Quem conhece automóvel, sabe: qualquer hipotética relação de qualidade forçosamente inclui a Subaru nas primeiras linhas. Marca pouco divulgada, é de amplo agrado a seus usuários, seja por projeto com motor dianteiro de quatro ou seis cilindros, gasolina ou diesel, turbo ou não, cilindros opostos, com o virabrequim na mesma altura do eixo de transmissão, invejável equilíbrio e estabilidade, pouco gasto de pneus. Faz sucesso em mercados onde se exige confiabilidade em situações extremadas, como o gelo nas estradas e ruas canadenses, nos desertos australiano e chileno, seus mercados referenciais.
No Brasil a marca veio ao início dos anos ’90 trazido pela importadora dos Lada, e chegou à CAOA, representante de Hyundai importados. Mas gerida por humores, não decolava. Novo presidente, o eng. Antônio Maciel Neto, convidou Flávio Padovan, ex-diretor da Ford, ex-vice-presidente comercial da VW, e ex-presidente da Jaguar Land Rover, para ser diretor geral da marca.
Surpresa do mercado, Padovan aceitou o desafio, negócio pequeno ante sua experiência, mas apoio e visão deram nova cara à operação: ampliou-se de 12 para 20 lojas, a de produtos a 7 para ampliar leque de clientes. Em 2015 cresceu 55% nas vendas entre janeiro e novembro.
Mais
Estilo pouco arejado era problema dos Subaru, exceto por projeto ao final dos anos ’80 por Giorgetto Giugiaro, esportivo estradeiro sobre o station wagon Outback. Não era esportivo, mas um cupê 2+2 com estilo e os marcantes vidros de motorista e passageiro formados por duas partes (janela-na-janela). É o SVX, 3,3 litros, 245 cv, câmbio automático de 4 marchas, tração integral, 0 a 100 km/h em 7 s, final de 248 km/h, rápido, confortável, importados apenas 50 unidades.
Há anos cooptou o número dois da equipe de Walter De Silva na Fiat e no projeto de Alfas 145, 146 e 166. Andreas Zapatinas, grego formado na Califórnia, na Subaru traçou parâmetros, assinatura estética e filosofia da linha. Saiu, substituído por Osamu Namba, mas os conceitos gerais se mantém, tornando produtos mais atrativos.
Novos
A CAOA trouxe a sexta geração do sedã Legacy e do station wagon Outback. Novos produtos, nova plataforma, entreeixos ampliado a 2,75 m, mais 4,1 cm no comprimento e 1,5 em altura. Aos olhos brasileiros, com 4,79m de comprimento o Legacy é considerado grande — para comparar é um palmo maior que o novo Ford Focus Fastback. Espaço bem aproveitado, confortável ao uso nas duas fileiras de bancos, visual com elegante linha lateral sugerindo um cupê. Faróis com projetores em LEDs, rodas leves em 18”, e na traseira outra moda, as saídas de escapamento opostas.
Mecânica comum aos dois: motor boxer seis cilindros opostos 3 a 3, 3,6 litros de cilindrada, 24 válvulas, 256 cv e 35,7 m·kgf de torque. Configuração permite colocá-lo em posição baixa, uma das bases para o excelente comportamento, oferecendo muita estabilidade. Câmbio automático tipo polias variáveis, com sete marchas definidas, chamada pela Subaru de Lineartronic, alusão à distribuição de torque pelas quatro rodas, e capacidade de regulagem de motor, suspensões e direção em três padrões diferentes — Intelligent, Sport e Sport Sharp. Ou seja conforto econômico; rendimento esportivo; radicalidades. Outro auxílio eletrônico, o Active Torque Vectoring, vetoração de torque ativo, controle eletrônico de estabilidade acionando freios na roda interna à curva para permitir melhor controle. Automóvel completo — sete almofadas de ar, controles de estabilidade e tração, bancos em couro com os dianteiros reguláveis eletricamente, câmera de ré, teto solar.
No Outback, de plataforma igual, mecânica e conteúdo também o seguem. A Subaru o descreve com classificação própria, um curioso CrosSuv, cruza de Crossover com SUV, utilitário esportivo. Mantém o bom espaço interno, a mesma dotação de equipamentos, e tem tentativas formulações a uso especial. São a maior altura do solo — 21,3 cm — favorecendo melhores ângulos de entrada e saída em terrenos irregulares, e dotação eletrônica dita X-mode na transmissão, e o sistema de freio eletrônico para descidas muito inclinadas, além de controlador de velocidade reduzida para trechos muito irregulares. Mesmas rodas com aro de 18 polegadas e pneus de uso misto.
Vêm completos, sem opcionais.
Em uso
Considere o leitor as impressões sobre o Legacy, pois o trecho utilizado foi em ruas paulistanas, avenidas Marginais e rodovia pedagiada, esta de condições quase européias. O Outback foi aplicado à mesma situação. São agradáveis, confortáveis, silenciosos, inerente transmissão de segurança — uma das boas características da marca. Apesar das condições do trecho utilizado, há desnecessários ruídos de protesto das suspensões, indicadoras de não terem recebido tratamento adequado ao uso de rallye urbano, oferecido por nossas ruas e estradas. Na prática um excesso de confiança à competente construção do automóvel e do CrosSuv. Ou seja, não foram adequados ao país, acreditando na boa constituição para suportar nossas mazelas.
Custam, Legacy R$ 152.900 e Outback R$ 159.900; garantia de 5 anos.
RODA-A-RODA
Meio termo – Mercedes passa a vender um misto quente, o C 450 AMG 4Matic. Mescla carroceria C com motor 3,0 V6 biturbo e 367 cv de potência, tração integral para melhor dirigibilidade e segurança no acelerar de 0 a 100 km/h em 4,9 s. Preparação AMG.
Na prática – Caixa automática de 7 marchas, mudanças extra-rápidas. É confortável sedã em versão de comportamento esportivo, rico em conteúdo de mecânica, eletrônica e infodivertimento. A R$ 309.900. Degrau superior, o C 63 arranha os R$ 700 mil.
Fim – Fim triste de referência em estilo e de era da indústria automobilística: a mítica e quase secular Pininfarina (1930) será assumida pela indiana Mahindra & Mahindra. Ex-empresa grande, construindo suas criações, deu prejuízo em 10 dos últimos 11 anos, e sobrevivia como escritório de design.
Negócio – 185M euros por 76% das ações, dispondo-se a comprar os demais. Indianos se espraiam: adquiriram a coreana Ssangyong e o negócio de ciclomotores Peugeot. É o fim da era das carrocerias personalizadas, determinado pela globalização, insana luta pela sobrevivência no mercado de automóveis.
Global – Jaguar Land Rover, controlada pela indiana Tata, iniciou construir fábrica na Eslováquia: 150 mil unidades anuais, um terço da atual capacidade industrial da companhia. Quer participar do mercado mundial.
Onde – País cresce como base produtora. Lá VW faz Touareg e Audi Q7; Kia mais de 300 mil unidades/ano; PSA Peugeot Citroën 255 mil anuais. Tem boa estrutura logística e de fornecedores.
Aqui – No Brasil constrói pequena unidade em Itatiaia, RJ, para 17 mil/ano.
Padrão – Porsche acrescentou aos Boxster e Cayman — ambos com motor entre eixos — o prefixo 718. Número indica plataforma vencedora em corridas, derivada da 550, a primeira entre eixos traseira e motor boxer de 4 cilindros.
BMW X1 – Pré-lista de inscrições para comprar o BMW X1, com montagem em janeiro nas instalações de Araquari, SC. É SAV — Sport Activity Vehicle —, com jeito de valente, mas limitado à tração nas rodas traseiras. Terá versões sDrive 20i, X-Line. Exceção é o xDrive25i Sport, com tração integral.
Como – Dois primeiros com motor 2,0 turbo, 192 cv, 28,5 m·kgf de torque. No 25i, respectivos 231 cv e 35,5 m·kgf. Em todos, câmbio automático de 8 marchas. Preços, R$ 166.950; 179.950; e 199.950.
Dezembro – Mercedes-Benz liderou mercado Premium até novembro com 15.620 unidades, por renovar linha e ampliar rede de concessionários. Neste mês grande disputa entre Audi, BMW e Mercedes para fechar em liderança.
Exemplo – BMW, tentando voltar ser líder após cair à terceira posição — e motivar mudança de presidente —, passou estoque do modelo 320 GT à Localiza.
É agora – A fim de importado 0-km ? A hora é agora. Os importadores, em especial Audi, BMW e Mercedes praticam preços com valor antigo para o dólar. Em janeiro BMW subirá mais de 20% no 320i Sport, e Mercedes entre 6 a 10%. Assim, querendo, decida-se enquanto há estoque a preço histórico.
Por exemplo – Audi lançou o A3 sedan nacional, motores 1,4 e 2,0, mas liquida o estoque antigo, ainda importado, hoje mais barato que o nacional.
Ponto de vista – Coluna estranhou em edição anterior a defesa pessoal da presidente Dilma frente ao Tribunal de Contas da União, pelo Advogado Geral da União. O processo não é contra o país, mas contra a presidente.
Óptica – O objeto da recusa das contas, ditas Pedaladas, não são de iniciativa da União, mas da ocupante da Presidência. Assim, sua defesa deveria ser feita por advogado privado, por ela contratado, enquanto o Advogado Geral da União deveria estar em posição contrária, a favor da União e de nós contribuintes. O PSDB questionará em Juízo tal procedimento.
Prêmios – Fim de ano, muitos júris indicam melhores veículos em seus segmentos. Apenas dois organizados por jornalistas do ramo: o Abiauto, da associação destes profissionais, e o recente e bem estruturado Carsughi L’Auto Preferita, liderado por um decano da atividade, o italiano Claudio Carsughi.
Abiauto – 51 associados da entidade elegeram o Volkswagen up! TSI Melhor Carro 2015 e Melhor Compacto; Peugeot 2008 Melhor Minivan/ Monovolume; Jeep Renegade Melhor Utilitário Esportivo; Renault Oroch Melhor Picape, e Audi com Melhor Importado com Audi TT, e Melhor Nacional com A3 Sedan.
L’Auto – Júri formado por 19 profissionais de destaque, liderados pelo próprio Carsughi, indicou VW up! TSi Carro 1,0; Audi A3 sedan; Carro entre 1,3 e 1,6; Renault Sandero R.S. Carro com motor 1,8 a 2,0; Subaru WRX STI, acima de 2,0.
Mais – Audi TT Carro Luxo/Premium; Jeep Renegade como SUV/Crossover pequeno; Honda HR-V SUV/Crossover médio; Ford Edge SUV/Crossover grande.
Picape pequeno foi Renault Duster Oroch e médio, Toyota Hilux. Prêmio socioambiental, o Parque Eólico Honda.
O cara – Mais premiado nos diversos certames, o up! em versão turbo, a TSi.
Furou – Presidente eleito da Argentina Maurício Macri desejou ser conduzido em sua posse pelo Cadillac 1952 conversível, doado pela General Motors ao governo Juan Domingo Perón, presidente à época. Não deu. A equipe em final de governo de Cristina Kirchner, negou. Desfilou em VW Touareg conversível.
DNA – Justiça de Mar Del Plata, Argentina, confirmou Oscar Cacho Espinosa filho do penta campeão mundial Juan Manuel Fangio, produto da longa relação com Andrea Berruet, a Beba. Não foi surpresa, Cacho sempre integrou os times de Fangio e utilizava o sobrenome.
Retifica RN – Coluna com notícia sobre o lançamento do multiutilitário Mercedes Vito não esclareceu ser a versão passageiros, com motor gasolina 2,0, dotado de tração traseira. Aplicação de transporte, com motor 1,6 diesel — produzido pela aliança Renault-Nissan — emprega tração frontal.
Mais – O pedido ultrapassou o de Rubén Vázquez, com a mesma postulação.
Fim – Táxi mais longevo em serviço em cidade grande, VW 1600 sedã de 1969 será proibido de prestar tal serviço. Funciona, desde 0-km com o proprietário Edson Monteiro de Araújo, mas a Prefeitura de Niterói, RJ, limitou em 8 anos a idade máxima dos veículos em tal serviço.
Serviço – Deveriam criar exceção para serviços turísticos, como há no exterior para os antigos táxis ingleses e as carruagens. O Zé do Caixão, como então chamado, desde quando lançado, integra a paisagem e é atração turística.
Fórmula 1 – Pirelli quantificou o uso de seus pneus na Fórmula 1: 35.964, sendo 6.108 para testes; restantes slick e para chuva ou intermediários. Todos foram reciclados. No folclore da temporada, o chef do team Pirelli cozinhou 800 kg de macarrão — coisa para umas 6.500 pessoas.
Mercado – O grande processo de valorização dos veículos antigos, puxado pelos EUA, deve arrefecer — ou cair. Razão econômica externa: a correção dos juros mínimos anuais pelo FED, banco central estadunidense.
Razão – Desde a crise de 2008 o percentual dos juros foi congelado em zero a/a, fomentando a procura por outros investimentos. Investidores migraram dos insossos depósitos bancários para aplicações tridimensionais, móveis, e com emoção, como os automóveis antigos.
Gente – Virginie de Chassey, 47, comunicóloga, ascensão: diretora mundial de relações públicas da PSA Peugeot Citroën. OOOO Está na companhia desde 2004, trabalhou no setor e na gestão de qualidade. OOOO
VW up! TSI, nacional mais premiado
Balanço feito pela Volkswagen dentre os múltiplos júris apreciando veículos nacionais e estrangeiros à venda no mercado doméstico, o up! TSI e seu motor turboalimentado é o mais premiado do ano.
Na prática foram 10 premiações nos cinco meses decorridos desde o lançamento em julho, e láureas adicionais como Compra do Ano pela revista Motorshow; Melhor Compacto e Carro Abiauto 2015; Melhor Nacional até R$ 60.990 pelo Top Car TV; Melhor Automóvel de passeio 1,0 pelo novato L’ Auto Preferita; Lançamento do Ano de acordo com a revista Carro; mais premiado no Ten Best 2016 pela revista Car and Driver; Melhor Carro Compacto segundo a Car Magazine.
Melhor formulação como carro de entrada no mercado, o up! enfrentou dificuldades e vendas desproporcionais em relação ao seu projeto e aplicação por conta do preço mais elevado que os concorrentes de formulação antiga, e pelo motor com três cilindros. O desenvolvimento do motor para o uso do turboalimentador elevou seu conceito, com rendimento de veículo com cilindrada bem maior e consumo menor. Como disse a Coluna De Carro por Aí, “1,0, rendimento de 1,8, consumo de 0,9”. O projeto comercial bem se casou com o aprimoramento. A VW evitou tratá-lo com desempenho esportivo, e por isto não empregou as siglas RS e TS, ou a palavra turbo, indicativas de perfil operacional mais esportivo, optando pela sigla TSI, e não empregou o motor apenas em destacada versão de topo. Ao contrário, é um pacote a ser aplicado nas versões posteriores à básica, tentativa de atingir maior clientela.
A história do up! no Brasil é AT e DT.
RN
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