A FCA comemorou ontem (17) a inauguração de seu Safety Center em Betim, MG fazendo o crash test de um Fiat Toro. Não deixa de ser estranha uma comemoração que termina com um acidente, mas é exatamente esse o objetivo do centro de segurança mineiro: medir na prática os danos (e principalmente a proteção para os ocupantes) em colisões. No caso, foi uma batida frontal contra barreira fixa, com a Toro vindo a 48,3 km/h (30 milhas por hora, padrão americano).
Parece pouca velocidade, mas é uma pancada de respeito, uma vez que é contra uma barreira indeformável. E, para quem é entusiasta não deixa de ser dolorido ver um carro novinho encarar um bloco de concreto desta forma. Os dummies — manequins de teste, um termo que também pode ser traduzido por “idiotas” — passam bem após a pancada.
Porém, hoje diminuiu bastante a necessidade do crash test real já que, antes desta confirmação final de validação de resultados são feitos dezenas de crashes virtuais com simulação em computadores. Segundo Silvio Piancastelli, gerente de Conceito de Engenharia da Fiat, estes testes em computadores dão um visão prévia bastante apurada do que vai ocorrer na prática.
Mesmo assim, o crash test real continua bastante necessário para a validação final de um projeto, assim como aperfeiçoamentos de carros já em produção. Assim se tem uma análise completa de proteção dos ocupantes e também um levantamento de custos de reparação, item importante para companhias seguradoras.
Após os testes do fabricante, institutos independentes refazem o crash test para revalidação dos resultados.
O novo Safety Center tem pista de 130 m de extensão em área de 7,6 mil metros quadrados e teve um investimento de R$ 40 milhões. Cada teste, segundo Piancastelli, custa entre R$ 200 mil e R$ 500 mil, dependendo do modelo avaliado. Carros em linha de produção são os mais baratos, enquanto protótipos em desenvolvimento são os mais caros.
No Centro trabalham 50 técnicos e engenheiros, a maioria treinados no exterior. Agora a unidade de Betim da FCA tem autonomia total, do desenvolvimento conceitual de um novo produto até sua validação final, passando pelo projeto e desenvolvimento. Antes, estes testes de colisão tinham de ser feitos em Detroit, EUA, ou Turim, Itália, com custos e prazos muito maiores.
Como curiosidade, apesar de ter visto vários crash tests, este foi o primeiro laboratório no qual observei o final da pista, na área de colisão, com o chão em vidro. Assim, o teste pode ser registrado também por baixo, complementando a visão total dos efeitos do choque no veículo.
As câmeras especiais em alta definição gravam1.940 quadros por segundo, o que permite observação total da deformação sofrida em cada componente, assim como a abertura das bolsas infláveis.
Com o Safety Center, a Fiat/FCA passa a ter uma das maiores unidades de engenharia automobilística no Brasil — senão a maior — com cerca de 2.000 técnicos e engenheiros, com total autonomia para produzir novos projetos no País sem depender de unidades no exterior.
Assista ao vídeo:
JS