A agência reguladora de segurança rodoviária (NHTSA) dos Estados Unidos expandiu o número de veículos no país que podem estar envolvidos em convocações devido a bolsas infláveis Takata potencialmente defeituosas que podem lançar estilhaços nos ocupantes, de 6,1 milhões anunciado terça-feira para 7,8 milhões ontem.
A NHTSA disse numa declaração citada pela Reuters que os 7,8 milhões de veículos foram produzidos por 10 fabricantes e que o total consiste de convocações neste ano e em 2013. A agência disse oficialmente que o novo número corrigiu a lista fornecida nos boletins de aviso anteriores desta semana, adicionando alguns veículos e excluindo outros de boletins mais antigos.
A NHTSA está solicitando que proprietários de certos Toyota, Honda, Mazda, BMW, Nissan, Mitsubishi, Subaru, Chrysler, Ford e modelos da GM para providenciarem a troca das bolsas assim que possível.
De acordo com a Reuters, no boletim expandido a Honda responde por quase 5,1 milhões de veículos, Toyota 877.000, Nissan quase 695.000, BMW cerca de 628.000 e Chrysler mais de 317.000.
A agência está averiguando se os infladores da Nakata fabricados entre 2000 e 2007 foram selados indevidamente. Bolsas inflando com muita força poderiam potencialmente atirar estilhaços metálicos nos ocupantes. As bolsas está ligadas a quatro mortes e resultaram em várias ações judiciais.
O problema das bolsas infláveis defeituosas gerou esta semana notícias à noite pela TV em todos os Estados Unidos.
Na segunda-feira, numa chamativa matéria intitulada “Parecia ter sido esfaqueada, mas a bolsa inflável Takata foi o assassino”, o New York Times falou da morte de Hien Tran esta semana na Flórida em conseqüência de um acidente, enquanto a polícia procurava pistas para os “aparentes ferimentos a faca em seu pescoço.”
O jornal acrescentou: “Um novidade inesperada chegou pelo correio uma semana depois dos ferimentos mortais. Era uma carta da Honda recomendando que ela levasse o carro imediatamente para ter seu Accord vermelho reparado devido às bolsas infláveis defeituosas que poderiam explodir.”
A reportagem disse que Tran era “pelo menos” a terceira morte associada ao elevado número de convocações de veículos com bolsas defeituosas Takata, o fornecedor japonês. Mais de 14 milhões de carros de 11 fabricantes com essa bolsa inflável foram convocados mundialmente.
Quando Tran bateu com o carro, a bolsa inflável, em vez de protegê-la, aparentemente explodiu e arremessou estilhaços ao pescoço dela, disse a chefatura de policia de Orange County.
O jornal, que vem acompanhando o caso nos Estados Unidos durante meses, não ligou diretamente a morte de Tran ao primeiro aviso da NHTSA esta semana, mas disse: “Na segunda-feira, num aviso incomum, a agência recomendou aos proprietários de mais de 5 milhões de veículos que “agissem imediatamente” no sentido de reparar as bolsas infláveis.”.
“Queremos ter certeza de que todo mundo — e há milhões de veículos envolvidos — está se mexendo para levar seus carros para reparo para que se protejam e as suas famílias.”, disse David Friedman, administrador-substituto da NHTSA, ao New York Times.
Disse o jornal que o pedido de urgência poderia criar confusão entre os proprietários. A Honda disse ter peças em número suficiente para reparar os carros imediatamente. A Toyota disse que em alguns casos desativaria as bolsas, deixando um bilhete recomendando não usar o banco do passageiro dianteiro. Até Friedman admitiu que a relação de veículos da agência envolvendo o aviso não estava completa.
A investigação do New York Times revelou em setembro que a Honda e a Takata deixaram durante anos de tomar ação decisiva antes de emitir as convocações. Reclamações recebidas pelos agentes a respeito de vários fabricantes culparam as bolsas infláveis da Takata por pelo menos 139 ferimentos, incluindo 37 pessoas que disseram ter as bolsas infláveis explodido, segundo a investigação.
A Takata não respondeu de pronto quando inquirida pelo jornal quanto tempo levaria para fornecer bolsas de reposição. A empresa “continuará a dar todo apoio à investigação da NHTSA e às convocações dos nossos clientes”, disse um porta-voz da Nakata num e-mail.
Segundo a reportagem, a Honda disse que duas pessoas, sem incluir Tran, morreram por rompimento das bolsas, e que mais de 30 se feriram. Disse a Honda numa declaração que era “muito cedo” para se tirar conclusões sobre os ferimentos fatais em Tran.
Repetindo o problema das convocações dos interruptores de ignição da General Motors, a reposição para milhões de veículos não está disponível e não o será por várias semanas, disse o New York Times.
“Simplesmente não há peças em número suficiente para reparar imediatamente cada veículo convocado”, disse ao jornal um porta-voz da Honda, Chris Martin,
Numa campanha semelhante à da divisão de vendas da Toyota nos EUA, a Honda está expedindo notificações apenas à medida que peças vão ficando disponíveis, com prioridade para áreas de elevada umidade, onde o propelente das bolsas infláveis são aparentemente mais suscetíveis de explodir.
Proprietários poderiam esperar semanas ou mais para receber notificações, disse Martin ao jornal. Com os apenas 2,8 milhões de carros afetados pelo aviso de segunda-feira, a Honda tinha pela frente “uma montanha mais alta para escalar”, disse ele, acrescentando que os engenheiros da Honda “não têm idéia certa” de quando os reparos poderão ser completados. Ele disse carros-reserva seriam considerados caso a caso e enfatizou que esses carros não eram parte da oferta.
A Toyota, que tinha 844.000 veículos afetados pelo aviso, depois ajustado para 877.000, anunciou que sua campanha estava particularmente alertando os proprietários de certos carros em áreas de elevada umidade na Costa do Golfo para se empenharem no sentido de ter os carros reparados.
“Estamos procurando focar no que temos nas áreas assinaladas pelos resultados dos testes da Takata”, disse a porta-voz Cindy Knight ao New York Times num e-mail.
No coração do defeito está um propelente defeituoso feito para queimar rapidamente e produzir o gás para inflar a bolsa, mas em vez disso o processo é forte demais e pode levar ao rompimento da cápsula, atirando pedaços de metal à cabine. A Takata recentemente efetuou testes em bolsas infláveis que retornaram, o que levou ao aviso de segunda-feira, acrescentou o NYT.
O jornal mencionou também pelo menos mais quatro rupturas recentes conhecidas e, citando advogados do caso e ações legais, disse que a Honda não procedeu ao pré-aviso junto à agência, como dever ser feito quando existe uma cadeia de defeitos que resultaram em ferimentos ou morte.
O jornal destacou um caso de setembro de 2011, quando Eddie Rodriguez bateu com seu Honda Civic em Porto Rico, disparando as bolsas infláveis que lançaram “peças agudas de metal” em direção a ele, causado ferimentos graves, de acordo com a ação impetrada contra a Honda no ano seguinte.
O New York Times disse que a Honda fez uma acordo confidencial com Rodrigues no ano passado, mas aparentemente não relatou o caso à agência.
A Honda respondeu que iniciou uma auditoria externa para esclarecer “imprecisões potenciais da ocorrência”. (just-auto/Graeme Roberts)
Ae/BS