O engenheiro da General Motors várias vezes identificado como o responsável pelo interruptor de ignição defeituoso ligado a 32 mortes disse que “Fiz meu trabalho o melhor que pude” em seu primeiro comentário público desde que a GM convocou 2,6 milhões de carros para sanar o problema no começo deste ano. Numa reportagem publicada no site do jornal New York Times quinta-feira passada, Ray DeGiorgio se auto-descreveu como “muito emocional” quando perguntado por um repórter sobre as mortes e lesões resultantes de acidentes ligados ao interruptor que ele projetou. Ele também demonstrou resistência.
“Tudo o que posso dizer é que cumpri meu papel,” disse ele ao jornal. “Não menti, não trapaceei ou roubei. Fiz meu trabalho o melhor que pude”.
A crise do interruptor de ignição da GM — que infernizou os primeiros meses da gestão da nova executiva-chefe Mary Barra — levou a uma nova era de ênfase em segurança pela indústria automobilística mundial. Até agora a GM efetuou 77 convocações envolvendo 26,6 milhões de veículos só nos Estados Unidos. A maioria dos outros fabricantes também realizaram convocações grandes, incluindo cerca de 17 milhões de carros no mundo todo equipados com bolsas infláveis da Takata Corp., do Japão.
DeGiorgio, de 61 anos, foi demitido da GM em junho junto com outros 14 funcionários pelo que Barra chamou um “padrão de má conduta e incompetência”, citando conclusões de uma investigação de 325 páginas pelo ex-promotor federal Anton Valukas.
O relatório concentrou a maior culpa em DeGiorgio. Ele aprovou o interruptor em 2002, apesar de saber que ele tinha tendência de sair da posição ligado por si só, revelou a investigação de Valukas.
À medida que provas dos problemas se acumulavam, DeGiorgio autorizou secretamente mudança na peça em 2006 sem mudar seu número de catálogo, mostrarem o relatório de Valukas e outros documentos do caso. A “decisão deliberada de não mudar o número de peça impediu durante anos que investigadores de saber o que havia acontecido na realidade”, concluiu o relatório de Valukas.
O Times disse que DeGiorgio de início escolheu um projeto de interruptor que requeria menos torque para ser virado em vez de um projeto alternativo. A direção da GM queria novos modelos tivessem componentes tipo europeu. Depois que provaram ser ruins nos testes iniciais, DeGiorgio escreveu um e-mail para seus colegas: “A falha é significativa”, dizia a mensagem. “Acabei de voltar da Delphi. Eles prometeram interruptores modificados.”
DeGiorgio chegou a referir à peça num e-mail de 2002 como “o interruptor do inferno.”
Sem entrevistas
DeGiorgio recusou pedidos de entrevista desde que seu nome se tornou público na primavera passada, após as entradas de processos de abril de 2013 contra a GM terem-no identificado com o engenheiro de projeto responsável pelo interruptor. Sob juramento, DeGiorgio disse que “absolutamente” nunca soube ou autorizou a mudança na peça em 2006.
Durante as audiência investigativas no Congresso na primavera passada, os parlamentares acusaram DeGiorgio de estar mentindo. Barra testemunhou que ela também acreditava que DeGiorgio havia mentido.
Até agora, nem DeGiorgio, nem qualquer pessoa na GM, foi indiciado de acusações criminais.
Após meses de audiências no Congresso, ações e publicidade negativa, a GM concordou em indenizar as vítimas dos interruptores de ignição defeituosos, ou suas famílias, com um fundo administrado pelo advogado Ken Feinberg, conhecido nacionalmente pelo seu trabalho de indenização a vítimas de desastres como os ataques terroristas de 11 d setembro e o derramamento de petróleo da BP em Deepwater Horizon.
O fundo, até a outra sexta-feira, recebeu 202 pedidos por morte e 1.643 por lesões. Desses, 32 pedidos de morte e 35 de lesões já foram aprovados pelo escritório de Feinberg. O litígio segue pendentes em várias frentes nas cortes federais. (Automotive News Daily)
Ae.BS