É comum hoje em dia a utilização de carros de aluguel por aplicativo. No mercado, várias empresas se especializaram na prestação desse tipo de serviço: o cliente pede o carro através do aplicativo no celular, sua localização é indicada e ele diz para onde quer ir. O próprio sistema calcula a distância do ponto onde está o cliente até onde ele quer ir, e baseado em uma tarifa, dando assim o preço da corrida. Esse mesmo sistema verifica qual motorista está mais próximo e o leva ao cliente. Tudo bem rápido, fácil, sem burocracias e de maneira bem eficiente.
Claro que essa nova modalidade de transporte por aplicativo praticamente derrubou o táxi, que exigia que o passageiro ficasse na rua esperando a passagem de um carro desocupado, ou o cliente telefonava para um ponto onde pedia um táxi. Um sistema mais demorado, mais caro e cheio de burocracias, e que em muitas oportunidades obrigava o usuário a ficar à deriva esperando o próximo motorista passar.
O fato é que essa nova modalidade de transporte é muito mais dinâmica e rápida no atendimento ao usuário. E, além disso, devido ao baixíssimo preço, o serviço conquistou clientes não só no mundo inteiro, mas também no Brasil. Graças a isso, tenho a certeza de que você já ouviu muitos amigos e conhecidos falando que vão vender seus carros, afinal o usuário de Uber e afins não se preocupa com IPVA, seguro, estacionamento, manutenção, combustível e outras preocupações que um carro próprio causa.
A indústria automobilística também já percebeu essa migração de uma parte de seus consumidores para o transporte por aplicativo, e por isso começa a tomar as devidas providências. Um assunto interessante que ouvi de um amigo economista ligado à indústria automobilística é que já existem movimentos internos da indústria que passariam a produzir carros especificamente para serem utilizados nesse tipo de serviço. O interessante é que esses carros seriam muito mais resistentes e duráveis que os outros vendidos ao grande público, e poderiam ser “refabricados”.
Explico: um carro “refabricado” é aquele que depois de rodar por um certo período ou quilometragem, por exemplo, 3 anos ou 100 mil km, voltaria a uma linha de produção onde seria desmontado e refeito com peças novas, onde o desgaste é vital e mais acentuado. Na ponta dessa linha de produção, o carro sairia novamente 0-km e voltaria a rodar no transporte por aplicativos, uma longa jornada de 250/300 km e 12 horas por dia. Por esse trabalho árduo e massacrante é que se justificariam carros mais resistentes, tanto na mecânica quanto no interior (tapeçaria, bancos, volante, botões, pedais, etc.). O entra e sai de pessoas e o peso do motorista 12 horas seguidas sobre o banco exige uma forração mais resistente e fácil de limpar, por exemplo. Um carro de uso familiar praticamente nunca é tão exigido assim.
Esses tais carros remanufaturados seriam destinados principalmente às locadoras, que cuidariam de sua manutenção e repassariam para os motoristas. Claro que os ciclos de vida desses carros seriam limitados (fabricado por três vezes, por exemplo), e após disso o carro seria sucateado. E, é claro que toda a matéria-prima empregada na sua fabricação poderia ser reciclada: os pneus, por exemplo, remoldados (nesse caso pela própria indústria de pneus, que reaproveitaria apenas a carcaça básica e vulcanizaria uma nova banda de rodagem e laterais, como a indústria de pequeno porte faz hoje com a carcaça de pneus desgastados), e demais peças plásticas poderiam ser derretidas, tendo sua matéria-prima reaproveitada.
É importante lembrar também que todo o planeta se beneficiará dessa remanufatura, uma vez que a utilização de materiais reciclados fará com que a indústria recicle tudo que já foi usado para a fabricação dos novos componentes. Nos bastidores, a indústria automobilística já trabalha nesses projetos de carros mais duráveis e de menos manutenção para serem disponibilizados para as locadoras, que cederiam para os motoristas rodarem até o momento da tal re-fabricação. Nesse novo conceito, os principais beneficiados serão o planeta, toda a indústria automobilística, as locadoras, os motoristas, e o usuário final. Uma solução interessante para o futuro incerto do novo automóvel do século 21.
DM
A coluna “Perfume de carro” e de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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