Na semana passada a Universidade de Michigan revelou um estudo a respeito de biocombustíveis. Tidos como menos prejudiciais ao meio ambiente, os renováveis — como o álcool que faz parte da nossa matriz energética — não o são.
Analisando todo o ciclo de produção dos combustíveis de diferentes tipos, sabe-se que a gasolina ao ser queimada emite gases, e que sua extração, refino e transporte também se somam e devem ser levados em conta para o cálculo da já famosa expressão “pegada de carbono”, ou seja, o rastro de poluição que vai sendo deixado ao longo desse processo.
Nos biocombustíveis, assume-se que não há emissões de escapamento prejudiciais, e que o pouco que existe é compensado pelo carbono sequestrado quando a cana de açúcar ou o milho — principal matéria-prima para o álcool americano — cresce no campo. O que a Universidade de Michigan descobriu, através do seu Instituto de Energia, é que isso está errado. O professor John DeCicco fez a descoberta há quatro anos, e diz que para se ter certeza do impacto, é necessário analisar e medir também o que acontece nas fazendas de produção de biocombustível, algo que não havia sido feito antes desse estudo.
Usando dados do Departamento de Agricultura dos EUA, ele chegou à conclusão de que a compensação (off-set) chega a apenas 37%, ao contrário do que ambientalistas tentam fazer crer, com a ilusão de que toda a produção de álcool em nada prejudica a atmosfera.
Claro que há controvérsias, já que a pesquisa foi custeada pelo Instituto Americano do Petróleo (API), mesmo que todo o trabalho tenha sido discutido e revisto com outros pesquisadores do assunto, trabalhando em outras universidades, empresas e órgãos do governo, como é hábito em pesquisas científicas. DeCicco diz que o API foi o único órgão interessado em custar os estudos, após o pedido de patrocínio amplo e público.
Para tornar o assunto ainda mais polêmico, DeCicco informou que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) não emite nenhum estudo sobre a qualidade do ar nos locais onde os biocombustíveis são mais usados há seis anos, mesmo que as normas que regem os padrões e usos de biocombustíveis — o Renewable Fuel Standard — exija que números devem ser divulgados a cada três anos. O Inspetor-Geral da EPA admitiu que não há um método definido que mostre com certeza o que acontece com o ar após o impacto dos biocombustíveis.
JJ