fizessem esse absurdo, criar uma passarela numa ponte, com evidente risco para os pedestres. Trabalho porco, que além de desnecessário tinha que ter muro de proteção de concreto ou tipo defensa metálica. Qualquer carro pode voar por cima desses pré-moldados. Uma total irresponsabilidade.
Lembra-se da matéria do dia 31 dezembro, a última do ano passado, em que citei a construção de ciclofaixa na rua Caetano Álvares, no bairro do Limão, deixando perigosos tachões na pista destinada a bicicletas e suas rodas finas? A foto nos foi enviada pelo leitor Robert0 M. Besser.
Pois bem, passados alguns dias o leitor passou por lá e viu que os tachões haviam sido removidos, fez foto e nos mandou. Ou seja, serviço porco para pintar a ciclofaixa, mais porco ainda para remover os tachões.
Ainda falando de ciclofaixas, volto a um assunto da máxima gravidade, o uso errado da sinalização “Pare”. Sabe-se que aos domingos estabelecem-se ciclofaixas temporárias, das 7h às 16 horas. Claro, elas incluem os diversos cruzamentos da cidade. Quando o sinal fecha, funcionários que pelo jeito são terceirizados, exibem bandeirolas com o desenho da placa “Pare” (placa R-1):
Essa aplicação da sinalização de “Pare” é completamente errada e desvirtuada e influi negativamente na formação do motorista (muitos dos ciclistas ainda o serão). Essa placa é estática, fixada em suporte próprio, como um poste, jamais móvel em forma de bandeirola. Segundo, mais importante, ela é de parada, não de permanência parado. Se os “gênios” da CET achassem por bem exibir alguma sinalização para os ciclistas diante de um semáforo, que fosse um ideograma deste com a luz vermelha destacada, jamais a placa “Pare”, tudo bem. Quem conhece um pouco de trânsito sabe da sua capital importância.
É por isso que se vê com freqüência no país inteiro uso errado desta placa, que tem como conseqüência funesta o seu total desrespeito e os acidentes disso decorrentes, e que são muitos.
Caso dessa placa “Pare” num acesso do tipo protegido, ou seja, os carros que vêm pela via a tomar não estão na faixa em que se vai entrar:
Cheguei a reclamar algumas vezes com a CET e placa foi retirada, para minha surpresa. Ficou só o poste e a lâmina onde a placa é aparafusada. Mas não faz muito tempo a placa voltou, evidência de que havia sido roubada e não retirada pelo órgão. O local é o retorno sobre a av. Moreira Guimarães para quem pega a rampa da av. Indianópolis, em Moema. Esse é o tipo do caso em que se “aprende” a desrespeitar a placa “Pare” por ela ser desnecessária. Mas um dia, em outro local, pode não ser.
Outro grave erro dos órgãos de trânsito (até nos EUA, já vi) é o tal do “cruzamento perigoso”, como se houvesse dois tipos de cruzamento, o “perigoso” e o “seguro”.
Todo cruzamento é perigoso, é inaceitável que uma autoridade de trânsito pense diferente. Isso me lembra um caso de aviação, passado nos EUA, conforme li há muitos anos numa revista especializada. O piloto de um avião pequeno pediu pouso à torre e operador respondeu: “Pouso autorizado, pista x, vento do quadrante y de tantos nós, primeiro terço da pista está em obras, pouse com cuidado.” O piloto formalizou um protesto ao órgão responsável pela aviação no país (o FAA) argumentando que todo pouso dever ser feito com cuidado, que não é porque a pista está livre na totalidade que que não se precisa se pousar com cuidado. A torre, neste caso, deveria apenas informar a condição da pista, a de comprimento útil menor, dizendo “primeiro terço em obras”.
Esse é o conceito, é preciso o máximo cuidado para não fazer progredir a “fábrica de idiotas” no trânsito, algo de que já falei bastante aqui, por exemplo, as lombadas e os comboios na rodovia dos Imigrantes quando há nevoeiro. Se o motorista da região, acostumado ao guarda-chuva do comboio, pegar o fenômeno meteorológico em outra estrada, ficará perdido sem saber o que fazer. No caso da lombada, se não tem pode acelerar à vontade. Responsabilidade zero.
Ânsia de faturar
Um velho amigo, Raul Machado Carvalho, jornalista, minha idade aproximadamente, me escreveu outro dia contando essa história que prova que a “indústria da multa” existe:
“Cenário: Av. Olívia Guedes Penteado, na região do bairro do Socorro, dia 23 de setembro de 2014. Horário: entre 7h30 e 8h40. Congestionamento de quilômetros nessa avenida e na sua continuação Av. Rio Bonito, até o autódromo de Interlagos. Tudo por causa de máquinas sendo manejadas nas pistas, em função das obras de construção do terminal de ônibus na Praça Victor Manzini e, na ponte do Socorro, com trânsito estrangulado por acidente.
Trânsito parado por 1 hora e meia. Centenas de carros, caminhões e ônibus presos no congestionamento, com motores desligados. Eu tentava entrar na Olívia Guedes Penteado, a partir da rua Antônio Francisco França, na altura do nº 267 dessa avenida.
Depois de longa espera, consegui entrar nessa avenida em direção à ponte do Socorro. Como não era possível transpor a primeira faixa, a reservada aos ônibus, ficou impossível atingir a segunda faixa e sair da faixa exclusiva de ônibus.
No meio do caos surgiu um agente de trânsito, marronzinho. Percebi que estava com uma prancheta na mão e fazendo anotações. Parado na sua frente, perguntei se ele estava multando. A resposta foi ‘tô’ e do alto da sua autoridade foi multando dezenas e dezenas de carros parados, impossibilitados de sair da referida faixa.
Como tudo estava parado por mais de uma hora, decidi fazer algumas fotos do local e do tal agente fazendo pose de autoridade.
Ora, numa situação caótica como aquela, o correto, o bom senso, diria que o “agente” deveria estar ajudando a reduzir o problema, talvez orientando os motoristas a não fechar os cruzamentos, ou ajudando pedestres a atravessar a avenida, pois tudo estava desarrumado.
Ao invés disso, o agente, numa falta de respeito para com os motoristas que não tinham outra opção e estavam parados, portanto não trafegando pela faixa, mas esperando uma oportunidade para sair dela, foi multando, feliz da vida.
As fotos anexas dizem tudo em relação ao que aconteceu naquele dia, uma notória injustiça promovida por um agente de trânsito despreparado e agindo com tamanha arbitrariedade. Tem horas que o trânsito e os motoristas precisam de ajuda e não de multas que, no caso, não são educativas, pois não havia alternativa para se sair da faixa de ônibus. Essas são as típicas multas para promover arrecadação, tão comentadas na imprensa.
Recorri ao DSV apelando para ‘erro flagrante de impossibilidade do cometimento da infração‘, devido a um congestionamento, onde diversas ambulâncias também ficaram paradas provocando uma maior revolta ainda nos que estavam no local, onde uma “autoridade de trânsito” devidamente credenciada, não atendeu aos apelos dos motoristas que lá estavam no sentido de ajudar de alguma forma a desfazer o nó de tráfego que aconteceu, sem culpa alguma dos motoristas.
Tudo em vão, pois o recurso foi indeferido e a Prefeitura arrecadou R$ 42,56 de muitos carros presos num congestionamento. Parados e multados sem opção para sair da faixa dos ônibus.”
Mais uma vez, desculpas ao leitor ou leitora de fora de São Paulo por tratar de um assunto local, mas entendo que lhe sirva de alerta para o que vem acontecendo no Brasil.
BS