Como em algumas histórias dos Irmãos Grimm, tudo começou numa cidadezinha alemã, no caso uma chamada Bad Camberg. Era o dia 18 de junho de 2015 e eu chegava ao hotel para fazer o check-in. Os dias que se seguiriam seriam muito importantes para mim, eu iria realizar um grande sonho: comemorar os 20 anos do Dia Mundial do Fusca, data que tinha começado a ser gestada há 24 anos antes naquela mesma cidade. Lá eu ia palestrar ante uma seleta plateia de fuscamaníacos dos cinco continentes.E as surpresas começaram logo ali no pátio do hotel. Eu nem tinha descarregado as malas, quando um jovem se aproximou e se apresentou: “Sou o Ighor Tódt, já tínhamos falado por telefone.” Naquele tempo ele morava em Portugal e tinha ido à Alemanha para participar do evento.

A empatia foi imediata. Logo decidimos tirar uma foto na frente de um Fusca Veterano1 que estava estacionado com duas rodas sobre a calçada na frente do hotel, meticulosamente restaurado pelo colecionador Richard Haussmann, cuja coleção eu tinha visitado alguns dias antes2. Mal nos ajeitamos para a foto, o Richard veio correndo para aparecer na foto também, dizendo aos brados, “Este carro é meu!!!” Só que ele “foi pego no pulo” quando corria para aparecer ao nosso lado na foto acima.
O Ighor e sua esposa Nicole ficaram conosco até o fim do 10º Encontro Internacional de VW Veteranos de Bad Camberg. Também estava conosco o casal Luiz e Isabela Kessler, fechando a turma de brasileiros que curtiu este evento.

Contei esta passagem para corroborar que o Ighor é um expert em eventos especiais de VW Veteranos, como são os encontros de Bad Camberg e de Hessisch Oldendorf, cuja edição de 2017 foi motivo de uma matéria3 que escrevi com base nas fotos e relatos que ele me enviou de lá.
Contando com toda esta bagagem de conhecimento e de amor pelo Fusca de longa data o Ighor desenvolveu a ideia de fazer um evento semelhante ao de Bad Camberg, dedicado a Fuscas até 1966, ou seja até os que tinham o motor 1200. Esta ideia está em gestação para um futuro próximo.
Enquanto este evento não fica totalmente maduro para ser realizado o Ighor, que é da AutoVolks Brasil, e seus amigos de Ribeirão Preto, SP, em especial Marcello Ruggiero do Fusketeiros, decidiram realizar um evento que contaria com uma palestra minha sobre o Dia Mundial do Fusca. Sim, pois eles perceberam que a data e o seu lançamento eram motivo de curiosidade e até de dúvidas entre os fuscamaníacos locais. O nome do evento é 1º Käfer Treffen de Ribeirão Preto (Käfer é Fusca e Treffen é encontro, em alemão)
O Ighor então me convidou para dar a palestra, que aceitei imediatamente. A consolidação das agendas, em especial da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, em cujo excelente salão nobre a palestra seria dada, acabou definindo a data de 22 de julho de 2018, um domingo, exatamente um mês depois do Dia Mundial do Fusca propriamente dito, mas ainda dentro da validade para fazer com que tal comemoração permitisse a inclusão do evento no Mapa-Múndi deste evento.

Os contatos com a Câmara Municipal foram feitos através de ofício que foi aprovado sem restrições pelo vereador Igor Oliveira (PMDB-SP), seu atual presidente.
O programa do evento incluiu um “esquenta”, uma pré-reunião na tardinha do sábado véspera da palestra no local de encontro do clube Fuketeiros, um posto de combustíveis. Houve muitos papos, acertos para o dia seguinte e um clima excelente entre os presentes.

Por um fio
Na verdade, a minha participação neste evento esteve por um fio. Estava previsto que eu iria de avião — uma viagem mais confortável, mas a companhia aérea fez uma mudança de grade e o horário de partida foi atrasado em quase duas horas, fui avisado por um e-mail. O atraso inviabilizaria minha participação na pré-reunião do sábado, marcado para 16h00. Decidimos então cancelar o avião, eu iria de carro. Neste meio tempo as coisas na aviação de São Paulo complicaram muito com os problemas que ocorreram com o radar do Controle São Paulo, que atende os aeroportos paulistanos e o internacional, em Guarulhos. A confusão causou problemas até no sábado e é bem capaz que de avião eu não tivesse chegado a tempo nem para a palestra.

No domingo o pessoal da organização chegou cedinho à Câmara Municipal para receber os participantes. E os carros foram se acomodando no estacionamento.

Na tenda da organização do evento, Nicole Tódt, esposa do Igor, atendeu a todos com muita simpatia. Aliás, ela colaborou em muitas da atividades pré-evento e durante o mesmo.
Algumas fotos dos carros expostos podem ser vistas no álbum no Flickr.
Logo que cheguei fui equalizar o equipamento e fazer uma passagem do som. Tudo correu muito bem, estávamos prontos para a palestra.


No início da palestra o presidente da Câmara de Vereadores deu as boas-vindas em nome da Casa e também me passou uma placa de agradecimento oferecida pelo AutoVolks Brasil e Os Fusketeiros


Iniciando a palestras, os organizadores do evento, Ighor Tódt e Marcello Ruggiero, disseram algumas palavras abrindo o evento:
A primeira parte da palestra transcorreu como planejado. A audiência foi conhecendo como foi que o Dia Mundial do Fusca acabou sendo criado, quais foram os seus pré-requisitos, o trabalho realizado para a definição da data tomando por base os critérios de partida de ser uma data de alta relevância histórica, e de ser comemorada numa época do ano que fosse viável no hemisfério norte.
O mote da primeira parte da palestra foi “Reencontrando os Lottermann”, na qual contei como era importante refazer o contato com a família Lottermann — que atualmente realiza os eventos de Bad Camberg — para poder ter ido à Alemanha para festejar os 20 anos do Dia Mundial do Fusca. E que um dos momentos importantes nessa viagem, realizada em 2015, foi a chegada à Bad Camberg no dia 18 de junho à tardinha. Este momento foi ressaltado nesta parte da palestra:
Na descrição das atividades preparatórias para essa viagem à Alemanha falei sobre o projeto da camisa do evento. Neste momento mostrei que me vesti para a palestra em Ribeirão Preto da mesma forma que eu tinha feito na palestra de Bad Camberg, para dar o mesmo clima da palestra original:

Antes de começar a segunda parte, que foi a apresentação da palestra que tinha sido dada no dia 20 de junho de 2015 em Bad Camberg na Alemanha, ocasião na qual eu festejei os 20 anos do Dia Mundial do Fusca que passei do inglês para o português, houve um intervalo para café no saguão do salão nobre.

A segunda parte da palestra conseguiu reproduzir a emoção que tinha ocorrido em Bad Camberg, em especial no que se refere à homenagem póstuma ao criador dos eventos de Bad Camberg, o saudoso grande colecionador Heinz Willi Lottermann. Alguns detalhes que já tinham sido apresentados na primeira parte serviram para consolidar as ideias em torno desta data comemorativa.
A audiência mostrou que gostou da palestra através de um prolongado aplauso, que foi um dos momentos de emoção deste trabalho todo de preparar a primeira parte com vistas a explicar como o Dia Mundial do Fusca surgiu; depois traduzir a segunda parte para o português e acrescentar maiores detalhes sobre o trabalho de comunicação com clubes de vários países do mundo através do boletim interno do Fusca Clube do Brasil, o “A Bananinha”, sem esquecer a indumentária de Bad Camberg reproduzida em Ribeirão Preto.


No fim da palestra foi aberta a possibilidade de perguntas por parte da audiência:

Terminada a palestra, e não tendo mais perguntas da audiência, seguiu-se a entrega dos “Troféus Alexander Gromow” em três categorias:



Também foram sorteados prêmios para a assistência, através de uma moderna roleta eletrônica que aparecia no telão da Câmara Municipal:
Todos os participantes ganharam um Certificado de Participação com a minha assinatura, e a fila foi grande:

Aqueles que receberam livros ganharam autógrafos e os demais receberam certificados, tiraram fotos e bateram um rápido papo, momentos de alegria.
Uma das sequências típicas na assinatura e entrega dos certificados de participação, a assinatura do certificado, a foto de recordação na entrega do mesmo. Neste exemplo Fabio Olympio Reyes Muniz recebe o seu certificado:
Maia algumas fotos da entrega de certificados e autógrafos, uma homenagem aos participantes:
Finalizo o relato sobre este evento com a foto abaixo, na qual eu destaco o Mateus Ruggiero, terceiro da esquerda, que veio do Rio de Janeiro, onde trabalha no Projac da TV Globo, com seu Fusca, mas que não pôde ganhar o prêmio de ter vindo mais longe por ser da equipe de organização. Ele é expert em sonoplastia e colaborou no ajuste dos equipamentos áudio visuais empregados nesta palestra.

Ninguém é de ferro:
No domingo à noite fomos até o belo centro histórico de Ribeirão Preto, onde tomamos os famosos chopes da nacionalmente conhecida Cervejaria Pinguim, com sua cerveja muito boa, suas comidinhas excelentes e suas lendas famosas (como aquela de uma tubulação levando cerveja diretamente da fábrica da Antártica que ficava umas quadras distante para a Cervejaria Pinguim). Provei do chope claro e do escuro, e ainda ficou coisa para provar numa próxima oportunidade.
Abaixo algumas fotos desta deliciosa noitada:
Notas de rodapé:
(1) – Era um Fusca standard tipo 11, de agosto de 1946, que foi fornecido em 28 de agosto de 1948, com a fábrica sob a condução das Forças de Ocupação Inglesas, para as Forças de Ocupação Francesas.
(2) – Detalhes sobre alguns dos carros do Richard Haussmann na matéria FUSCAS VETERANOS , em 3 partes.
(3) – A matéria Sobre o encontro de 2017 de Hessisch Oldendorf foi dividida em 4 partes e a partir da primeira parte é possível se navegar pelas demais através dos links no fim de cada parte da matéria.
AG
Registro aqui o meu agradecimento a Igor Tóth e ao pessoal do Fusketeiros, em especial ao Marcello Ruggiero, pela oportunidade de dar esta palestra em Ribeirão Preto. Foi importante poder dar esclarecimentos sobre o Dia Mundial do Fusca e dirimir as dúvidas que existiam sobre este assunto. Espero que os projetos futuros do AutoVolks Brasil e dos Fusketeiros prosperem e que as ideias se tornem realidade – desejo sucesso a todos.
Eu gostaria de fazer um destaque para Igor Oliveira o atual Presidente da Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto, que teve a visão para liberar o excelente espaço da Câmara Municipal para a realização deste evento cultural. Com isto se abre um espaço que pode reverter em atividades em prol da comunidade local.
A autoria das fotos está indicada nas legendas ou através da marca d’água “AREIA BELLEZA” – que indica as fotos feitas por Tiago Areia.
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